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  1. <?xml version='1.0' encoding='UTF-8'?><rss xmlns:atom="http://www.w3.org/2005/Atom" xmlns:openSearch="http://a9.com/-/spec/opensearchrss/1.0/" xmlns:blogger="http://schemas.google.com/blogger/2008" xmlns:georss="http://www.georss.org/georss" xmlns:gd="http://schemas.google.com/g/2005" xmlns:thr="http://purl.org/syndication/thread/1.0" version="2.0"><channel><atom:id>tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281</atom:id><lastBuildDate>Thu, 18 Apr 2019 14:39:35 +0000</lastBuildDate><title>Lendas Artes e Literatura Góticas</title><description>Blog destinado a estudar e divulgar as lendas, as artes e a literatura góticas desenvolvidas, principalmente, até o século IXX, no Brasil e em países estrangeiros. </description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/</link><managingEditor>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</managingEditor><generator>Blogger</generator><openSearch:totalResults>69</openSearch:totalResults><openSearch:startIndex>1</openSearch:startIndex><openSearch:itemsPerPage>25</openSearch:itemsPerPage><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-2555753563198619587</guid><pubDate>Thu, 21 Apr 2016 14:06:00 +0000</pubDate><atom:updated>2016-04-21T11:09:51.501-03:00</atom:updated><title>O Rei e suas três Filhas – conto de Horace Walpolle</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;https://3.bp.blogspot.com/-6DNRrGuvbX8/Vxjb_d60mkI/AAAAAAAAItI/ZJMQ3bY5O7EE7BfnefjVxEyjfjlmj9WYQCLcB/s1600/fausto%2BI.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;192&quot; src=&quot;https://3.bp.blogspot.com/-6DNRrGuvbX8/Vxjb_d60mkI/AAAAAAAAItI/ZJMQ3bY5O7EE7BfnefjVxEyjfjlmj9WYQCLcB/s200/fausto%2BI.jpg&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Havia outrora um rei que tinha três filhas – ou melhor, ele teria três, se tivesse tido mais uma; porém, por um motivo ou por outro, a mais velha nunca havia nascido. Ela era extremamente bela, muito inteligente e falava francês com perfeição, como afirmam os autores daquele período, ainda que nenhum deles pudesse nem ao menos fingir que ela tivesse jamais existido. O que se sabe com certeza é que as outras duas princesas estavam bem longe de serem&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;belas; a segunda tinha um forte sotaque de Yorkshire e a mais nova tinha péssimos dentes e uma perna só, o que fazia com que ela dançasse muito mal.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como não era provável que o monarca viesse a ter outros filhos, já que tinha oitenta e sete anos, dois meses e treze dias de idade quando a rainha morreu, os súditos estavam muito ansiosos para que as princesas se casassem. Havia, no entanto, um grande obstáculo para que isso acontecesse, ainda que fosse muito importante para a paz do reino. O rei insistia que a filha mais velha deveria se casar primeiro, e como tal pessoa não existia, era muito difícil arranjar um marido apropriado para ela. Todos os cortesãos aprovavam a resolução de sua majestade; porém, como mesmo entre os melhores príncipes sempre há um grande número de descontentes, a nação estava dividida em diferentes facções. Os queixosos ou patriotas insistiam que a segunda princesa era a mais velha, e que deveria ser declarada a herdeira aparente do trono. Muitos panfletos eram escritos contra ou a favor, porém o partido ministerial deu a entender que o argumento do chanceler era irrefutável: este afirmava que a segunda princesa não poderia ser a mais velha, já que nenhuma princesa real jamais possuíra sotaque de Yorkshire. Umas poucas pessoas que apoiavam a princesa mais nova tentavam defender seu pleito ao argumentar que as pretensões da jovem alteza à coroa seriam as mais justas, pois como não havia uma princesa mais velha, e como a segunda deveria ser a primeira – já que não havia primeira – e, como ela não poderia ser a segunda se era a primeira, e como o chanceler havia provado que ela não poderia ser a primeira, ficava extremamente claro aos olhos da lei que ela não poderia ser alguém de maneira alguma; e que, portanto, a consequência lógica que se segue – é óbvio – é que a mais nova deveria ser a primogênita, já que não havia outra irmã mais velha.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Incontáveis animosidades e intrigas se originaram desses diferentes títulos; e cada facção buscava se fortalecer através de alianças com estrangeiros. O partido da corte, não fazendo objeção às conexões, era o mais conectado de todos, e explicava seu apego às ligações pela ausência de alicerces em seus princípios. O clero em geral era devotado à primeira filha. Os médicos abraçaram a causa da segunda e os advogados apoiaram a terceira, ou seja, a facção da princesa mais nova, porque parecia a mais apropriada para justificar litígios duvidosos e infindáveis.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Enquanto a nação mergulhava nessa situação perturbadora, lá chegou o príncipe de Quifferiquimini, que teria sido o mais perfeito herói daquela época se não estivesse morto, não falasse qualquer língua senão o egípcio e não tivesse três pernas. Não obstante esses defeitos, os olhos da nação inteira imediatamente se voltaram para ele, e todos os partidos desejaram vê-lo casado com a princesa cuja causa eles advogavam.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O velho rei recepcionou-o com todas as mais insignes honrarias; o senado homenageou-o com os mais insinceros discursos; as princesas ficaram tão encantadas com ele que se tornaram adversárias ainda mais ferozes; as damas da corte e os cozinheiros inventaram mais de mil novas modas inspiradas no príncipe – tudo deveria ser feito à la Quifferiquimini. Tanto homens quanto mulheres abandonaram as maquiagens rosadas e adotaram o pó de talco para parecerem cadavéricos; suas roupas foram bordadas com hieróglifos e com os mais distorcidos caracteres que puderam descobrir nas antiguidades egípcias – e tiveram que se dar por satisfeitos com esses ideogramas, já que era impossível aprender uma língua que já estava perdida. E todas as mesas, cadeiras, bancos, armários e sofás passaram a ser feitos apenas com três pernas; os sofás, entretanto, logo saíram de moda por serem muito inconvenientes.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O príncipe que, desde a sua morte, possuía uma constituição fraca, ficou um pouco cansado com esse excesso de atenções, e muitas vezes desejava estar em casa, descansando em seu caixão. Porém, a maior de todas as dificuldades era se livrar da princesa mais jovem, que saltitava atrás dele onde quer que ele estivesse. Ela estava muito admirada de suas três pernas; com a modéstia de quem só tem uma, demonstrava grande interesse em saber como as três pernas do príncipe funcionavam. Por ser o homem mais bem-humorado do mundo, lhe doía muito o coração quando, num momento de irritação, ele acabava por dizer uma palavra rude.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando isso acontecia, ela desatava um pranto agoniado, que a deixava tão excessivamente feia que era ainda mais impossível para o príncipe ser gentil com ela. Ele não demonstrava uma inclinação maior pela segunda princesa; na verdade, foi a mais velha que conquistou suas afeições.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E tão violentamente sua paixão cresceu numa manhã de terça-feira que, abandonando todas as considerações prudentes – pois havia um sem número de razões que deveriam determinar sua escolha em favor de uma das outras irmãs – o príncipe procurou o velho rei, revelou sua paixão e pediu a mão da filha mais velha em casamento. Nada poderia se igualar à alegria do velho monarca, cujo único desejo era viver para ver a consagração dessa união. Atirando seus braços ao redor do esquelético pescoço do príncipe e molhando com mornas lágrimas suas faces encovadas, o rei concordou com o pedido e acrescentou que iria imediatamente abdicar de sua coroa em favor do príncipe e de sua filha favorita. Sou forçado por falta de espaço a deixar de lado muitas circunstâncias que iriam aumentar grandemente a beleza desta história, e peço desculpas por ainda aumentar a impaciência do leitor ao informá-lo que, não obstante a ansiedade do velho rei e o juvenil ardor do príncipe, as núpcias tiveram que ser adiadas. O arcebispo declarou que era fundamentalmente necessário que obtivessema permissão do papa, pois as partes possuíam laços de parentesco em grau proibido; uma mulher que nunca foi e um homem que tinha sido eram considerados primos de primeiro grau aos olhos das leis canônicas.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em seguida, surgiu uma nova dificuldade. A religião dos quifferiquiminianos era diametralmente oposta à crença dos papistas. Os primeiros não acreditavam em nada a não ser na graça; e eles possuíam sua própria autoridade eclesiástica, que acreditava ser o detentor de toda a graça existente e que, através da concessão dessa citada graça, poderia obrigar a ser tudo o que nunca tinha sido e poderia evitar que tudo que tinha sido pudesse tornar a ser.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Não temos nada a fazer, disse o príncipe ao rei, senão mandar um solene embaixador até o sumo sacerdote provedor da graça, com a oferenda de cem mil milhões de lingotes. Ele fará com que sua encantadora não-filha venha a ser, e suspenderá a minha morte anterior, e então não haverá necessidade de pedir a permissão daquele velho bobo de Roma.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Como? Oh, ímpio e ateísta saco de ossos! gritou o velho rei. Como ousa profanar nossa santa religião? Você não terá a minha filha, seu esqueleto de três pernas! Vá, se enterre e se dane, como merece; pois, como está morto, já não pode mais se redimir. Prefiro entregar minha filha a um babuíno, que tem uma perna a mais do que você, a uni-la a tão desprezível cadáver!&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- É melhor você casar sua infanta de uma perna com o babuíno, respondeu o príncipe, eles combinam mais. Mesmo sendo um cadáver, sou melhor do que nada; e quem mais aceitaria se casar com sua não-filha, senão um defunto? Em relação à minha religião, eu vivi e morri nela, e não tenho o poder de mudar isso agora – porém, de sua parte...&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nesse momento, uma gritaria interrompeu esse interessante diálogo. O capitão da guarda entrou correndo na saleta real para avisar o monarca que a segunda princesa, como vingança pelo desinteresse do príncipe, havia dado sua mão em casamento a um salineiro, que era deputado na câmara dos comuns, e que a cidade, em consideração ao enlace, os havia proclamado rei e rainha, permitindo que o antigo monarca mantivesse seu título até o final de sua vida, para a qual eles tinham fixado um prazo máximo de seis meses. A câmara havia decidido também – com o respeito devido à nobreza de seu nascimento – que o príncipe deveria ser imediatamente homenageado com um belo velório e um pomposo funeral.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A revolução fora tão súbita e tão generalizada que todas as partes a aprovaram, ou foram forçadas a aprová-la. O velho rei morreu no dia seguinte, como os cortesãos afirmaram, de alegria; o príncipe de Quifferiquimini foi sepultado, apesar de seu apelo às leis das nações unidas; e a princesa mais nova ficou tão desgostosa que foi trancafiada num manicômio, onde suplicava dia e noite por um noivo com três pernas.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;Referências bibliográficas e links&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;MULVEY-ROBERTS, Marie. (Ed.) The Handbook to Gothic. New York, NY University Press,&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;1998.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;WALPOLE, HORACE. Hieroglyphic Tales. Strawberry Hill. Printed by T. Kirgate, 1785.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;www.litgothic.com/Authors/walpole.html&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/walpole.htm&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;para ler Hieroglyphic Tales (em inglês):&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: x-small;&quot;&gt;www.online-literature.com/horace-walpole/hieroglyphic-tales/&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2016/04/o-rei-e-suas-tres-filhas-conto-de.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="https://3.bp.blogspot.com/-6DNRrGuvbX8/Vxjb_d60mkI/AAAAAAAAItI/ZJMQ3bY5O7EE7BfnefjVxEyjfjlmj9WYQCLcB/s72-c/fausto%2BI.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-8915194617173995678</guid><pubDate>Fri, 15 Apr 2016 12:46:00 +0000</pubDate><atom:updated>2016-04-15T09:46:23.817-03:00</atom:updated><title>Teorema, conto de Herbert Helder</title><description>&lt;br /&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;https://1.bp.blogspot.com/-cxVpiqWXWV0/TuFt53TfV2I/AAAAAAAAC5g/UwhNTL7kJNU/s200/ag38helder1.jpg&quot; width=&quot;125&quot; /&gt;&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;El-rei D. Pedro, o cruel, está na janela sobre a praceta onde sobressai a estátua municipal do Marquês Sá da Bandeira. Gosto deste rei louco, inocente e brutal. Puseram-me de joelhos, as mãos amarradas atrás das costas, mas levanto um pouco a cabeça, torço o pescoço para o lado esquerdo, e vejo o rosto violento e melancólico de meu Senhor. Por debaixo da janela onde se encontra, existe uma outra em estilo manuelino, uma relíquia, obra delicada de pedra que resiste no meio do tempo. D. Pedro deita a vista distraída pela praça fechada pelos seus soldados. Vê a igreja monstruosa do Seminário, retórica de vidraças e nichos, as pombas que pousam na cabeça e nos braços do marquês e vê-me em baixo, ajoelhado, entre alguns dos seus homens. O rei olha para mim com simpatia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fui condenado por ser um dos assassinos da sua amante favorita, D. Inês. Alguém quis defender-me, dizendo que eu era um patriota. Que desejava salvar o Reino da influência espanhola. Tolice. Não me interessa o Reino. Matei-a para salvar o amor do rei. D. Pedro sabe-o.&lt;br /&gt;Olho de novo para a janela onde se debruça. Ele diz um gracejo. Toda a gente ri. Preparem-me esse coelho, que tenho fome.O rei brinca com o meu nome. O meu apelido é Coelho.O que este homem trabalhou na nossa obra! Levou o cadáver da amante de uma ponta a outra do país, às costas de gente do povo, entre tochas e cantos fúnebres. Foi um terrível espetáculo que cidades e lugares apreciaram. Alguém ordena que me levante e agradeça ao meu Senhor.&lt;br /&gt;Levanto-me e fico bem defronte do edifício. Vejo a janela manuelina e o rei esmagado entre os blocos dos dois prédios ao lado.-Senhor,- agradeço-te a minha morte. E ofereço-te a morte de D. Inês. Isto era preciso, para que o teu amor se salvasse.-Muito bem – responde o rei. Arranquem-lhe o coração pelas costas e tragam-me.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De novo me ajoelho e vejo os pés dos carrascos de um lado para o outro. Distingo as vozes do povo, a sua ingênua excitação. Escolhem-me um sítio das costas para enterrar o punhal. Estremeço de frio. Foi o punhal que entrou no meu corpo, e verifico que o coração está nas mãos de um dos carrascos. Um moço de rei espera com a bandeja de prata batida estendida sobre a minha cabeça, e onde o coração fumegante é colocado. A multidão grita e aplaude, e só o rosto de D. Pedro está triste, embora, ao mesmo tempo se possa ver nele uma luz muito interior de triunfo. Percebe como tudo está ligado, como é necessário que todas as coisas se completem.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;Ah, não tenho medo. Sei que vou para o inferno, visto que sou um assassino e o meu país é católico. Matei por amor do amor – e isso é do espírito demoníaco. O rei e a amante também são criaturas infernais. Só a mulher do rei, D. Constança, é do céu. Pudera, com a sua insignificância, a estupidez, o perdão a todas as ofensas. Detesto a rainha.&lt;br /&gt;O moço sobe a escada com a bandeja onde meu coração é um molusco quente e sangrento. Vê-se D. Pedro voltar-se, a bandeja aparecer perto do parapeito da janela. O rei sorri delicadamente para o meu coração e levanta-o na mão direita. Mostra-o ao povo, e o meu sangue escorre-lhe entre os dedos e pelo pulso abaixo. Ouvem-se aplausos. Somos um povo bárbaro e puro, e é uma grande responsabilidade estar à frente de um povo assim. Felizmente o nosso rei encontra-se à altura de seu cargo, entende a nossa alma obscura, religiosa, tão próxima da terra. Somos também um povo cheio de fé, temos fé na guerra, na justiça, na crueldade, no amor, na eternidade. Somos todos loucos.&lt;br /&gt;Tombei com a face direita sobre a calçada e, movendo os olhos, posso aperceber-me de um pedaço muito azul do céu, acima dos telhados. Vejo uma pomba passar em frente da janela manuelina. O claxon de um carro expande-se liricamente no ar. Estamos nos começos de junho. A terra está cheia de seiva. A terra é eterna. À minha volta dizem obscenidades. Alguém sugere que me cortem o pênis. Um moço vai perguntar ao rei se podem fazer, mas este recusa.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;-Só o coração, diz. E levanta de novo o meu coração, e depois trinca-o ferozmente. A multidão delira, aclama-o, chama-me assassino, cão, e encomenda-me a alma ao Diabo. Eu gostaria de poder agradecer a este meu povo bárbaro e puro as boas palavras violentas. Um filete de sangue escorre do queixo de D. Pedro e vejo os seus maxilares movendo-se ligeiramente. O rei come o meu coração. O barbeiro saiu do estabelecimento e está a meio da praça com a sua bata branca, o seu bigode louro, vendo D. Pedro a comer o meu coração cheio de inteligência do amor e do sentimento da eternidade.O marquês Sá da Bandeira é que ignora tudo, verde e colonialista no alto de seu plinto de granito. As pombas voam à volta, pousam-lhe na cabeça e nos ombros, e cagam-lhe em cima. D. Pedro retira-se, depois de dizer à multidão algumas palavras sobre crime e justiça. Aclama-o o povo mais uma vez e dispersa. Os soldados também partem, e eu fico só para enfrentar a noite que se aproxima.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Esta noite foi feita para nós, para o rei e para mim. Meditaremos. Somos ambos sábios à custa dos nossos crimes e do amor à eternidade. O rei estará insone no seu quarto, sabendo que amará para sempre a minha vítima.Talvez que a sua inspiração não termine aí, e ele se torne cada vez mais cruel e mais inspirado. O seu corpo ir-se-á reduzindo à força do fogo interior, e a sua paixão será sempre mais vasta e pura. E eu também irei crescendo na minha morte, irei crescendo dentro do rei que comeu o meu coração. D. Inês tomou conta de nossas almas. Ela abandona a carne e torna-se uma fonte, uma labareda. Entra devagar nos poemas e nas cidades. Nada é tão incorruptível como a sua morte. No crisol do Inferno, manter-nos-emos todos três perenemente límpidos. O povo só terá de receber-nos como alimento, de geração para geração. E que ninguém tenha piedade. E Deus não é chamado para aqui&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;(Herberto Helder. Os passos em volta. Lisboa: Assírio Alvim.p 121-125.)</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2016/04/teorema-conto-de-herbert-helder.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="https://1.bp.blogspot.com/-cxVpiqWXWV0/TuFt53TfV2I/AAAAAAAAC5g/UwhNTL7kJNU/s72-c/ag38helder1.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-4616893391093589114</guid><pubDate>Mon, 28 Mar 2016 00:36:00 +0000</pubDate><atom:updated>2016-03-27T21:36:45.539-03:00</atom:updated><title> A Lenda de Molly Crenshaw</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;https://3.bp.blogspot.com/-11RWX1Xa9DI/VvhGA_BUlqI/AAAAAAAA7zg/4FkTNgq6gbgwJr6kexybuUzFxYhtaX9pQ/s1600/oldgraveyard2.jpg&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;196&quot; src=&quot;https://3.bp.blogspot.com/-11RWX1Xa9DI/VvhGA_BUlqI/AAAAAAAA7zg/4FkTNgq6gbgwJr6kexybuUzFxYhtaX9pQ/s400/oldgraveyard2.jpg&quot; width=&quot;400&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;A bruxa foi cortada em pedaços. Suas partes massacradas do corpo foram enterradas em covas separadas, espalhadas pela zona rural arborizada. Mas sob o solo raso, as peças estão se movendo. Ano após ano, polegada por polegada, elas se aproximam cada vez mais - rastejando, contorcendo-se, lutando para remontar o cadáver vivo de Molly Crenshaw ...&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De uma geração para a seguinte, adolescentes ao longo St. Charles County passaram por esta lenda urbana sobre uma suposta bruxa que morrera há um século, mas que ainda assombrava as florestas locais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O conto varia de acordo com o contador de histórias. De acordo com a maioria das versões, Molly Crenshaw era uma escrava jamaicana liberta que viveu ao oeste de St. Charles County durante o final do século 19. Uma praticante de vodu, Molly foi muitas vezes solicitada a dispensar feitiços e fazer poções para os aldeões.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Num ano, de um inverno excepcionalmente duro, que dizimou as culturas locais, os moradores culparam Molly e a sua bruxaria por este mal. Com os forcados levantados, desceram para a sua modesta casa. Molly desafiadoramente confrontou-os, colocando uma maldição sobre qualquer um que a tocava. Inflexível, a multidão a atacou e a matou. Alguns dizem que a cortaram ao meio. Outros dizem que ela foi arrastada e esquartejada. Mas cada versão do conto termina com as pessoas da cidade enterrando as partes desmembradas em covas separadas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Ouvi dizer que ela foi enforcada ou queimada&quot;, disse Ryan Scherr, jovem de 17 anos de idade, sênior na Francis Howell North High School. Scherr é o editor de opiniões do jornal da escola, &quot;North Star&quot;, que publicou uma reportagem sobre Molly no Halloween passado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Eu comecei a ouvir sobre ela em meu primeiro ano&quot;, disse ele. &quot;Como os meus amigos possuem carteira de motorista, começaram a dirigir para onde eles achavam que a sua sepultura estava. Eles disseram que foram ao local e sentiram algo estranho. Talvez fosse apenas suas mentes os enganando.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Lisa Mestel, uma graduada do Francis Howell North High School de 1992, disse que praticamente todos os seus colegas tentaram encontrar o túmulo de Molly.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Eles foram com seus carros através do campo, à procura de cemitérios antigos&quot;, disse ela. &quot;Na floresta ao redor da escola, começaram a amaldiçoá-la e dizer coisas como: &#39;Eu não acredito em você, Molly&#39;. Ouvi dizer que coisas ruins aconteceram com eles depois disso, como os seus carros que não davam a partida&quot;.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mestel disse que nunca se juntou a seus colegas nas expedições para localizar Molly Crenshaw.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Eu não acreditava que ela era uma bruxa&quot;, disse ela. &quot;Parecia que era uma coisa divertida para um grupo de adolescentes entediados para fazer em um sábado à noite.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O professor de Inglês da Mestel, Ron Ochu, comenta sobre Molly e das palestras que dá aos seus alunos:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Estudantes de Francis Howell têm falado sobre Molly desde os anos 1950&quot;, disse Ochu. &quot;Usei-a para ensiná-los sobre contar histórias. Uma boa parte da lenda é falsa.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ochu ouviu muitos contos sombrios sobre adolescentes que ousaram buscar a sepultura de Molly.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Havia uma história sobre dois jogadores de futebol que foram procurar a sepultura na década de 1950 &quot;, disse ele. &quot;Eles a encontraram e tentaram tirar a lápide. Tiveram um fim prematuro. Ajudantes do xerife encontraram seus corpos empalados em cima do muro do cemitério.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Há alguma verdade na lenda de Molly Crenshaw? Como o caso é frequentemente ligado com a mitologia, a resposta é uma mistura confusa de &quot;sim&quot; e &quot;não&quot;.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De acordo com um artigo no jornal &quot;St. Charles Cosmos-Monitor&quot; de 26 de fevereiro de 1913, na vida real Molly Crenshaw cometeu suicídio às 10:20hs em 22 de fevereiro do mesmo ano na casa de Harry Towers perto Cottleville.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Crenshaw, cujo primeiro nome, na verdade, era Mollie, foi se hospedar na casa dos Towers por uma semana quando ela foi descoberta em seu quarto, inconsciente e espumando pela boca. Um inquérito determinou que ela tinha engolido ácido carbólico.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De acordo com a história, Crenshaw era bem relacionada com várias famílias proeminetes de St. Charles. Ela foi educada no agora extinto St. Charles College e ensinou nessa escola até que perdeu a audição. Por um tempo ela trabalhou em St. Louis, mas essa sua surdez a deixou abatida, desanimada e ela finalmente tirou sua vida. Foi enterrada no cemitério particular de seus parentes.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A história do jornal cita a idade de Crenshaw como tendo 40 anos, mas nos registros do recenseamento de 1910 é listada como tendo 47 anos, sendo que teria 50 anos quando morreu. Esse censo também lista sua raça como branca, desfazendo o mito de que ela seria uma escrava jamaicana libertada. Seu registro de óbito lista ela como Miss Mollie J. Crenshaw, uma mulher branca única de 52 anos de idade, nascida em St. Louis.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Registros genealógicos indicam que Mollie Crenshaw era sobrinha por casamento de Marianne Towers. Um índice de casamento lista em 1849 a união de Robert A. W. Crenshaw e Ann Eliza Towers. O par pode ter sido os pais de Mollie Crenshaw, mas isso não foi confirmado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ann King, bibliotecária, responsável pela história e genealogia local no Linnemann Biblioteca Kathryn em St. Charles, pesquisou muito e nos dá esta informação genealógica:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Todos os anos, no Halloween, temos muitas crianças do ensino médio que vem aqui fazer perguntas sobre Molly&quot;, disse King. &quot;Eu cansei de não ter nada no arquivo, por isso nos últimos dois anos pesquisei nos registros do cemitério, do censo e de jornais velhos para encontrar informações.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela não encontrou nada conectando Crenshaw com a prática de vodu ou bruxaria. Parecia que a única coisa incomum sobre Crenshaw foi o fato de ela ter cometido suicídio, disse King.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Eu sempre achei que o assunto era meio triste&quot;, disse ela. &quot;Quando eu descobri que ela se matou, achei muito trágico. Entramos em contato com algumas pessoas que estavam relacionadas com Mollie, mas não quero falar sobre isso. Posso entender por que uma família não gostaria de ser lembrar de algo assim&quot;.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Crenshaw, aparentemente, não tinha filhos. Seus únicos parentes sobreviventes é a família Towers. Por causa do vandalismo repetido ao longo dos anos, a família retirou a lápide de Crenshaw de seu lugar, em seu pequeno cemitério particular no sul de St. Charles County.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não se sabe exatamente quando a família removeu essa pedra.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Pelo que eu entendo, a lápide foi removida pela família na década de 1970 porque as crianças estavam festejando lá&quot;, disse Doug Glenn, um pós-graduado de 1978 do Francis Howell High School.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Nós usamos a unidade em torno à procura de seu túmulo&quot;, disse ele. &quot;Nós ouvimos dizer que as pessoas que tentaram tirar sua lápide conheceram consequências terríveis. Nós certamente nunca encontramos seu túmulo, mas acontece que nós encontramos o cemitério. Nós apenas não sabíamos disso na época.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Glenn é presidente e diretor-executivo do Renaissance St. Louis, uma organização sem fins lucrativos que encena performances de história viva, incluindo a Greater St. Louis Renaissance Faire cada primavera no Rotary Park, em Wentzville. Para o mês passado, a organização tem sido palco de um tipo diferente de atração no parque. Haunted Forest Molly Crenshaw é um outdoor, walk-through &quot;casa assombrada&quot; vagamente baseado na lenda urbana.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Nós tínhamos desejado fazer algum tipo de atração assombrada no parque por um longo tempo&quot;, disse Glenn. &quot;Os nossos outros projetos foram orientados em torno da história de vida, por isso queríamos algo com uma base histórica.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Jill Hampton, a porta-voz da organização, disse que eles têm o cuidado de separar a vida real de Mollie Crenshaw da Molly ficcional.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;A única ligação entre a lenda e a pessoa real parece ser o nome&quot;, disse Hampton. &quot;Entramos em contato com seus parentes e eles não se importaram com o que estávamos fazendo. Eles nem sequer perceberam que estavam relacionados com ela.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Hampton disse que seu grupo está fascinado com a forma de como a &quot;mitologia Crenshaw&quot; aparentemente se desenvolveu a partir do nada.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;Cada um ou grupo que perpetuou esse mito, colocou um toque diferente sobre ele&quot;, disse ela. &quot;É assim que as lendas urbanas são criadas.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fonte: &lt;a href=&quot;http://www.stateofhorror.com/crenshaw.html&quot;&gt;A Lenda de Molly Crenshaw intrigando gerações&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Read more: &lt;a href=&quot;http://contosassombrosos.blogspot.com/2016/03/a-lenda-de-molly-crenshaw.html#ixzz449WLSDfW&quot;&gt;http://contosassombrosos.blogspot.com/2016/03/a-lenda-de-molly-crenshaw.html#ixzz449WLSDfW&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2016/03/a-lenda-de-molly-crenshaw.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="https://3.bp.blogspot.com/-11RWX1Xa9DI/VvhGA_BUlqI/AAAAAAAA7zg/4FkTNgq6gbgwJr6kexybuUzFxYhtaX9pQ/s72-c/oldgraveyard2.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-4561577335480018871</guid><pubDate>Wed, 30 Dec 2015 14:16:00 +0000</pubDate><atom:updated>2015-12-30T11:16:41.922-03:00</atom:updated><title> A Morta (Guy de Maupassant)</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/--4gzhkzgWoA/VoPnLdfTw6I/AAAAAAAAIpE/9kbvHzeZ_00/s1600/compana3.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;300&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/--4gzhkzgWoA/VoPnLdfTw6I/AAAAAAAAIpE/9kbvHzeZ_00/s400/compana3.jpg&quot; width=&quot;400&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Eu a amara perdidamente! Porque amamos? É realmente estranho ver no mundo apenas um ser, ter no espírito um único pensamento, no coração um único desejo e no boca um único nome: um nome que ascende ininterruptamente, que sobe das profundezas da alma como a água de uma fonte, que ascende aos lábios, e que dizemos, repetimos, murmuramos o tempo todo, por toda parte, como uma prece.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Não vou contar a nossa história. O amor só tem uma história, sempre a mesma. Encontrei-a e amei-a. Eis tudo. E vivi durante um ano na sua ternura, nos seus braços, nas suas carícias, no seu olhar, nos seus vestidos, na sua voz, evolvido, preso, acorrentado a tudo que vinha dela, de maneira tão absoluta de maneira que nem sabia mais se era dia ou noite, se estava morto ou vivo, na velha Terra ou em outro lugar qualquer.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E depois ela morreu. Como? Não sei, não sei mais.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Voltou toda molhada, nutria noite de chuva, e, no dia seguinte, tossia. Tossiu durante cerca de uma semana e ficou de cama.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;O que aconteceu? Não sei mais.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Médicos chegavam, receitavam, retiravam-se. Traziam remédios; uma mulher obrigava-a a tomá-los. Tinha as mãos quentes, a testa ardente e úmida, o olhar brilhante e triste. Falava-lhe, ela me respondia. O que dissemos um ao outro? Não sei mais. Esqueci tudo, tudo, tudo! Ela morreu, lembro-me muito bem do seu leve suspuiro, tão fraco, o último. A enfermeira exclamou: &quot;Ah! Compreendi, compreendi!&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Não soube de mais nada, nada. Vi um padre que falou assim: &quot;Sua amante.&quot; Tive a impressão de que a insultava. Já que estava morta, ninguém mais tinha o direito de saber que fora minha amante. Expulsei-o. Veio outro que foi muito bondoso, muito terno. Chorei quando me falou dela.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Consultaram-me sobre mil coisas relacionadas com o enterro. Não sei mais. Contudo, lembro-me muito bem do caixão, do ruído das marteladas quando a enterraram lá dentro. Ah! Meu Deus!&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Ela foi enterrada! Enterrada! Ela! Naquele buraco! Algumas pessoas tinham vindo, amigas. Caminhei durante muito tempo pelas ruas. Depois voltei para a casa. No dia seguinte, parti para uma viagem&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Ontem, regressei a Paris.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Quando revi o meu quarto, o nosso quarto, a nossa cama, os nossos móveis, toda essa casa onde ficara tudo o que resta da vida de um ser depois da sua morte, o desgosto apoderou-se de mim novamente, de uma forma tão violenta que quase abri a janela para atirar-me à rua. Não podendo mais permanecer no meio daqueles objetos, dequelas paredes que a tinham encerrado, abrigado, e que deviam conservar em suas fendas imperceptíveis milhares de átomos seus, da sua carne e da sua respiração, peguei meu chapéu para sair. De súbito, ao atingir a porta, passei diante do grande espelho que ela mandara colocar no vestíbulo para mirar-se, dos pés à cabeça, todos os dias antes de sair, para ver se toda a sua toalete lhe ia bem, se estava correta e elegante, das botinas ao chapéu.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E parei, de chofre, diante desse espelho que tantas vezes a refletira. Tantas, tantas vezes, que também deveria ter guardado a sua imagem.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Fiquei lá, de pé, trêmulo, os olhos fixos no vidro liso, profundo, vazio, mas que a contivera toda, que a possuíra tanto quanto eu, tanto quanto o meu olhar apaixonado. Tive a impressão de que amava aquele espelho - toquei-o - estava frio! Ah! recordação! recordação! Espelho doloroso, espelho ardente, espelho vivo, espelho horrível, que inflige todas as torturas! Felizes são os homens cujo coração, como um espelho onde os reflexos deslizam e se apagam, esquece tudo o que contemplou e mirou na sua feição, no seu amor! Como sofro! Saí e, involuntariamente, sem saber, sem querer, dirigi-me ao cemitério. Encontrei seu túmulo, um túmulo singelo, uma cruz de mármore com algumas palavras: &quot;Ela amou, foi amada, e morreu.&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Lá estava ela, embaixo, apodrecendo! Que horror! Eu soluçava, a fronte no chão.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Fiquei lá por muito tempo, muito tempo. Depois percebi que a noite se aproximava. Então, um desejo estranho, louco, um desejo de amante desesperado apoderou-se de mim. Resolvi passar a noite junto dela, a última noite, chorando no seu túmulo. Mas me veriam, me expulsariam. Que fazer? Fui esperto. Levantei-me e comecei a vagar pela cidade dos desaparecidos. Vagava, vagava. Como é pequena essa cidade ao lado da outra, daquela em que vivemos! Precisamos de casas altas, de ruas, de tanto espaço, para as quatro gerações que vêem a luz ao mesmo tempo, que bebem a água das fontes, o vinho das vinhas e comem o pão das planícies.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E para todas as gerações dos mortos, para toda a série de homens que chegaram até nós, quase nada, um terreno apenas, quase nada! A terra os toma de volta, o esquecimento os apaga. Adeus!&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Na extremidade do cemitério habitado, avistei subitamente o cemitério abandonado, onde os velhos defuntos acabam de misturar-se à terra, onde as próprias cruzes apodrecem, e onde amanhã serão colocados os últimos que chegarem. Está cheio de rosas silvestres de ciprestes negros e vigorosos, um jardim triste e soberbo alimentado com carne humana.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Estava só, completamente só. Agachei-me perto de uma árvores verde. Escondi-me completamente entre os galhos grossos e escuros.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E esperei, agarrado ao tronco como um náufrago aos destroços.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Quando a noite ficou escura, bem escura, deixei o meu abrigo e comecei a caminhar de mansinho, com passos lentos e surdos, por essa terra repleta de mortos.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Vaguei durante muito, muito tempo, não a encontrava. Braços estendidos, olhos abertos, esbarrando nos túmulos com as mãos, com os pés, com os joelhos, com o peito, e até com a cabeça, eu vagava sem encontrá-la. Tocava, tateava, como um cego que procura o caminho, apalpava pedras, cruzes, grades de ferro, coroas de vidro, coroas de flores murchas! Lia nomes com os dedos, passando-os sobre as letras. Que noite! Não a encontrava!&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Não havia lua! Que noite! Sentia medo, um medo horrível, nesses caminhos estreitos entre duas filas de túmulos! Túmulos! Túmulos! Túmulos. Sempre túmulos! À direita, à esquerda, à frente, à minha volta, por toda parte, túmulos! Sentei-me num deles, pois não podia mais caminhar, de tal forma meus joelhos se dobravam. Ouvia meu coração bater! E também ouvia outra coisa! O quê? Um rumor confuso, indefinível! Viria esse ruído do meu cérebro desvairado, da noite impenetrável, ou da terra misteriosa, da terra semeada de cadáveres humanos? Olhei à minha volta!&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Quanto tempo fiquei ali? Não sei. Estava paralisado de terror, alucinado de pavor, prestes a gritar, prestes a morrer.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E, de súbito, tive a impressão de que a laje de mármore onde estava sentado se movia. Realmente ela se movia, como se a estivessem levantando com um salto, precipitei-me para o túmulo vizinho e vi, sim, vi erguer-se verticalmente a laje que acabara de deixar; e o morto apareceu, um esqueleto nu que empurrava a lápide com as costas encurvadas. Eu via, via muito bem, embora a escuridão fosse profunda. Pude ler sobre a cruz:&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&quot;Aqui jaz Jacques Olivant, morto aos cinquenta e um anos de idade. Amava os seus, foi honesto e bom, e morreu na paz do Senhor.&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;O morto também lia o que estava escrito no seu túmulo. Depois, apanhou uma pedra no chão, uma pedrinha pontiaguda e começou a raspar cuidadosamente o que lá estava. Apagou tudo, lentamente, contemplando com seus olhos vazios o lugar onde ainda há pouco existiam letras gravadas; e, com a ponta do osso que fora seu indicador, escrever com letras luminosas, como essas linhas que traçamos com a ponta de um fósforo:&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&quot;Aqui jaz jacques Olivant, morto aos cinquenta e um anos de idade. Apressou com maus tratos a morte do pai de quem desejava herdar, torturou a mulher, atormentou os filhos, enganou os vizinhos, roubou sempre que pode e morreu miseravelmente.&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Quando acabou de escrever o morto contemplou sua obra, imóvel. E, voltando-me, notei que todos os túmulos estavam abertos, que todos os cadáveres os tinham abandonado, que todos tinham apagado as mentiras inscritas pelos parentes na pedra funerária, para aí restabelecerem a verdade.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E eu via que todos tinham sido carrascos dos parentes, vingativos, desonetos, hipócritas, mentirosos, pérfidos, caluniadores, invejosos, que tinham roubado, enganado, cometido todos os atos vergonhosos, abomináveis, esses bons pais, essas esposas fiéis, esses filhos devotados, essas moças castas, esses comerciantes probos, esses homens e mulheres ditos irrepreensíveis.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Escreviam todos ao mesmo tempo, no limiar da sua morada eterna, a cruel, terrível e santa verdade que todo mundo ignora ou finge ignorar nesta Terra.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Imaginei que também ela devia ter escrito a verdade no seu túmulo. E agora já sem medo, correndo por entre os caixões entreabertos, por entre os cadáveres, por entre os esqueletos, fui em sua direção, certo de que logo a encontraria.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Reconheci-a de longe, sem ver o rosto envolto no sudário.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;E sobre a cruz de mármore onde há pouco lera: &quot;Ela amou, foi amada, e morreu&quot;, divisei:&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&quot;Tendo saído, um dia, para enganar seu amante, resfriou-se sob a chuva, e morreu.&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;Parece que me encontraram inanimado, ao nascer do dia, junto a uma sepultura.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;h3&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &amp;quot;Arial&amp;quot;,&amp;quot;sans-serif&amp;quot;; font-size: 11.0pt; font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;&quot;&gt;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/h3&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2015/12/a-morta-guy-de-maupassant.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://1.bp.blogspot.com/--4gzhkzgWoA/VoPnLdfTw6I/AAAAAAAAIpE/9kbvHzeZ_00/s72-c/compana3.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>1</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-7242647503635214773</guid><pubDate>Mon, 21 Dec 2015 15:09:00 +0000</pubDate><atom:updated>2015-12-21T12:09:58.071-03:00</atom:updated><title>  Um caso estranho</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-PX1wkGcQJHE/UBjNiDXpJ5I/AAAAAAAAE8k/vmWr2z3eTEM/s1600/corriente_gotica_en_tipografia.png&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;320&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-PX1wkGcQJHE/UBjNiDXpJ5I/AAAAAAAAE8k/vmWr2z3eTEM/s320/corriente_gotica_en_tipografia.png&quot; width=&quot;226&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot; style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot; style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, &#39;Times New Roman&#39;, serif; font-size: large;&quot;&gt;&quot;&lt;/span&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, &#39;Times New Roman&#39;, serif; font-size: large;&quot;&gt;Não sei se no momento eu contemplava as águas da enchente ou se pensava em outras épocas, quando uma boca com dentes de outro me interrompeu:&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: large;&quot;&gt;- Tenho ordem de prendê-lo como envolvido no crime da mala.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;- Que mala? - indaguei ainda surpreso, como alguém que acabasse de descer de Marte ou de outra região qualquer.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;- Siga-me que na delegacia tudo será esclarecido.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;Diante do tom autoritário com que a boca com dentes de outro me falava, resolvi seguir o investigador. Atravessamos uma rua deserta, cruzamos uma praça cheia de crianças brincando, desembocamos num largo e por fim entramos num prédio baixo com aspecto de casa de comércio.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;Quando menos esperava, fui empurrado para dentro de uma sala escura onde o delegado de plantão me recebeu com ar teatral:&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;- Então! Custou mas caiu nas mãos da justiça! Ninguém escapa da lei! Confesse, que é a única cousa inteligente que tem a fazer!&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;A princípio achei graça em tudo aquilo. Pensei mesmo que estava sendo vítima de uma brincadeira de mau gosto. Depois, diante da insistência do delegado, comecei a suar frio. Que sabia eu do crime da mala? É bem possível que alguém, parecido comigo, tivesse cometido o crime pelo qual me acusavam. Há tanta gente parecida no mundo. Ainda há tempos encontrei no bonde um cidadão tão parecido com Henry Fonda que fiquei abismado. Tinha até o jeito de sorrir do simpático artista. Por um pouco não chamei a atenção do cavalheiro para o fato. O próprio delegado, que me interrogava, tinha qualquer cousa de semelhante com o investigador que me havia dado voz de prisão. O verdadeiro culpado talvez se parecesse comigo. Não encontrava outra explicação para tudo aquilo. De súbito fui despertado pela boca com dentes de ouro, que me disse:&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;- Acompanhe-me.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;Segui como um autômato o investigador que me fechou numa sala tão baixa que tive que me curvar para não bater com a cabeça no teto. Justamente no momento em que me curvei, dei com um morto estendido dentro de uma mala meio aberta. Recuei e fiz um grande esforço para não gritar. O morto parece que me acusava com os seus olhos parados, com os seus olhos que vinham de um outro mundo. Tive a impressão de que estava sendo vítima de uma alucinação. Os olhos do morto parece que se dilatavam cada vez mais.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;Dominei-me a custo de debrucei-me sobre o morto para examinar melhor a sua fisionomia e não pude conter um grito: o morto era eu. Era eu que estava dentro da mala meio aberta...&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;font-size: x-large; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;&quot;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif;&quot;&gt;&lt;/span&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;&quot;&gt;Paulo Corrêa Lopes&lt;br /&gt;(1898 - 1957 | Brasil)&lt;/span&gt;&lt;!--[if !supportLineBreakNewLine]--&gt;&lt;br /&gt;&lt;!--[endif]--&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2015/12/um-caso-estranho.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://4.bp.blogspot.com/-PX1wkGcQJHE/UBjNiDXpJ5I/AAAAAAAAE8k/vmWr2z3eTEM/s72-c/corriente_gotica_en_tipografia.png" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-4215234407129201574</guid><pubDate>Sun, 11 Jan 2015 00:07:00 +0000</pubDate><atom:updated>2015-01-10T21:07:50.759-03:00</atom:updated><title> O coração delator, Edgard Allan Poe</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAM/jt09K8c41Nw/s1600/ffgh.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAM/jt09K8c41Nw/s1600/ffgh.jpg&quot; height=&quot;200&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou. Mais que os outros estava aguçado o sentido da audição. Ouvi todas as coisas no céu e na terra. Ouvi muitas coisas no inferno. Como então posso estar louco? Preste atenção! E observe com que sanidade, com que calma, posso lhe contar toda a história.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É impossível saber como a idéia penetrou pela primeira vez no meu cérebro, mas, uma vez concebida, ela me atormentou dia e noite. Objetivo não havia. Paixão não havia. Eu gostava do velho. Ele nunca me fez mal. Ele nunca me insultou. Seu ouro eu não desejava. Acho que era seu olho! É, era isso! Um de seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro coberto por um véu. Sempre que caía sobre mim o meu sangue gelava, e então pouco a pouco, bem devagar, tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com isso me livrar do olho, para sempre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Agora esse é o ponto. O senhor acha que sou louco. Homens loucos de nada sabem. Mas deveria ter-me visto. Deveria ter visto com que sensatez eu agi — com que precaução —, com que prudência, com que dissimulação, pus mãos à obra! Nunca fui tão gentil com o velho como durante toda a semana antes de matá-lo. E todas as noites, por volta de meia-noite, eu girava o trinco da sua porta e a abria, ah, com tanta delicadeza! E então, quando tinha conseguido uma abertura suficiente para minha cabeça, punha lá dentro uma lanterna furta-fogo bem fechada, fechada para que nenhuma luz brilhasse, e então eu passava a cabeça. Ah! o senhor teria rido se visse com que habilidade eu a passava. Eu a movia devagar, muito, muito devagar, para não perturbar o sono do velho. Levava uma hora para passar a cabeça toda pela abertura, o mais à frente possível, para que pudesse vê-lo deitado em sua cama. Aha! Teria um louco sido assim tão esperto? E então, quando minha cabeça estava bem dentro do quarto, eu abria a lanterna com cuidado — ah!, com tanto cuidado! —, com cuidado (porque a dobradiça rangia), eu a abria só o suficiente para que um raiozinho fino de luz caísse sobre o olho do abutre. E fiz isso por sete longas noites, todas as noites à meia-noite em ponto, mas eu sempre encontrava o olho fechado, e então era impossível fazer o trabalho, porque não era o velho que me exasperava, e sim seu Olho Maligno. E todas as manhãs, quando o dia raiava, eu entrava corajosamente no quarto e falava Com ele cheio de coragem, chamando-o pelo nome em tom cordial e perguntando como tinha passado a noite. Então, o senhor vê que ele teria que ter sido, na verdade, um velho muito astuto, para suspeitar que todas as noites, à meia-noite em ponto, eu o observava enquanto dormia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na oitava noite, eu tomei um cuidado ainda maior ao abrir a porta. O ponteiro de minutos de um relógio se move mais depressa do que então a minha mão. Nunca antes daquela noite eu sentira a extensão de meus próprios poderes, de minha sagacidade. Eu mal conseguia conter meu sentimento de triunfo. Pensar que lá estava eu, abrindo pouco a pouco a porta, e ele sequer suspeitava de meus atos ou pensamentos secretos. Cheguei a rir com essa idéia, e ele talvez tenha ouvido, porque de repente se mexeu na cama como num sobressalto. Agora o senhor pode pensar que eu recuei — mas não. Seu quarto estava preto como breu com aquela escuridão espessa (porque as venezianas estavam bem fechadas, de medo de ladrões) e então eu soube que ele não poderia ver a porta sendo aberta e continuei a empurrá-la mais, e mais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Minha cabeça estava dentro e eu quase abrindo a lanterna quando meu polegar deslizou sobre a lingüeta de metal e o velho deu um pulo na cama, gritando:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;— Quem está aí?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fiquei imóvel e em silêncio. Por uma hora inteira não movi um músculo, e durante esse tempo não o ouvi se deitar. Ele continuava sentado na cama, ouvindo bem como eu havia feito noite após noite prestando atenção aos relógios fúnebres na parede.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nesse instante, ouvi um leve gemido, e eu soube que era o gemido do terror mortal. Não era um gemido de dor ou de tristeza — ah, não! era o som fraco e abafado que sobe do fundo da alma quando sobrecarregada de terror. Eu conhecia bem aquele som. Muitas noites, à meia-noite em ponto, ele brotara de meu próprio peito, aprofundando, com seu eco pavoroso, os terrores que me perturbavam. Digo que os conhecia bem. Eu sabia o que sentia o velho e me apiedava dele embora risse por dentro. Eu sabia que ele estivera desperto, desde o primeiro barulhinho, quando se virara na cama. Seus medos foram desde então crescendo dentro dele. Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados, mas não conseguira. Dissera consigo mesmo: &quot;Isto não passa do vento na chaminé; é apenas um camundongo andando pelo chão&quot;, ou &quot;É só um grilo cricrilando um pouco&quot;. É, ele estivera tentando confortar-se com tais suposições; mas descobrira ser tudo em vão. Tudo em vão, porque a Morte ao se aproximar o atacara de frente com sua sombra negra e com ela envolvera a vítima. E a fúnebre influência da despercebida sombra fizera com que sentisse, ainda que não visse ou ouvisse, sentisse a presença da minha cabeça dentro do quarto.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando já havia esperado por muito tempo e com muita paciência sem ouvi-lo se deitar, decidi abrir uma fenda — uma fenda muito, muito pequena na lanterna. Então eu a abri — o senhor não pode imaginar com que gestos furtivos, tão furtivos — até que afinal um único raio pálido como o fio da aranha brotou da fenda e caiu sobre o olho do abutre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele estava aberto, muito, muito aberto, e fui ficando furioso enquanto o fitava. Eu o vi com perfeita clareza - todo de um azul fosco e coberto por um véu medonho que enregelou até a medula dos meus ossos, mas era tudo o que eu podia ver do rosto ou do corpo do velho, pois dirigira o raio, como por instinto, exatamente para o ponto maldito.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E agora, eu não lhe disse que aquilo que o senhor tomou por loucura não passava de hiperagudeza dos sentidos? Agora, repito, chegou a meus ouvidos um ruído baixo, surdo e rápido, algo como faz um relógio quando envolto em algodão. Eu também conhecia bem aquele som. Eram as batidas do coração do velho. Aquilo aumentou a minha fúria, como o bater do tambor instiga a coragem do soldado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas mesmo então eu me contive e continuei imóvel. Quase não respirava. Segurava imóvel a lanterna. Tentei ao máximo possível manter o raio sobre o olho. Enquanto isso, aumentava o diabólico tamborilar do coração. Ficava a cada instante mais e mais rápido, mais e mais alto. O terror do velho deve ter sido extremo. Ficava mais alto, estou dizendo, mais alto a cada instante! — está me entendendo? Eu lhe disse que estou nervoso: estou mesmo. E agora, altas horas da noite, em meio ao silêncio pavoroso dessa casa velha, um ruído tão estranho quanto esse me levou ao terror incontrolável. Ainda assim por mais alguns minutos me contive e continuei imóvel. Mas as batidas ficaram mais altas, mais altas! Achei que o coração iria explodir. E agora uma nova ansiedade tomava conta de mim — o som seria ouvido por um vizinho! Chegara a hora do velho! Com um berro, abri por completo a lanterna e saltei para dentro do quarto. Ele deu um grito agudo — um só. Num instante, arrastei-o para o chão e derrubei sobre ele a cama pesada. Então sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado. Mas por muitos minutos o coração bateu com um som amortecido. Aquilo, entretanto, não me exasperou; não seria ouvido através da parede. Por fim, cessou. O velho estava morto. Afastei a cama e examinei o cadáver. É, estava morto, bem morto. Pus a mão sobre seu coração e a mantive ali por muitos minutos. Não havia pulsação. Ele estava bem morto. Seu olho não me perturbaria mais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Se ainda me acha louco, não mais pensará assim quando eu descrever as sensatas precauções que tomei para ocultar o corpo. A noite avançava, e trabalhei depressa, mas em silêncio. Antes de tudo desmembrei o cadáver. Separei a cabeça, os braços e as pernas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Arranquei três tábuas do assoalho do quarto e depositei tudo entre as vigas. Recoloquei então as pranchas com tanta habilidade e astúcia que nenhum olho humano — nem mesmo o dele — poderia detectar algo de errado. Nada havia a ser lavado — nenhuma mancha de qualquer tipo — nenhuma marca de sangue. Eu fora muito cauteloso. Uma tina absorvera tudo - ha! ha!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando terminei todo aquele trabalho, eram quatro horas — ainda tão escuro quanto à meia-noite.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando o sino deu as horas, houve uma batida à porta da rua. Desci para abrir com o coração leve — pois o que tinha agora a temer? Entraram três homens, que se apresentaram, com perfeita suavidade, como oficiais de polícia. Um grito fora ouvido por um vizinho durante a noite; suspeitas de traição haviam sido levantadas; uma queixa fora apresentada à delegacia e eles (os policiais) haviam sido encarregados de examinar o local.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sorri — pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os a procurar — procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro, imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os oficiais estavam satisfeitos. Meus modos os haviam convencido. Eu estava bastante à vontade. Sentaram-se e, enquanto eu respondia animado, falaram de coisas familiares. Mas, pouco depois, senti que empalidecia e desejei que se fossem. Minha cabeça doía e me parecia sentir um zumbido nos ouvidos; mas eles continuavam sentados e continuavam a falar. O zumbido ficou mais claro — continuava e ficava mais claro: falei com mais vivacidade para me livrar da sensação: mas ela continuou e se instalou — até que, afinal, descobri que o barulho não estava dentro de meus ouvidos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sem dúvida agora fiquei muito pálido; mas falei com mais fluência, e em voz mais alta. Mas o som crescia - e o que eu podia fazer? Era um som baixo,surdo, rápido — muito parecido com o som que faz um relógio quando envolto em algodão. Arfei em busca de ar, e os policiais ainda não o ouviam. Falei mais depressa, com mais intensidade, mas o barulho continuava a crescer. Levantei-me e discuti sobre ninharias, num tom alto e gesticulando com ênfase; mas o barulho continuava a crescer. Por que eles não podiam ir embora? Andei de um lado para outro a passos largos e pesados, como se me enfurecessem as observações dos homens, mas o barulho continuava a crescer. Ai meu Deus! O que eu poderia fazer? Espumei — vociferei — xinguei! Sacudi a cadeira na qual estivera sentado e arrastei-a pelas tábuas, mas o barulho abafava tudo e continuava a crescer. Ficou mais alto — mais alto — mais alto! E os homens ainda conversavam animadamente, e sorriam. Seria possível que não ouvissem? Deus Todo-Poderoso! — não, não? Eles ouviam! — eles suspeitavam! — eles sabiam! - Eles estavam zombando do meu horror! — Assim pensei e assim penso. Mas qualquer coisa seria melhor do que essa agonia! Qualquer coisa seria mais tolerável do que esse escárnio. Eu não poderia suportar por mais tempo aqueles sorrisos hipócritas! Senti que precisava gritar ou morrer! — e agora — de novo — ouça! mais alto! mais alto! mais alto! mais alto!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;— Miseráveis! — berrei — Não disfarcem mais! Admito o que fiz! levantem as pranchas! — aqui, aqui! — são as batidas do horrendo coração!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Edgar Allan Poe, poeta, escritor, crítico e contista norte-americano,  nasceu em janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts -1849) e é considerado o pai e mestre da literatura de horror.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-xx1jAKKrtsc/UhUIT4_pbhI/AAAAAAAAHOo/Lw1v9MZZinI/s1600/003.gif&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-xx1jAKKrtsc/UhUIT4_pbhI/AAAAAAAAHOo/Lw1v9MZZinI/s1600/003.gif&quot; height=&quot;64&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2015/01/o-coracao-delator-edgard-allan-poe.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://4.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAM/jt09K8c41Nw/s72-c/ffgh.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-8766375724315092433</guid><pubDate>Mon, 05 Jan 2015 23:03:00 +0000</pubDate><atom:updated>2015-01-05T20:03:41.073-03:00</atom:updated><title>Gui de Maupassant:  Um louco?</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-5xFUP1pArCg/VKsYL5QFcPI/AAAAAAAAIYU/K6uni4nHtfs/s1600/mauhumor.JPG&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-5xFUP1pArCg/VKsYL5QFcPI/AAAAAAAAIYU/K6uni4nHtfs/s1600/mauhumor.JPG&quot; height=&quot;200&quot; width=&quot;153&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando me contaram: “Sabe que Jacques Parent morreu numa casa de saúde?”, um doloroso calafrio, um calafrio de medo e angústia me percorreu pelos ossos; e revi bruscamente, depois de tanto tempo, aquele corpulento e estranho louco, talvez, maníaco inquietador, medonho mesmo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era um homem de quarenta anos, alto, magro, meio curvo, com olhos de alucinado, olhos negros, tão negros que não se lhe distinguiam as pupilas, móveis, inquietas, enfermas, angustiantes. Aquele ser singular, perturbador, que emanava, que lançava em redor de si um vago mal-estar, da alma, do corpo, uma dessas incompreensíveis reações nervosas que fazem crer em influências sobrenaturais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele possuía um sestro aborrecido: a mania de esconder as mãos. Porque jamais ele as deixava errar como nós fazemos sobre todos os objetos, em cima das mesas. jamais ele agarrava as coisas com aquele gesto familiar que todos temos, jamais ele as conservava nuas, aquelas mãos ossudas, magras, algo febricitantes.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ia as afundava nos bolsos, sob as axilas, ao cruzar os braços. Diziam que receava elas praticassem, à sua revelia, algum gesto proibido, que cometessem alguma ação vergonhosa ou ridícula, caso as deixasse livres em seus movimentos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando era obrigado a servir-se delas, para os usos comuns da vida, fazia-o por movimentos bruscos, rápidos impulsos dos braços, como se não lhes quisesse dar tempo de agir por si próprias, de fugirem à sua vontade, de executarem outros movimentos. A mesa, servia-se do copo, do garfo ou da faca tão rapidamente que nunca se tinha tempo de prever o que iria fazer antes que ele completasse o gesto.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Então, certa noite, tive a explicação da surpreendente doença de sua alma.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele vinha passar, de tempos em tempos, algum dia comigo no campo, e, naquela noite, apareceu-me particularmente agitado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma tempestade desenhava-se no céu, abafado e negro, depois de um dia de calor atroz. Nenhum sopro de ar movia as folhas. Um calor de forno oprimia os rostos, fazendo os peitos ofegarem. Eu me sentia mal, agitado, e desejava ir para a cama.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando percebeu que me levantava para sair, Jacques Parent segurou-me pelos braços, num gesto sobressaltado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Oh, não, fique mais um pouco! – exclamou.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fitei-o com surpresa, e murmurei:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Essa tempestade próxima abala-me os nervos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele gemeu, ou melhor, berrou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- E a mim, então? Oh, fique, rogo-lhe, pois não posso estar sozinho!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pareceu-me desvairado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Perguntei-lhe:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Que tem você? Perdeu a cabeça?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Sim, em alguns momentos, como em noites assim, noites plenas de eletricidade. . . eu tenho… eu tenho… tenho medo… tenho medo de mim mesmo … Não me compreende? É que sou dotado de um poder … não, de uma potência… de uma força… Enfim, não sei explicar o que seja, mas existe em mim uma ação magnética tão extraordinária que me apavora, que me faz temer a mim mesmo, como lhe disse há pouco.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E, ao falar, sentia estranhos arrepios, suas mãos vibravam, ocultas, por baixo do paletó. E eu mesmo me senti logo invadido de um temor confuso, poderoso, horrível. Tive vontade de partir, salvar-me, de nunca mais vê-lo, de jamais tornar a ver aqueles olhos errantes pousarem em mim, e depois se afastarem, fixarem-se no teto, à procura de algo, de algum canto sombrio onde se firmarem, como se ele quisesse ocultar, também, seu temível olhar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Balbuciei a custo:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Você nunca me disse isso.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E ele retrucou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- E quer que conte isso a qualquer um? Vamos, ouça, esta noite não mais me posso calar. E apraz-me, realmente, que você fique sabendo de tudo. Sim,- até poderá socorrer-me, se for preciso.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“0 magnetismo! Sabem lá o que é? Não. Ninguém o sabe. Todavia, o constatam. Reconhecem-no os próprios médicos, que o praticam. Um dos mais ilustres, Charcot, professa-o; então, sem dúvida, existe.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Um homem, um ser, possui o poder terrível e incompreensível de adormecer, com a força de sua vontade, outro ser, e, durante o sono deste, rouba-lhe o pensamento, ou melhor, sua alma; a alma, esse santuário, esse recesso do Eu, a alma, esse segredo que o homem julga impenetrável, a alma, esse refúgio dos indecifráveis pensamentos, de tudo que ocultamos, de tudo quanto amamos, de tudo que desejamos furtar aos olhos humanos. E ele a abre, viola-a, escancara-a, mostra-a em público! Não é isso atroz, .criminoso, infame?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Porque, como se pode fazer tal coisa? Quem poderá sabê-lo?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;” Tudo é mistério. Nós não nos comunicamos com as coisas senão por meio de nossos miseráveis sentidos, incompletos, frágeis, tão débeis que mal têm o poder de verificar o que nos rodeia. Tudo é mistério. Pense na música, essa arte divina, essa arte que nos arrebata a alma, que a transporta, que a embriaga, que a enlouquece; e que e ela, então? Nada!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Você não me compreende? Ouça. Dois corpos se chocam. 0 ar vibra. Essas vibrações são, mais ou menos, numerosas, mais ou menos rápidas, mais ou menos fortes, segundo a natureza do choque. Agora, nós temos no ouvido uma pequena membrana, que recebe essas vibrações do ar e as transmite ao cérebro, em forma de som. Imagine que um copo de água se transforme em vinho em sua boca. 0 tímpano realiza essa incrível metamorfose, esse surpreendente milagre de transformar o movimento em som. E isso é tudo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“A música, essa arte complexa e misteriosa, exata como a álgebra e vaga como um sonho, essa arte feita de matemáticas vibrações, resulta, portanto, da estranha propriedade de uma membrana. Se não existisse essa membrana, o som também não existiria. porque ele, em si, não passa de uma vibração. Sem o ouvido, se tornaria ele em música? Não! Pois bem, nós somos rodeados de coisas que Jamais perceberemos, porque nos faltam os órgãos necessários que no-las revelem.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“0 magnetismo pode ser uma dessas coisas, talvez. Nós não podemos senão pressentir-lhe o poder, mal tentamos timidamente sentir a proximidade dos espíritos, sem poder explicar esse novo segredo da natureza, porque não possuímos o instrumento revelador.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Quanto a mim - Quanto a mim, sou dotado de um poder espantoso. Dir-se-ia haver outro ser encerrado em mim, que deseja, sem cessar, evadir-se, agir à minha revelia, um ser que se move, que me rói, que me possui. Quem é ele? Nada sei, mas somos dois em meu pobre corpo, e é ele, o outro, que freqüentemente é o mais forte, como acontece esta noite.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Basta-me apenas olhar para as pessoas para adomecê-las. como se lhes houvesse ministrado ópio. Basta-me estender as mãos para produzir coisas… coisas horríveis. Você quer saber? Sim, você quer saber! Meu poder estende-se não só sobre os homens mas também sobre os animais e, mesmo… sobre os objetos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“E isso me atormenta e me apavora. Quantas vezes me assaltou o desejo de vazar os olhos e decepar as mãos!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Mas eu quero… quero que você saiba de tudo! Venha! Vou mostrar-lhe aquilo… não sobre criaturas humanas, que isso todos sabem fazer, vê-se: em toda parte, mas sobre… sobre… um animal.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Chame Mirca!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele caminhava a passos largos, feito um alucinado, e suas mãos saíram dos bolsos. Elas surgiram assustadoras, como se ele houvesse desnudado duas espadas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu lhe obedecia maquinalmente, subjugado, vibrando de terror, mas devorado por uma espécie de desejo impetuoso de ver, de saber. Abri a porta e assobiei para minha cadela, que dormia no vestíbulo. Ouvi-lhe logo o raspar das unhas junto às escadas e ela surgiu alegre, balançando o rabo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em seguida, fiz-lhe sinal para deitar-se numa poltrona; ela obedeceu e Jacques começou a olhar para ela, afagando-a.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A Principio, a cadela parecia inquieta: estremecia, virava a cabeça. a fim de evitar o olhar fixo do homem, tomada de um medo sempre crescente. De repente, principiou a tremer, como tremem os cães. Todo seu corpo palpitava, sacudido de longos arrepios, e quis fugir dali. Mas Jacques pousou a mão sobre o crânio do animal, que emitiu, ao ser tocado, um desses longos uivos que se ouvem à noite pelos campos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sentei-me, também assustado, estarrecido, tanto, como se estivesse enjoando a bordo de um barco em mar agitado. Eu via os móveis caindo, moverem-se pelas paredes. E gaguejei:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Chega, Jacques, chega!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas ele não mais me escutava, olhava para Mirza com um olhar fixo, contínuo, assustador. Ela cerrou os olhos enquanto deixava tombar a cabeça como se houvesse adormecido. Jacques olhou para mim.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Está feito, agora você já viu.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E, atirando seu lenço para o outro lado do quarto, gritou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Traga-mo!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;0 animal então se levantou e, tropeçando, cambaleando, como se estivesse cego, mexendo suas patas a custo, como os paralíticos fazem com suas pernas, seguiu na direção do lenço, que parecia uma mancha branca no chão. Ela tentou várias vezes pegá-lo na boca, mas mordia aos lados, sem atingi-lo, como se não o visse. Afinal alcançou-o e voltou para nosso lado, sempre  parecendo um cão presa de sonambulismo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era um espetáculo horrível de ver. Jacques ordenou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Deite-se!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela deitou-se. Então, ele lhe tocou a testa e disse:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Uma lebre! Pega, pega!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- E o animal, sempre de lado, tentou correr movendo-se como se estivesse dormindo, e emitiu, sem abrir muito a goela, pequenos latidos de ventríloquos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Jacques parecia ter enlouquecido. 0 suor jorrava-lhe da testa. Gritou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Morda, morda seu patrão!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A cadela teve dois ou três terríveis sobressaltos. Eu teria jurado que ela estava resistindo à ordem, que relutava. Ele repetiu:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Morda-o!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Então, levantando-se, a cadela veio para meu lado e eu recuei para junto da parede, fremindo de medo, o pé levantado para repeli-la.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas Jacques ordenou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Aqui, depressa!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela obedeceu-lhe. Então, com suas mãos enormes, ele pôs-se a esfregar a cabeça do animal, parecendo desembaraçá-lo de invisíveis liames.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mirca reabriu os olhos:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Pronto, está acabado, – disse Jacques.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não ousei sequer tocá-la, e enxotei-a até à porta, por onde saiu. Caminhava lentamente, insegura, esgotada, e ouvi suas unhas novamente arranharem o chão.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Jacques dirigiu-se a mim novamente:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- E isso não é tudo. 0 que mais me espanta, eis aqui, tome! Os objetos me obedecem também.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele tinha posto sobre a mesa uma espécie de corta, papel, de que me servia para cortar as páginas dos livros. Estendeu a mão para o objeto, que parecia rastejar, aproximando-se lentamente; e de súbito eu vi, sim, o corta-papel estremecer, depois agitar-se, deslizar suavemente, sozinho, sobre a madeira, rumo à mão que o aguardava, colocando-se-lhe entre os dedos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pus-me a gritar de terror. Também acreditei ter enlouquecido, mas o agudo de minha voz logo me acalmou.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Jacques recomeçou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Todos os objetos vêm, assim, à minha ordem. É por isso que oculto as mãos. Que será isso? Magnetismo, eletricidade, ímã? já não sei mais nada, porém, isso é horrível.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“E compreende você, também, por que é horrível? Quando estou só, assim que me encontro só, não posso impedir-me de atrair tudo quanto me rodeia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“E passo dias inteiros mudando as coisas de lugar, não deixando nunca de experimentar esse abominável poder, como para verificar se ele não me deixou!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele havia metido de novo suas enormes mãos nos bolsos e olhava para as trevas, além da vidraça. Um pequeno ruído, um leve movimento pareceu sacudir a folhagem, por entre o arvoredo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era a chuva que começava a cair.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Murmurei:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- É espantoso!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fie acrescentou:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- É horrível.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um estrondo percorreu a folhagem, semelhante a uma rajada de vento. Era o aguaceiro, a pancada d’água, chovia torrencialmente.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Jacques começou a respirar a plenos pulmões, soerguendo o tórax.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Deixe-me, – disse – a chuva vai acalmar-me. Neste momento, desejo ficar só.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Autor: &amp;nbsp;Guy de Maupassant&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2015/01/gui-de-maupassant-um-louco.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://4.bp.blogspot.com/-5xFUP1pArCg/VKsYL5QFcPI/AAAAAAAAIYU/K6uni4nHtfs/s72-c/mauhumor.JPG" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-7453507421823328876</guid><pubDate>Thu, 12 Jun 2014 19:16:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-06-12T16:16:13.312-03:00</atom:updated><title>&quot;Maria, a Sanguinária&quot; (Bloody Mary).</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-d9PQM5tHFyc/UBsjM4DqaEI/AAAAAAAAE-Y/WIuNPS9f8X0/s1600/images+%252823%2529.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-d9PQM5tHFyc/UBsjM4DqaEI/AAAAAAAAE-Y/WIuNPS9f8X0/s1600/images+%252823%2529.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em 1978, o especialista em folclores, Janet Langlois, publicou nos Estados Unidos uma lenda que até hoje aterroriza os jovens do mundo inteiro, principalmente da América.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Trata-se de Bloody Mary, conhecida também como A Bruxa do Espelho, um espírito vingativo que surge quando uma jovem, envolta em seu cobertor, sussurra, à meia-noite, iluminado por velas. diante do espelho da casa de banho, 13 vezes as palavras Bloody Mary.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Segundo a lenda, o espírito de uma mulher cadavérica surge refletido no espelho e mata de forma sangrenta e violenta as pessoas que estão na casa de banho.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Há quem diga que Mary foi executada há cem anos atrás por praticar as artes negras, mas há também uma história mais recente envolvendo uma bela e extremamente vaidosa adolescente que, devido a um terrível acidente de automóvel, ficou com a face completamente desfigurada.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sofrendo muito preconceito, principalmente de seus amigos e familiares, ela decidiu vender a alma ao diabo pela chance de se vingar dos jovens que cultivam a aparência.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Muitos confundem a lenda da bruxa do espelho com a história da Rainha Maria Tudor (Greenwich 1516 - Londres 1558), filha de Henrique VIII e de Catarina de Aragão. Tendo se tornado rainha em 1553, esforçou-se para restabelecer o catolicismo na Inglaterra. Suas perseguições contra os protestantes valeram-lhe o cognome &quot;Maria, a Sanguinária&quot; (Bloody Mary).&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em 1554, desposou Filipe II da Espanha. Essa união, que indignou a opinião pública inglesa, ocasionou uma guerra desastrosa com a França, que levou à perda de Calais (1558).&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dizem que a Rainha, para manter a beleza, tomava banho com sangue de jovens garotas, mas é um fato não confirmado em sua biografia. No princípio da década de 70, muitos jovens tentaram realizar o ritual pois era comum nas casas suburbanas a presença de longos espelhos nas casas de banho banho sem janelas (pouca iluminação).&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Há um caso famoso de uma jovem nova-iorquina que dizia não acreditar na lenda, mas após realizar a &quot;mórbida brincadeira&quot;, levou um empurrão (é o que os familiares dizem), quebrou o lavatório e foi encontrada em estado de coma.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A jovem ainda vive nos EUA, mas sua identidade é um sigilo absoluto. Por que ainda hoje as crianças racionais continuam a chamar pela Bloody Mary, arriscando a vida diante de uma possível tragédia? O escritor Gail de Vos traz-nos uma explicação: &quot;As crianças com idade entre 9 e 12 anos vivem numa fase que os psicólogos chamam de síndrome de Robinson.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Este é o período em que as crianças precisam satisfazer seus desejos por aventura, arriscando-se em rituais, jogos e em brincadeiras no escuro. Eles estão constantemente procurando um modo seguro de extrair prazer e desafiar seus medos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É possível que essas crenças em bruxas do espelho tenham a sua origem nos velhos tempos, através das simpatias envolvendo jovens solteiras e futuros maridos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Há muitas variações desses rituais em que as jovens solteiras cantavam rimas diante dos espelhos e olhavam de súbito pois seria possível ver o reflexo do homem com quem vão casar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Já o conceito de espelhos como o portal entre o mundo da realidade e o sobrenatural também veio de épocas remotas. Antigamente, era comum cobrir os espelhos de uma casa em que uma morte tenha acontecido até o corpo ser levado para o enterro.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dizem que se por relance o corpo passar diante de algum espelho, o morto permaneceria na casa, pois o espelho apoderar-se-ia do seu espírito.&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-VskHdXs3Ntw/UCSwLyt-jgI/AAAAAAAAHBE/pD8LQ8uuYEE/s1600/bb-1.gif&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-VskHdXs3Ntw/UCSwLyt-jgI/AAAAAAAAHBE/pD8LQ8uuYEE/s1600/bb-1.gif&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2014/06/maria-sanguinaria-bloody-mary.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-d9PQM5tHFyc/UBsjM4DqaEI/AAAAAAAAE-Y/WIuNPS9f8X0/s72-c/images+%252823%2529.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-3427497051633404490</guid><pubDate>Thu, 05 Jun 2014 17:28:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-06-07T14:19:12.993-03:00</atom:updated><title> O gótico na poesia de Baudelaire </title><description>&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot; style=&quot;margin-bottom: 12pt;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEw/7ugTdw_Wp0U/s1600/o+tema+da+morte+no+g%25C3%25B3tico.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEw/7ugTdw_Wp0U/s1600/o+tema+da+morte+no+g%25C3%25B3tico.jpg&quot; height=&quot;165&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O poeta Charles Baudelaire era um leitor de Edgar Allan Poe (escritor, poeta, crítico literário americano e um dos percursores da literatura de ficção científica, fantástica, moderna e gótica) e também tradutor de seus textos. Em sua obra, questiona o excesso de moral e sentimentalismo e se opõe à vida burguesa e às convenções da época. Em 1857 publica &quot;Les Fleurs du Mal&quot; (As Flores do Mal), que incorpora o grotesco (termo surgido no século XVI quando foram descobertas pinturas ornamentais em&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/_cQqn7WrOsVw/Sj2BdL2zlyI/AAAAAAAAARA/pUUtR10h5Aw/s1600-h/179238_4.jpg&quot;&gt; &lt;/a&gt; regiões da Itália; derivado do italiano La Grottesca ou Grottesco, advindos de grotta - gruta) à linguagem do romantismo.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&amp;nbsp;Baudelaire utiliza em seus versos elementos góticos, fúnebres e repulsivos. São poesias carregadas que trazem o gosto pelo difícil e pela evasão capazes de unir elementos, até então, distantes do nosso pensamento.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O poema &quot;Uma Carniça&quot; (Une Charogne) de Baudelaire apresenta a união do grotesco com o sublime:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Recorda-te do objeto que vimos, ó Graça,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Por belo estio matinal,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Na curva do caminho uma infame carcaça&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Num leito que era um carrascal!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Suas pernas para o ar, tal mulher luxuriosa,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Suando venenos e clarões,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Abriam de feição cínica e preguiçosa&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;O ventre todo exalações.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Resplandecia o sol sobre esta cousa impura&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Por ver se a cozia bem&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E ao cêntuplo volvia à grandiosa natura&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;O que ela em si sempre contém;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E o céu olhava do alto a carniça que assombra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Como uma flor desabrochar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;A fedentina era tão forte e sobre a alfombra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Creste que fosses desmaiar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Moscas vinham zumbir sobre este ventre pútrido&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Donde saíam batalhões&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Negros de larvas a escorrer – espesso líquido&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Ao largo dos vivos rasgões.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E tudo isto descia e subia, qual vaga,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Ou se atirava, cintilando;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E dir-se-ia que o corpo, inflado de aura vaga,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Vivia se multiplicando.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E este universo dava a mais estranha música,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Água a correr, brisa ligeira,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Ou grão que o joeirador com movimento rítmico&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Vai agitando em sua joeira.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Apagava-se a forma e era coisa sonhada,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Um esboço lento a chegar,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;E que o artista completa na tela olvidada&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Somente por se recordar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Uma cadela atrás do rochedo tão preto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Nos olhava de olhar irado&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Para logo depois apanhar do esqueleto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;O naco que havia deixado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;- E no entanto serás igual a esta torpeza,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Igual a esta hórrida infecção,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Tu, sol de meu olhar e minha natureza,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Tu, meu anjo e minha paixão.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Isso mesmo serás, rainha das graciosas,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Aos derradeiros sacramentos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Quando fores sob a erva e as florações carnosas&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Mofar só entre os ossamentos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Minha beleza, então dirás à bicharia,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Que há de roer-te o coração,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Que eu a forma guardei e a essência de harmonia&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Do amor em decomposição.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No poema acima o poeta assume a postura do voyeur. O tema da morte é abordado de maneira mórbida, contemplado de imagens grotescas. Há a presença de dois extremos: a feiura do corpo em decomposição e a beleza da mulher, que acabou sendo comparada à carniça no sentido que esta beleza um dia será como a carniça. Esta aproximação não é de comum utilização na poesia lírica e tal fato resulta num estranhamento altamente perturbador que nos remete a conclusão que a finitude da vida seria bela. Há ainda uma mistura de sensações que compara a carniça com a mulher luxuriosa, como se o autor fosse seduzido pela visão macabra. O contraste do Belo e do Sublime se perpetua ao longo do poema. Nas três últimas estrofes se concentra a afirmação de que a beleza humana e feminina é finita e será absorvida pela Natureza. A carniça seria o destino final de qualquer ser e dele ninguém poderia fugir.&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;Autora: Giselle Campos DRE: 108062471&lt;br /&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &amp;quot;Times New Roman&amp;quot;,&amp;quot;serif&amp;quot;; font-size: 12.0pt; mso-fareast-font-family: &amp;quot;Times New Roman&amp;quot;; mso-fareast-language: PT-BR;&quot;&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-uSdNYM5pKYA/U1Gmnq5LsLI/AAAAAAAAIGQ/Yvx1-OPym-g/s1600/goticus_eternus.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-uSdNYM5pKYA/U1Gmnq5LsLI/AAAAAAAAIGQ/Yvx1-OPym-g/s1600/goticus_eternus.jpg&quot; height=&quot;320&quot; width=&quot;230&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2014/06/o-gotico-na-poesia-de-baudelaire.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEw/7ugTdw_Wp0U/s72-c/o+tema+da+morte+no+g%25C3%25B3tico.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-9093126617655182043</guid><pubDate>Mon, 28 Apr 2014 02:08:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-04-27T23:08:04.575-03:00</atom:updated><title>NOITES NA TAVERNA, Álvaro de Azevedo</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_8/AMifi2bjg3I/s1600/129.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_8/AMifi2bjg3I/s1600/129.jpg&quot; height=&quot;320&quot; width=&quot;204&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Análise da obra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A obra foi escrita em 1878. São contos fantásticos, macabros. Numa taverna, em noite escura de tormenta, entre mundanas bêbadas e adormecidas, jovens boêmios (Solfieri, Johann, Gennaro, Bertran, Hermann e Arnold) resolvem, por desafio, contar casos verdadeiros e escabrosos que tivessem vivido. O livro compõe-se dessas narrativas, e é o que de melhor a literatura brasileira possui no gênero fantástico, que tinha em Hoffmann seu modelo e em Edgar Allan Poe um verdadeiro gênio do terror.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Movido pela imaginação exacerbada, a obra apresenta os desvarios do poeta envolvido por uma conturbação febril, na qual se deixa influenciar por quase todas as grandes características das novelas mórbidas do século XIX. Visivelmente artificiais, as narrativas que constituem o cerne desta obra recebem certa dose de magia e coerência por envolver o leitor, prender-lhe a atenção, dirigi-lo ao final. E se as história relatadas não são verossímeis, pelo menos disfarçam suas incoerências pela atração com que o autor conduz sua imaginação, de modo que quase parecem reais, colocando-as envolvidas por uma onda infindável de orgias deboches, sátiras, paixões transfiguradas, relatadas pela pequena galeria de personagens boêmios que vão tomando a palavra. Das páginas de Noite na Taverna vão surgindo relatos impregnados de um clima inumano e anormal.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Noite na Taverna é uma narrativa (novela ou conto) construída em sete partes, contendo epígrafes e os nomes de cada personagem, como subtítulos, antecedendo as narrativas, contadas em uma taverna. Há, na última parte, o entrelaçamento da história de Johann e de alguns personagens.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mais do que pelos elementos romanescos e satânicos que a condimentam (violentação, corrupção, incesto, adultério, necrofilia, traição, antropofagia, assassinatos por vingança ou amor), a obra impõe-se pela estrutura: um narrador em terceira pessoa introduz o cenário, as personagens, a situação, e praticamente desaparece, dando lugar a outros narradores - as próprias personagens, que em primeira pessoa contam, uma a uma, episódios de suas vidas aventureiras.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na última narrativa, a presença física (na roda dos moços) de personagens mencionadas em uma narrativa anterior faz com que todo o ambiente fantástico e irreal dos contos se legitime como verídico.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Noite na Taverna, obra escrita em tom bastante emotivo, antecipa em vários aspectos a narração da prosa moderna: a liberdade cênica, a dupla narração e suas confluências, a mistura do real ao fantástico conferem atualidade à obra, apesar de toda a atmosfera byroniana e gótica.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;br /&gt;&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;Primeira parte&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A primeira parte constitui uma espécie de apresentação do ambiente da taverna, da roda de bebedeira, de devassidão em que se encontram os personagens, do clima notívago e vampiresco. O tom declamatório anuncia a noitada e as história que estão por vir.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As primeiras páginas deixam antever o clima das geração do mal do século, a irreverência incontida, a tendência a divagações literário-filosóficas, a vivência sôfrega e, principalmente, a morbidez e a lascívia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Entre os &quot;brados&quot; e as taças que circulavam, são apresentados os personagens, e alguns deles tomas a palavra. Em primeira pessoa, relatam histórias pessoais.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O primeiro a tomar a palavra é Solfieri que faz suas evocações, remontando-as a Roma, a &quot;cidade do fanatismo e da perdição&quot;, onde &quot;na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o crucifixo lívido&quot;. Certa noite, Solfieri vê um vulto de mulher. Segue-a até um cemitério; o vulto desaparece e o personagem adormece sob o frio da noite e a umidade da chuva. A visão deste vulto de uma mulher atordoou o personagem durante um ano, nada o satisfazia na troca de amores com mundanas. Uma noite, após prolongada orgia, saio vagando pelas ruas e acaba entre &quot;as luzes de quatro círios&quot; que iluminavam um caixão entreaberto. Lá estava a mulher que lhe provocara tantas alucinações e insônias. Era agora uma defunta. O homem tomou o cadáver em seus braços, despiu-lhe o véu e...&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas, para disfarçar o caso de necrofilia, a mulher não estava morta, apenas sofrera um ataque e catalepsia. Ao perceber que a mulher não havia morrido, Solfieri levou-a para seu leito, contemplou-a e ela, depois de breve delírio, vaio a falecer. Solfieri mandou fazer uma estátua de cera da virgem, guardou-a em seu quarto, conservou com uma grinalda de flores.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Johann, Bertram, Archibald, Solfieri, o adormecido, Arnold e outros companheiros estão na taverna, dialogando sobre loucuras noturnas, enquanto as mulheres dormem ébrias sobre as mesas. Falam das noites passadas em embriaguez e pura orgia. Solfieri os questiona a respeito da imortalidade da alma, sendo mais velho, parece não crer nela, por isso, Archibald o censura pelo materialismo. Solfieri acredita na libertinagem, na bebida e na mulher sobre o colo do amado. Os homens só se voltam para Deus quando estão próximos da morte, Deus é, pois, a &quot;utopia do bem absoluto&quot;.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;&lt;b&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;Segunda parte - Solfieri e a Necrofilia&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Solfieri decide contar sua história, conforme sugere Archibald, desejoso de histórias fantásticas, cheias de sangue e paixão. Conta, então, que uma noite, ao vagar por uma rua, em Roma, passa por uma ponte, quando as luzes dos palácios se apagam. Vê a sombra de uma mulher chorando, numa escura e solitária janela, parecendo uma estátua pálida à lua.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela canta mansamente, saindo para a rua, sempre seguida por Solfieri. Pela manhã, ele percebe que está em um cemitério, sem saber, ao certo, se adormeceu ou desmaiou. Sente muito frio, adoece, delira, tendo visões com a bela e pálida mulher. Retorna a Roma um ano depois, sem encontrar alento nos beijos das amantes, perseguido pela visão da mulher do cemitério. Certa noite, muito bêbado, após uma orgia, se encontra num templo muito escuro e, vendo um caixão semi-aberto, crê que a mulher está lá dentro. Arranca-lhe a mortalha, faz amor com ela, que, pela madrugada, dá sinais de vida, retornando da catalepsia para desmaiar em seguida.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Solfieri coloca sua capa sobre a moça e foge com ela. Encontra com o coveiro e depois com a patrulha, que o considera um ladrão de cadáveres. Justifica-se, apresentando a esposa desfalecida. Ao chegar em casa, a moça grita, ri e estremece, morrendo 2 dias depois. Solfieri levanta o piso do quarto para dar lugar ao túmulo, suborna, antes, um escultor que lhe faz em cera a estátua da virgem. Aguarda um ano para estátua definitiva ficar pronta.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Volta-se para Bertram, recordando-lhe a visita deste em sua casa e de a ter visto por entre véus, sendo a ela apresentado como &quot;uma virgem que dormia&quot;. Os amigos surpresos com a história desejam saber se se trata de um conto, mas ele jura por todo mal existente que não. Como prova, mostra sob a camisa a grinalda de flores mirradas, pertencente à moça.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Terceira parte - Bertran e a Antropofagia&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A seguir, Bertram, um dinamarquês ruivo, de olhos verdes, conta que, também, uma mulher, uma donzela de Cadiz, Angela, o levou à bebida e a duelar com seus três melhores amigos e a enterrá-los. Quando decide casar com ela e consegue lhe dar o primeiro beijo, recebe carta do pai, pedindo seu retorno à Dinamarca. Encontra o velho já moribundo, chora, mas por saudades de Angela. Dois anos depois, vende toda fortuna, coloca o dinheiro num banco de Hamburgo e volta para a Espanha. Encontra a moça casada e mãe de um filho. A paixão persiste e os amantes passam a se encontrar às escondidas, vivendo verdadeiras loucuras noturnas até que o marido, enciumado, descobre tudo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma noite, Angela, com a mão ensangüentada, pede ao rapaz para subir até sua casa e por entre a penumbra, ele encontra o marido degolado e sobre seu peito, o filho de bruços, sangrando. Angela deseja fugir em sua companhia, saem pelo mundo, ela vestida de homem vive grandes orgias. Foge mais tarde, deixando o rapaz entregue às paixões e vícios.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Bertram bêbado e ferido é atropelado por uma carruagem, diante de um palácio, sendo socorrido por um velho fidalgo, pai de uma bela menina, que, mais tarde, foge para casar-se com Bertram. Vendida em uma mesa de jogo a Siegfried, um pirata, ela o mata e o envenena, afogando-se a seguir. De dissipação em dissipação, o rapaz resolve matar-se no mar na Itália, mas salvo por marinheiros, fica sabendo que a pessoa que o salvou acabou, acidentalmente, morta por ele. São socorridos por um navio e Bertram é aceito a bordo em troca de que combatesse se necessário.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas, apaixona-se pela pálida mulher do comandante e, durante uma batalha contra um navio pirata, ele o trai, fazendo amor com a mulher. O navio encalha em um banco de areia, despedaçando-se aos poucos - os náufragos agarram-se a uma jangada e, em meio à noite e à tempestade, o casal vive horas de amor. Vagam a ermo pelo mar as três figuras, sobrevivendo de bolachas e, mais tarde, tiram a sorte para ver quem morrerá. O comandante perde, clama por piedade, mas Bertram se nega ouvi-lo, prefere a luta. Mata o comandante, que serve, por dois dias, de alimento a Bertram e a mulher. Ela propõe morrerem juntos, ele aceita. O casal gasta as últimas energias se amando. A mulher, enlouquecida, começa a gargalhar, Bertram febril a sufoca. Ela é levada pelas águas, enquanto o rapaz é salvo pelo navio inglês, Swallow.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quarta parte - Gennaro e a Traição das Traições&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A próxima história é a de Gennaro. Sua narrativa é sobre um velho pintor, Godofredo Walsh, casado com uma jovem de 20 anos, Nauza, que lhe serve de modelo e é amada como a filha do primeiro casamento, Laura, garota de 15 anos. Gennaro, aos 18 anos, é aprendiz de pintor e aluno de Godofredo. Vive na casa do mestre como um filho, recebendo, no corredor, antes de dormir, beijos de Laura. Um dia, desperta e a encontra em sua cama, perdendo a cabeça diante da estonteante beleza da virgem. A cena se repete ao longo de 3 meses, quando a menina lhe diz que deve pedi-la em casamento, porque espera um filho. O moço nada responde, ela desmaia e se afasta, tornando-se cada dia mais pálida.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O pintor definha com a tristeza da filha, passeia pelos corredores à noite e deixa de pintar. Uma noite, Gennaro é chamado, porque Laura está morrendo e murmura seu nome. O moço aproxima-se e, ela, sussurrando-lhe ao ouvido o perdão, diz que matou o filho e dá o último suspiro. O velho passa o ano endoidecido, chora todas as noites no quarto da morta, arfando ou afogando-se em soluços.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Enquanto isso, o rapaz e Nauza amam-se em seu leito. Uma noite, o velho o arranca da cama e o leva até o dormitório de Laura. Levanta o lençol que cobre um painel, descortinando a imagem moribunda de Laura, que murmura algo no ouvido do cadavérico Gennaro. Atordoado, o aprendiz confessa tudo a Godofredo.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No dia seguinte, o velho se comporta naturalmente, sem mencionar o ocorrido, lamenta apenas a falta da moça. Sonâmbulo, repete a mesma cena ao longo de várias noites e, numa delas, Nauza é testemunha. Uma noite de outono, após a ceia, Walsh convida Gennaro para um passeio fora da cidade. Após contornar um despenhadeiro, pede ao rapaz para esperá-lo, dirigindo-se a uma cabana de onde sai uma mulher. Depois, junta-se a Gennaro e ao chegar à beira de um penhasco, descreve a traição, envolvendo a filha e a esposa.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pede ao rapaz para jogar-se precipício abaixo. Gennaro assim o faz, mas, após uma noite de delírios, acorda salvo por camponeses, em uma cabana. Decide retornar à casa de Walsh e pedir-lhe perdão, entretanto encontra pelo caminho o punhal do pintor. Decide vingar-se, mas encontra Nauza e Godofredo envenenados e apodrecidos, talvez, com o veneno obtido com a mulher da cabana.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quinta parte - Claudius Hermann e a Paixão de Morte&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Claudius Hermann, após preâmbulos em que discursa com os amigos de orgia acerca de diversos temas, expõe sua história, onde narra suas loucuras e orgias e de como desperdiçou uma fortuna no turfe, em Londres, onde vê uma bela amazonas, a duquesa Eleonora, esposa do duque Maffio. Antes de prosseguir com a história, Bertram indaga sobre a poesia, descrita como um punhado de sons e palavras vãs, enquanto Claudius a considera um prazer extremado, o que há de belo na natureza. Os colegas os interrompem, pedindo ao narrador que retome a história.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No dia em que avista a bela duquesa, Hermann dobra sua fortuna e, à noite, no teatro, a vê, mais uma vez. Ao longo de 6 meses, encontra a senhora em bailes e teatros até que decide comprar de um criado a chave do castelo. Entra, sorrateiramente, quando ela já está adormecida e coloca-lhe nos lábios narcótico. Aguarda que durma profundamente e, então, a possui, repetindo o fato, noite após noite, durante um mês.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Certa vez, após um baile, entra no quarto de Eleonora e vendo um copo com água junto à sua cabeceira, derrama nele o narcótico. Entram a duquesa e o duque que, antes de sair do quarto, prometendo-lhe retornar, bebe um pouco do líquido, seguido por ela. Claudius sabe que Maffio não virá ao quarto e que Eleanora dormirá profundamente.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ergue-a do leito e foge com ela numa carruagem, chegando, ao meio-dia, a uma estalagem. Mais tarde, a duquesa desperta e surpresa por não estar em seu palácio, grita por socorro, desespera-se, ameaçando jogar-se pela janela. O rapaz lhe declara profundo amor e lhe descreve o rapto, dando-lhe duas horas para pensar se fica ou não com ele. Inconformada a princípio, decide aceitar o amor oferecido, pois a família e amigos, certamente, não a aceitariam mais.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao retornar, Claudius a encontra debruçada sobre um de seus versos. Interrompe a narrativa, retira um papel do bolso, mostrando o verso aos colegas. Conta que Eleonora lhe respondeu que ficava, mas caiu desmaiada.Dito isso, o rapaz tomba por sobre a mesa, calando-se. Archibald o sacode, implora para que desperte. Solfieri e os companheiros desejam saber sobre a duquesa, mas o rapaz está confuso, não se recorda de mais nada.Ouvem a gargalhada do louro Arnold que despertando, dá continuidade ao relato, dizendo que um dia Claudius entrou em casa e encontrou sobre a cama ensopada de sangue dois cadáveres; o Duque de Maffio matou Eleonora e enlouquecido, suicidou-se em seguida. Arnold estende a capa no chão e volta a dormir.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sexta parte - Johann e o Incesto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Johann decide contar sua história. Está em um bilhar em Paris, jogando com Artur que, numa jogada definitiva para Johann, se encosta à mesa, por descuido ou de propósito. A mesa estremece e Johann é levado à derrota. O perdedor, enlouquecido de raiva, desafia o parceiro para um duelo. Antes porém, Artur pede ao adversário que, caso morra, entregue a carta, que está em seu bolso, e o anel no seu dedo, para uma mulher que dirá, mais tarde quem é.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Saem com duas pistolas, uma carregada, a outra não; Artur é alvejado e morre, apontando para o bolso. Johann tira-lhe o anel, colocando-o em seu dedo e, a seguir, encontra dois papéis no bolso do morto: uma carta para a mãe, e outra indicando o horário e endereço para um encontro. O rapaz decide tomar o lugar de Artur. Descobre que aí mora a virgem namorada do rival que acaba na cama com Johann, num quarto escuro.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De repente, interrompe a narrativa, enche o copo e o bebe com estremecimento. Prossegue, narrando que ao sair do quarto, encontra um vulto à porta, cuja voz lhe soa familiar. É atacado com uma faca, luta ferozmente com o vulto; um homem desconhecido, que deixa cair o punhal, morrendo sufocado pela mão de Johann. Ao se retirar, tropeça numa lanterna e decide ver o rosto do estranho, estremece, a luz da lanterna se apaga. Vai arrastando o corpo até um lampião e, para sua surpresa, descobre tratar-se de seu irmão. Louco de terror retorna ao quarto, mas, outra vez, interrompe a narrativa, bebe mais um copo. Diz que encontrando a donzela desmaiada, a levou para a janela e percebeu que estava com a irmã nos braços.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Última parte - O Último Beijo de Amor&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Com Último beijo de amor, Álvares de Azevedo fecha a obra Noite na Taverna.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É noite alta na taverna, todos dormem. Entra uma mulher pálida, vestida de negro, procurando alguém com uma lanterna na mão. Vê Arnold, tenta beijá-lo, mas o deixa em paz, voltando-se para Johann, tornando-se, subitamente, sombria. Traz, além da lanterna, um punhal, que crava no pescoço deste último, enxugando as mãos ensangüentadas no cabelo do ferido. Vai até Arnold e o desperta. Ele a reconhece; é a irmã de Johann, agora transformada na prostituta Giorgia, a quem Arnold pede que lhe chame de Artur, como outrora.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O rapaz recorda-se do duelo, do tempo passado no hospital para se recuperar, o desespero e a vida de devassidão a que se entregou por não encontrar mais Giorgia. Deseja ficar junto dela agora, mas a moça acha que é tarde demais, pede-lhe apenas um beijo de despedida, porque vai morrer. Leva Arnold até o corpo de Johann, dizendo que o matou por ter sido por ele desonrada, a ela que era sua irmã. Arnold horrorizado cobre o rosto, enquanto Giorgia cai ao chão. Arnold aperta o punhal contra o peito e cai sobre ela, sufocando os dois gemidos de morte. A lâmpada apaga-se.&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2014/04/noites-na-taverna-alvaro-de-azevedo.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://2.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_8/AMifi2bjg3I/s72-c/129.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-3014058134222796659</guid><pubDate>Fri, 18 Apr 2014 22:43:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-06-07T23:30:43.699-03:00</atom:updated><title>O Mausoleu...</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-n0sTyQ6H0Lc/U1Gox_hKvEI/AAAAAAAAIG4/eon3dL4JVvI/s1600/images+%252831%2529.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-n0sTyQ6H0Lc/U1Gox_hKvEI/AAAAAAAAIG4/eon3dL4JVvI/s1600/images+%252831%2529.jpg&quot; height=&quot;301&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-n0sTyQ6H0Lc/U1Gox_hKvEI/AAAAAAAAIG0/E4ulPfgpRLc/s1600/images+(31).jpg&quot;&gt;Mario chega à sua casa e encontra um estranho a sua espera. Ele estava bem vestido, de terno e gravata, cabelo bem penteado, sapatos lustrados e um sorriso branco estampado do rosto.&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Você não me conhece, mas eu te conheço muito bem, meu nome é Romeu e sou da policia federal.” – disse o homem mostrando uma identificação.&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele congelou da cabeça aos pés, sabia que ai viria problema e ele provavelmente seria preso. Seu ultimo trambique foi genial, ele roubou todo o &lt;a href=&quot;http://www.contosehistoriasdeterror.com/2009/11/contos-de-terror.html&quot;&gt;dinheiro&lt;/a&gt; de uma mulher casada depois de seduzi-la e jurar amor eterno, supostamente estavam roubando o dinheiro do marido e iriam fugir, porém ele fugiu só deixando-a de mãos vazias.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Não se preocupe, não vim te prender. Eu sei que você é um dos melhores trapaceiros da cidade, pois já venho te investigando há algum tempo. Acontece que estou planejando minha aposentadoria e tenho um plano que pode tornar meus sonhos e os seus em realidade.” – respondeu Romeu.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Vamos entrar para termos mais privacidade.”&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os dois entraram na casa e o plano foi explicado para Mario que achou tudo muito simples, mas deveria &lt;a href=&quot;http://www.contosehistoriasdeterror.com/2009/11/contos-de-terror.html&quot;&gt;funcionar&lt;/a&gt; e acabar de vez com seus dias de trapaça, pois o esquema envolvia muito dinheiro. Romeu falsificaria vários documentos dentro da policia e Mario se passaria por um milionário que iria ao banco para transferir dinheiro para o exterior. Se tudo desse certo eles transfeririam o dinheiro para várias contas em diversos países, o que deixaria quase impossível de rastrear e os dois passariam o resto de suas vidas em férias.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Alguns dias se passaram e o momento do golpe chegou, Mario foi ao banco e seguiu todas as instruções de Romeu. Duas horas depois a transferência foi confirmada. Ele saiu do banco contente, sua vida iria mudar. Entrou em seu carro e foi dirigindo em direção ao aeroporto por onde escaparia para a Europa e depois que ele estivesse com o dinheiro na mão decidiria para onde ir. Ele parou em um sinaleiro onde foi abordado por Romeu. Mario abriu a porta confuso, pois supostamente Romeu deveria estar no aeroporto a sua espera.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“O esquema foi por água abaixo, te descobriram e estão te procurando por toda a cidade, você tem que se esconder e rápido, a policia federal esta em massa no aeroporto.” – explicou Romeu. O coração de Mario disparou, o medo tomou conta de seu corpo tremulo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“-Não pode ser, aonde vou me esconder? Eu não tenho pra onde ir”&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“-Comigo não vai ser, pois eu não vou em cana com você. Pensando bem, minha família tem um mausoléu no cemitério no centro da cidade, se você tiver coragem posso te levar lá pois tenho a chave. A tumba de baixo da sala principal é grande e você pode ficar escondido por um tempo, se você não se importar de passar um tempo com meus familiares já mortos.” – disse Romeu com um sorriso sombrio.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Acho que não tenho escolha.” – respondeu Mario.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eles chegaram ao cemitério em minutos e Romeu levou Mario até o lugar. O mausoléu era enorme e muito bonito, deveria pertencer á uma família com &lt;a href=&quot;http://www.contosehistoriasdeterror.com/2009/11/contos-de-terror.html&quot;&gt;muito dinheiro&lt;/a&gt;, pois custavam muito caro. Romeu abriu o portão e eles entraram, Mario notou que no chão havia uma porta que dava para a parte de baixo onde os corpos ficavam armazenados em gavetas. Romeu retirou o cadeado e abriu a porta.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“-Entra ai, no final do corredor tem um disjuntor onde você liga a luz. Mais tarde eu volto e te trago comida.” – disse Romeu.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mario pegou uma lanterna que estava no do lado da porta e foi entrando, seu rosto estava todo suado, seu corpo tremia, ele não queria entrar ali, pois tinha muito medo, porém sabia que não restava outra opção. Quando entrou na sala olhou para as gavetas onde os corpos ficavam e se apavorou, gritou e correu em direção a porta para sair de lá, provavelmente a cadeia era melhor do que aquele lugar sombrio. Ele se surpreendeu quando olhou para a porta e viu Romeu não estava mais lá, a porta se fechou com força, o eco do metal dentro da sala o deixou tonto por alguns segundos e quando retornou a si começou a bater na porta e gritar por Romeu. O terror foi tomando conta de seu corpo até que ele desmaiou.&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Horas depois ele acordou do susto, seu corpo doía pela queda da escada quando desmaiou. A luz que vinha da lanterna agora estava fraca e quase não iluminava mais. Mario chorou, estava com medo, dor e fome. Ficou imaginando se seu parceiro iria regressar ou iria deixá-lo para morrer nesse lugar tenebroso e ficar com todo o dinheiro. O ar da sala estava ficando pesado, ele sentia que não havia muito oxigênio restante. Ele se levantou e começou a olhar as portas das gavetas onde ficavam os corpos. Olhava o retrato e o nome, notou que muita gente foi enterrada ali e o mausoléu era antigo. Percebeu que duas fotos em duas gavetas eram bem recentes, pois as fotos eram novas e foi conferir. Seu grito uma vez mais soou pelo mausoléu, o terror do que tinha visto o fez urinar. As gavetas tinham o nome Romeu Castilho e Amanda Castilho. Amanda foi a mulher que ele roubou todo o dinheiro em sua ultima trapaça e Romeu seu suposto parceiro. Mario não sabia que ela tinha morrido e estava confuso, ele escutou um barulho de papel, olhou para o chão e viu que estava pisando em um pedaço de jornal. Ele pegou o papel e viu a foto do casal, o titulo dizia: Marido mata esposa e se suicida quando soube que foi roubado. Mario grita uma vez mais, pois sabia que ninguém viria resgatá-lo. O golpista levou o golpe final.&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot;&gt;(Autor desconhecido)&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAM/jt09K8c41Nw/s1600/ffgh.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAM/jt09K8c41Nw/s1600/ffgh.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot;&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2014/04/o-mausoleu.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-n0sTyQ6H0Lc/U1Gox_hKvEI/AAAAAAAAIG4/eon3dL4JVvI/s72-c/images+%252831%2529.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-6827689199968360056</guid><pubDate>Mon, 13 Jan 2014 16:23:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-04-13T08:21:04.640-03:00</atom:updated><title>As várias faces do estilo gótico</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-VkBqJxuQyEU/UBsZ4HoWL0I/AAAAAAAAE9Y/QfzdSuK_E9A/s1600/La_musica_del_silencio_by_ELENADUDINA_thumb%255B3%255D.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-VkBqJxuQyEU/UBsZ4HoWL0I/AAAAAAAAE9Y/QfzdSuK_E9A/s200/La_musica_del_silencio_by_ELENADUDINA_thumb%255B3%255D.jpg&quot; height=&quot;195&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;Os teóricos da literatura empregaram muito tempo em delimitações temporárias e subcategorizações da novela gótica. Como o representado por Walpole e Sophia Lee, diferenciado pela falta de explicação aos fenômenos sobrenaturais. O Gótico Ilusório de Ann Radcliffe; onde tudo encontra uma explicação racional. O Gótico Satânico, representado por Mathew Gregory Lewis; onde o explicável e o inexplicável se misturam e os fatos se apresentam de forma rude, sem uma prévia aclimação ao terror. Este segmento também foi continuado por Maturin. Há ainda o Realismo Negro, Gótico Filosófico ou Didático Gótico, marginal ou como uma paródia. Assim, limitando-se com freqüência ao século XVIII e princípios do XIX, com o qual unicamente Walpole, Radcliffe, Maturin e Lewis destacam na lista. Para outros, a acepção é muito mais ampla e inclui à prática totalidade dos grandes autores da literatura ocidental, mesmo na poesia dos mestres do Pré-Romantismo, do Romantismo e Ultra-Romantismo.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;img src=&quot;file:///C:/DOCUME~1/ADMINI~1/CONFIG~1/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image001.jpg&quot; /&gt;Da cripta da mente humana saíram as obras mais gloriosas:Hamlet, Fausto, A divina comédia e uma infinidade mais. Obras muito diferentes entre si, mas com o elemento comum de ser uma reação oculta (ou não), inconsciente (ou não) do autor contra seu meio. Devido às características de estilo de um tipo de obra que exige concentrar ao máximo a essência emocional e vivencial do autor (ainda que transmutada até o irreconhecível), junto com o fato de que os elementos simbólicos que aparecem nela são comuns ao subconsciente de todos nós, a novela gótica se caracteriza por sua capacidade para captar o atendimento e induzir a mais profunda concentração ao leitor, por penetrar em seu cérebro e mostrar-lhe seus próprios fantasmas e desejos.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Chris Baldick, em sua introdução The Oxford Book of Gothic Tales, assinala magistralmente: &quot;Em sua estrutura podemos reconhecer os porões e criptas do desejo reprimido, os devaneios e campanários da neurose, o mesmo ao aceitarmos o convite de&amp;nbsp;&lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/allan.htm&quot;&gt;Poe&lt;/a&gt; para ler o Palácio Assombrado, tanto do poema como da alegoria da mente de um louco&quot;.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os elementos sobrenaturais e de fantasia são tão inerentes ao gênero humano que suas primeiras obras literárias (por não falar de suas crenças) são estritamente fantásticas. Realmente se pode apreciar que entre A Odisséia e O Senhor dos Anéis decorreram mais de dois mil anos? A forma narrativa da fantasia mudou um pouco, só um pouco. Também se diversificou e num mesmo tempo aparecem diferentes correntes, mas as motivações e os elementos utilizados (à grosso modo), são idênticos. Para o leitor, a principal motivação é ausentar-se de seu aborrecedor mundo. Mas para isso, alguns elementos são necessários:&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;&lt;br /&gt;&lt;/u&gt;&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;Ambientes Desconhecidos&lt;/u&gt;:&amp;nbsp;&lt;/b&gt;Lugares e épocas passadas ou inexistentes que não possam recordar-nos nosso presente (ambientação na Idade Média durante o século XVIII. No final do século XX em planetas desconhecidos, naves espaciais, épocas futuras, mas também em épocas passadas). Quanto mais viagens, sejam geográficas ou cronológicas, melhor será.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;Personagens Fascinantes:&amp;nbsp;&lt;/u&gt;&lt;/b&gt;Personagens sempre inteligentes, enigmáticos e misteriosos, conscientes de sua culpa e atraentes.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;u&gt;&lt;br /&gt;&lt;/u&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;Romantismo :&amp;nbsp;&lt;/u&gt;&lt;/b&gt;Este ponto precisa de exemplos?&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;Perigo &lt;/u&gt;:&amp;nbsp;&lt;/b&gt;Presença obrigatória. O perigo sempre está presente através do terror.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;Garotas em apuros&lt;/u&gt;&amp;nbsp;&amp;nbsp;&lt;/b&gt;Tradicionalmente, para ser salva pelo herói. Possui um papel secundário. Inclusive na pura literatura gótica, que ocorre em pleno processo de emancipação feminina, e cujas mais importantes autoras são mulheres.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;img src=&quot;file:///C:/DOCUME~1/ADMINI~1/CONFIG~1/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image002.jpg&quot; /&gt;Assim podemos perceber que a literatura gótica não é um gênero que nasceu subitamente e morreu numa época determinada, senão um mesmo gênero, o do sobrenatural (A odisséia não era fantasia. Para os povos da época, os deuses eram reais, não personagens de ficção), que no século XVIII põe em moda uns elementos de ambientação muito concretos, os quais simplesmente substituem a outros, e que, no futuro (hoje) serão por sua vez substituídos pelas novas visões que impõe a evolução de nossa história, mas que, basicamente, a cripta do monge e a cabine da nave cumprem exatamente o mesmo cometido, bem como Frankenstein. O medo, os medos clássicos, primitivos, não são um invento gótico, como alguns sustentam. Os personagens podem nascer e viver numa nave espacial, não há problema. Mas se queremos desintoxicarmos da visão futurista, podemos fazê-los conviver com os cruzados, com os antigos egípcios e inclusive com o neanderthal. Hoje em dia há dúzias de contos com esses temas, conseqüência da popularização dos estudos univer-sitários e a acessibilidade a todo tipo de documentação. Esses temas, baseiam-se nas mesmas causas não premeditadas que fez a Idade Média tornar-se moda no século XVIII (as descobertas das ruínas de Herculano e Pompéia e das ruínas medievais deram lugar a obsessivos estudos sobre o passado que marcaram a arte e o pensamento de toda uma época). A ciência, a técnica e o apogeu do conhecimento sobre o passado da humanidade, estão marcando a nossa, que, literariamente (e cinematograficamente) traduz-se simultânea e paradoxalmente no auge (não no nascimento, que se produziu há muito) da ciência ficção e da novela histórica.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao referir-me a uma novela como gótica me refiro àquela, qualquer que seja a época em que tenha sido escrita, que propõe uma viagem ao interior da mente humana utilizando e ao mesmo tempo despindo seus medos primitivos. Portanto, vemos que a denominada novela gótica clássica do século XVIII, não faz senão introduzir umas pequenas variações no mais velho tema da humanidade: o sobrenatural; que nasce no século XVIII (ou se pode conceber uma cena mais gótica do que Caronte sumido nas trevas da lagoa Estigia, com o rumor dos mortos ao fundo, e transportando em sua barca, as almas dos novos defuntos?) não morre. Simplesmente, como a energia ou os dinossauros, transforma-se. Daí a poesia e a prosa do período romântico abrir espaço para composições nitidamente aparentadas com o estilo gótico.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Extraído de &lt;a href=&quot;http://www.angelesgoyanes.com/&quot;&gt;www.angelesgoyanes.com&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Traduzido e adaptado por Spectrum&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O Ultra-Romantismo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para que possamos falar do Ultra-Romantismo, precisamos primeiro entender seu estilo maior, o Romantismo. A principal característica do Romantismo em seus três períodos é o sentimentalismo; a supervalorização das emoções pessoais: nesse estilo é o interior humano que conta, o subjetivismo. À medida que a busca dos valores pessoais se intensifica (como o culto do individualismo), perde-se a consciência do coletivo social. A excessiva valorização do &quot;eu&quot; gera o egocentrismo: o ego como centro do universo. Evidentemente, surge aí um choque entre a realidade objetiva e o mundo interior do poeta. A derrota inevitável do ego produz um estado de frustração e tédio, que conduz à evasão romântica. Seguem-se constantes e múltiplas fugas da realidade: o álcool, o ópio, os prostíbulos, a saudade da infância, as constantes idealizações da sociedade, do amor, da mulher. O romântico foge no tempo e no espaço. No entanto, essas fugas têm ida e volta, exceção feita à maior de todas as fugas românticas: a morte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Houve uma sensível mudança no comportamento dos autores românticos: há algumas semelhanças entre os autores de um mesmo período, mas a comparação entre os primeiros e os últimos representantes, revela profundas diferenças. No Brasil, por exemplo, há uma distância considerável entre a poesia de Gonçalves Dias (primeira geração - Indianista ou Nacionalista), de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/alvares.htm&quot;&gt;Álvares de Azevedo&lt;/a&gt; (segunda geração - Ultra-Romantismo) e de Castro Alves (terceira geração - Condoreira). Por isso há a necessidade de se dividir o Romantismo em geral.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;b&gt;&lt;u&gt;A Segunda Geração da Poesia Romântica&lt;/u&gt;&lt;/b&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&quot;No Brasil, ultra-românticos foram os poetas-estudantes, quase todos falecidos na segunda adolescência, membros de rodas boêmias, dilacerados entre um erotismo lânguido e o sarcasmo obsceno. Os que dobraram a casa dos vinte e cinco acumularam os fracassos profissionais e os rasgos de instabilidade, confirmando a índole desajustada desses &#39;poetas da dúvida&#39;, a que faltam por completo a afirmatividade dos românticos indianistas e a combatividade dos condoreiros.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;(José Guilherme Merquior)&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Esta segunda geração da poesia romântica brasileira é marcada pela falência dos ideais nacionalistas utópicos dos nossos primeiros românticos. A oclusão do sujeito em si próprio é detectável por um fenômeno bem conhecido: o devaneio, o erotismo difuso e obsessivo, a melancolia, o tédio, o namoro com a imagem da morte na figura feminina, a depressão, a auto-ironia masoquista: desfigurações de um desejo de viver que não almejou sair do labirinto onde se aliena o jovem crescido e em fase de estagnação.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Enquanto o homem busca um espaço social, muitas vezes iludido quanto às possibilidades concretas de atingi-lo, o ultra-romântico afasta-se; opta pela fantasia ao invés da realidade, entrega-se aos seus próprios fantasmas, oculta-se do mundo passando a ser ele mesmo o seu mundo. Assim o poeta sente-se liberto dos condicionamentos e feridas ao tentar adaptar-se. Entretanto, esta atitude o escraviza quando levado ao extremo: negar a vida conduz ao delírio da morte, ao excessivo egocentrismo, à nostalgia de um passado medieval, desta vez idealizado, mais nobre, menos embrutecedor. Segue-se as ilusões deste passado, o seu culto, do qual resultam mais demônios do que anjos. O poeta consumido por suas próprias idéias, torna-se &quot;fantasma&quot; ao invés de &quot;eleito&quot;, transforma-se em &quot;suicida vitimado&quot; pela necessidade de uma vida melhor, uma vida maior, que, no entanto, não consegue conquistar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O chamado &quot;mal-do-século&quot; foi difundido no Ultra-Romantismo. Cultivado na Universidade do Largo São Francisco, retrata reuniões regadas a vinho e éter geralmente em repúblicas e cemitérios.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Influenciado pelas obras de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/byron.htm&quot;&gt;Lord Byron&lt;/a&gt;, Álvares de Azevedo foi o maior representante da Segunda Geração Romântica. Sua prosa apresenta o noturno, o aventuresco, o macabro, o satânico, o incestuoso, os elementos do romantismo maldito. Abrangem o amor e a morte sob uma perspectiva exacerbadamente egocêntrica.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao lado de Álvares de Azevedo, três outros autores destacam-se na segunda geração da poesia romântica brasileira: &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/casimiro.htm&quot;&gt;Casimiro de Abreu&lt;/a&gt;, &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/fagundes.htm&quot;&gt;Fagundes Varela&lt;/a&gt; e &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/junqueira.htm&quot;&gt;Junqueira Freire&lt;/a&gt;. As obras literárias de cada poeta e de seus períodos respectivos, apresentam entre si uma característica comum: o medo de amar. Esse temor é, em essência, o medo de macular a virgem, de entregar-se ao prazer carnal e, assim, destruir o próprio amor que, na visão deles, passa a ser sinônimo de impureza e pecado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Inicialmente definida pelo metro específico, chamado metro elegíaco, a elegia passou a designar um gênero poético que se caracterizou não pela forma, mas pelo assunto: a tristeza dos amores interrompidos pela infidelidade ou pela morte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A elegia surgiu na Grécia antiga, com Calino de Éfeso (século VII a.C.), Tirteu e Mimnermo. Seus poemas eram cantos guerreiros que incitavam à luta. Calímaco, importante poeta alexandrino do século III a.C., foi um dos primeiros a escrever elegias no sentido moderno do termo, ou seja, como poemas líricos e tristes. Sua elegia Os cabelos de Berenice, da qual só restaram fragmentos, constituiu o primeiro modelo do gênero.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Entre os romanos, o primeiro grande poeta elegíaco foi Tibulo. Seus três livros sentimentais, muito lidos durante a Idade Média, influenciaram fortemente os poetas da Renascença. Foram preferidos às elegias de Propércio, que inauguraram um subgênero, com poemas ardentemente eróticos. O mais importante dos elegíacos romanos foi Ovídio: os Poemas Tristes e as Cartas do Ponto, que lamentavam o exílio, se aproximam bastante das elegias modernas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No século XVI, a elegia transformou-se num dos gêneros poéticos mais cultivados, embora ainda pouco definido. Em Portugal, o primeiro escritor de elegias foi Sá de Miranda, mas Camões foi o principal: da edição de 1595 de suas obras completas, constam quatro elegias, tidas pelas melhores em língua portuguesa. Na França da Renascença, destacou-se no gênero Pierre de &lt;img src=&quot;file:///C:/DOCUME~1/ADMINI~1/CONFIG~1/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image005.jpg&quot; /&gt;Ronsard.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na poesia inglesa, a elegia apareceu com Astrophel, lamento fúnebre de Edmund Spenser. Durante quase três séculos produziram-se, dentro desse modelo, alguns dos maiores poemas da literatura inglesa, como Lycidas, de Milton (1638), Adonais, de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/shelley.htm&quot;&gt;Shelley&lt;/a&gt; (1821), sobre a morte de Keats, e muitas outras. Contudo, a mais famosa elegia da língua inglesa foi Elegy Written in a Country Churchyard (1751; Elegia escrita num cemitério de aldeia), de Thomas Gray, meditação sobre a morte de gente humilde e anônima e uma das obras capitais do pré-romantismo europeu.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em outras literaturas, a elegia assumiu características pagãs, como as belas e eróticas Römische Elegien (1797; Elegias Romanas), de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/goethe.htm&quot;&gt;Goethe&lt;/a&gt;, obra-prima da literatura alemã. No século XX, a obra mais importante no gênero foi sem dúvida Duineser Elegien (1923; Elegias de Duíno), do poeta alemão Rainer Maria Rilke. No Brasil, o mais importante autor de elegias foi &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/fagundes.htm&quot;&gt;Fagundes Varela&lt;/a&gt;, no século XIX. Destacaram-se ainda Cristiano Martins, Vinícius de Moraes e Dantas Mota, no século XX.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mais do que em outras gerações do romantismo, o ultra-romantismo se destacou através do sentimentalismo excessivo e sombrio. Além disso, vários de seus autores tiveram a existência marcada pelo sofrimento, e um reconhecimento literário póstumo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O autor &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/cruz_sousa.htm&quot;&gt;Cruz e Sousa&lt;/a&gt; teve o casamento atormentado pelos distúrbios mentais de sua esposa, e a morte de seus quatro filhos vitimados pela tuberculose pulmonar. &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/allan.htm&quot;&gt;Edgar Allan Poe&lt;/a&gt;viveu na miséria por muito tempo. O escritor e religioso &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/junqueira.htm&quot;&gt;Junqueira Freire&lt;/a&gt; morreu, prematuramente, aos 23 anos. &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/casimiro.htm&quot;&gt;Casimiro de Abreu&lt;/a&gt; morreu enfraquecido pela tuberculose em 1860, três meses antes de completar 22 anos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Assim também foi a trajetória do mais famoso ultra-romântico brasileiro: &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/alvares.htm&quot;&gt;Álvares de Azevedo&lt;/a&gt;. O paulista viveu e escreveu sob a tétrica fluência Byroniana, falecendo precocemente no dia 25 de Abril de 1852, antes de completar 21 anos. Enquanto seu corpo era sepultado, o amigo Joaquim Manuel de Macedo recitava &quot;Se Eu Morresse Amanhã&quot;; obra escrita por Álvares de Azevedo poucos dias antes. Mas o poeta teria pressentido sua morte?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O inglês &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/byron.htm&quot;&gt;Lord Byron&lt;/a&gt; morreu aos 36 anos, mas sua poesia é vasta, pontuada nos temas fúnebres e sobrenaturais. Em sua inacabada obra Don Juan, escreveu: &quot;Sobre o tálamo nupcial, dizem os rumores/ Na noite das bodas de leve esvoaça/ Mas ao leito de morte de seus senhores/ Não falha - para gozar a desgraça...&quot; Esta é uma alusão ao fantasma do Frade Negro. Há uma lenda, que esta aparição invadia a mansão da Família Byron regozijando-se nas tragédias; por outro lado, apresentava-se com feições pesarosas nas ocasiões felizes. Mas este fantasma teria atormentado e, de certa forma, inspirado Lord Byron?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;img src=&quot;file:///C:/DOCUME~1/ADMINI~1/CONFIG~1/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image007.jpg&quot; /&gt;O conceito do suicídio também está presente, mas algumas vezes, esta idéia foi além dos versos e alcançou a vida dos autores. Abalado com o falecimento de seu avô, &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/lovecraft.htm&quot;&gt;Lovecraft&lt;/a&gt; tentou se matar aos 14 anos, atirando-se de bicicleta no rio Barrington. A biografia da poetisa &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/florbela.htm&quot;&gt;Florbela Espanca&lt;/a&gt; nos traz um exemplo fatal: após casamentos infelizes, rejeição da família e da sociedade e dois abortos, Florbela suicidou-se aos 36, anos ingerindo uma dose excessiva de medicamentos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As tragédias pessoais também alimentam a inspiração ultra-romântica. &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/fagundes.htm&quot;&gt;Fagundes Varela&lt;/a&gt; escreveu Cântico do Calvário, uma homenagem ao seu filho morto com apenas três meses de vida. Ainda sofreu a perda de outro filho em seu segundo matrimônio, e faleceu aos 34 anos em absoluto desequilíbrio mental.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ainda neste contexto, podemos citar novamente Florbela Espanca. A poetisa portuguesa é autora de As Máscaras do Destino; dedicada ao seu irmão que também cometeu suicídio. &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/alphonsus.htm&quot;&gt;Alphonsus de Guimaraens&lt;/a&gt; perdeu sua noiva Constança, vítima de tuberculose aos 17 anos. Mesmo casando-se posteriormente, toda sua vida e obra foram marcadas por esta ausência.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Portanto, a saúde frágil e muitas vezes debilitada pela incurável tuberculose (segundo o inglês Shelley: &quot;a doença da moda&quot;), decepções afetivas, fracassos financeiros e a perda de entes queridos formaram um quadro dramático comum aos poetas, que parece ter contribuído intensamente na inspiração e refletido nos temas soturnos do estilo. Assim, a alma dos ultra-românticos manifestava o tédio, melancolia e desilusão em que viviam imersos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas seriam os poetas &quot;tristes de nascença&quot;? Ou tornavam-se &quot;poetas tristes&quot; em decorrência de uma vida repleta de sofrimento?&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2014/01/as-varias-faces-do-estilo-gotico.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://1.bp.blogspot.com/-VkBqJxuQyEU/UBsZ4HoWL0I/AAAAAAAAE9Y/QfzdSuK_E9A/s72-c/La_musica_del_silencio_by_ELENADUDINA_thumb%255B3%255D.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-2654658136403666565</guid><pubDate>Mon, 30 Dec 2013 00:31:00 +0000</pubDate><atom:updated>2014-04-13T08:09:40.641-03:00</atom:updated><title> O gótico na poesia de Baudelaire e na poesia de Augusto dos Anjos</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEs/mrRl06jMBbs/s1600/o+tema+da+morte+no+g%C3%B3tico.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEs/mrRl06jMBbs/s200/o+tema+da+morte+no+g%C3%B3tico.jpg&quot; height=&quot;165&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O poeta Charles Baudelaire era um leitor de Edgar Allan Poe (escritor, poeta, crítico literário americano e um dos percursores da literatura de ficção científica, fantástica, moderna e gótica) e também tradutor de seus textos. Em sua obra, questiona o excesso de moral e sentimentalismo e se opõe à vida burguesa e às convenções da época. Em 1857 publica &quot;Les Fleurs du Mal&quot; (As Flores do Mal), que incorpora o grotesco (termo surgido no século XVI quando foram descobertas pinturas ornamentais em&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/_cQqn7WrOsVw/Sj2BdL2zlyI/AAAAAAAAARA/pUUtR10h5Aw/s1600-h/179238_4.jpg&quot;&gt; &lt;/a&gt; regiões da Itália; derivado do italiano La Grottesca ou Grottesco, advindos de grotta - gruta) à linguagem do romantismo.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O brasileiro Augusto dos Anjos ficou conhecido como “poeta negro” devido ao choque que seus versos causavam. Ele se utilizou de um vocabulário científico-poético, sendo inspirado pelo cientificismo, evolucionismo permeado pelo simbolismo, gerando uma poesia com tons macabros e obsessivos que mostram a destruição e decomposição física e psicológica. Em 1912 publicou o seu livro &quot;Eu&quot;, mas que não teve a repercussão esperada. Apenas na 3ª edição, sob o título de &quot;Eu e outras poesias&quot; que o poeta conseguiu ser bem aceito pelo o público.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tanto Baudelaire quanto Augusto dos Anjos utilizam em seus versos elementos góticos, fúnebres e repulsivos. São poesias carregadas que trazem o gosto pelo difícil e pela evasão capazes de unir elementos, até então, distantes do nosso pensamento.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O poema &quot;Uma Carniça&quot; (Une Charogne) de Baudelaire apresenta a união do grotesco com o sublime:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Recorda-te do objeto que vimos, ó Graça,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Por belo estio matinal,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na curva do caminho uma infame carcaça&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Num leito que era um carrascal!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Suas pernas para o ar, tal mulher luxuriosa,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Suando venenos e clarões,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Abriam de feição cínica e preguiçosa&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O ventre todo exalações.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Resplandecia o sol sobre esta cousa impura&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Por ver se a cozia bem&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E ao cêntuplo volvia à grandiosa natura&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O que ela em si sempre contém;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E o céu olhava do alto a carniça que assombra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como uma flor desabrochar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A fedentina era tão forte e sobre a alfombra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Creste que fosses desmaiar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Moscas vinham zumbir sobre este ventre pútrido&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Donde saíam batalhões&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Negros de larvas a escorrer – espesso líquido&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao largo dos vivos rasgões.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E tudo isto descia e subia, qual vaga,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ou se atirava, cintilando;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E dir-se-ia que o corpo, inflado de aura vaga,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vivia se multiplicando.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E este universo dava a mais estranha música,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Água a correr, brisa ligeira,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ou grão que o joeirador com movimento rítmico&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vai agitando em sua joeira.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Apagava-se a forma e era coisa sonhada,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um esboço lento a chegar,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E que o artista completa na tela olvidada&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Somente por se recordar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma cadela atrás do rochedo tão preto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nos olhava de olhar irado&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para logo depois apanhar do esqueleto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O naco que havia deixado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- E no entanto serás igual a esta torpeza,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Igual a esta hórrida infecção,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tu, sol de meu olhar e minha natureza,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tu, meu anjo e minha paixão.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Isso mesmo serás, rainha das graciosas,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aos derradeiros sacramentos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando fores sob a erva e as florações carnosas&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mofar só entre os ossamentos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Minha beleza, então dirás à bicharia,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que há de roer-te o coração,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que eu a forma guardei e a essência de harmonia&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Do amor em decomposição.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No poema acima o poeta assume a postura do voyeur. O tema da morte é abordado de maneira mórbida, contemplado de imagens grotescas. Há a presença de dois extremos: a feiura do corpo em decomposição e a beleza da mulher, que acabou sendo comparada à carniça no sentido que esta beleza um dia será como a carniça. Esta aproximação não é de comum utilização na poesia lírica e tal fato resulta num estranhamento altamente perturbador que nos remete a conclusão que a finitude da vida seria bela. Há ainda uma mistura de sensações que compara a carniça com a mulher luxuriosa, como se o autor fosse seduzido pela visão macabra. O contraste do Belo e do Sublime se perpetua ao longo do poema. Nas três últimas estrofes se concentra a afirmação de que a beleza humana e feminina é finita e será absorvida pela Natureza. A carniça seria o destino final de qualquer ser e dele ninguém poderia fugir.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O “Poema negro” de Augusto dos Anjos se aproxima ao poema acima:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A Santos Neto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para iludir minha desgraça, estudo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Intimamente sei que não me iludo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para onde vou (o mundo inteiro o nota)&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nos meus olhares fúnebres, carrego&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A indiferença estúpida de um cego&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E o ar indolente de um chinês idiota!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A passagem dos séculos me assombra.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para onde irá correndo minha sombra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nesse cavalo de eletricidade?!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Caminho, e a mim pergunto, na vertigem:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quem sou? Para onde vou? Qual minha origem?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E parece-me um sonho a realidade.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em vão com o grito do meu peito impreco!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dos brados meus ouvindo apenas o eco,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu torço os braços numa angústia douda&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E muita vez, à meia-noite, rio&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sinistramente, vendo o verme frio&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que há de comer a minha carne toda!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É a Morte — esta carnívora assanhada —&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Serpente má de língua envenenada&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que tudo que acha no caminho, come...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Faminta e atra mulher que, a 1 de janeiro,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sai para assassinar o mundo inteiro,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E o mundo inteiro não lhe mata a fome!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nesta sombria análise das cousas,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Corro. Arranco os cadáveres das lousas&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E as suas partes podres examino. . .&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas de repente, ouvindo um grande estrondo,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na podridão daquele embrulho hediondo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Reconheço assombrado o meu Destino!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Surpreendo-me, sozinho, numa cova.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Então meu desvario se renova...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como que, abrindo todos os jazigos,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A Morte, em trajos pretos e amarelos,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Levanta contra mim grandes cutelos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E as baionetas dos dragões antigos!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E quando vi que aquilo vinha vindo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu fui caindo como um sol caindo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De declínio em declínio; e de declínio&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em declínio, com a gula de uma fera,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quis ver o que era, e quando vi o que era,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vi que era pó, vi que era esterquilínio!&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Chegou a tua vez, oh! Natureza!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu desafio agora essa grandeza,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Perante a qual meus olhos se extasiam...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu desafio, desta cova escura,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No histerismo danado da tortura&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Todos os monstros que os teus peitos criam.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tu não és minha mãe, velha nefasta!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Com o teu chicote frio de madrasta&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tu me açoitaste vinte e duas vezes...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Por tua causa apodreci nas cruzes,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em que pregas os filhos que produzes&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Durante os desgraçados nove meses!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Semeadora terrível de defuntos,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Contra a agressão dos teus contrastes juntos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A besta, que em mim dorme, acorda em berros&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Acorda, e após gritar a última injúria,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Chocalha os dentes com medonha fúria&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como se fosse o atrito de dois ferros!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pois bem! Chegou minha hora de vingança.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tu mataste o meu tempo de criança&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E de segunda-feira até domingo,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Amarrado no horror de tua rede,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Deste-me fogo quando eu tinha sede...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Deixa-te estar, canalha, que eu me vingo!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Súbito outra visão negra me espanta!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Estou em Roma. É Sexta-feira Santa.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A treva invade o obscuro orbe terrestre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No Vaticano, em grupos prosternados,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Com as longas fardas rubras, os soldados&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Guardam o corpo do Divino Mestre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como as estalactites da caverna,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Cai no silêncio da Cidade Eterna&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A água da chuva em largos fios grossos...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De Jesus Cristo resta unicamente&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um esqueleto; e a gente, vendo-o, a gente&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sente vontade de abraçar-lhe os ossos!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não há ninguém na estrada da Ripetta.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dentro da Igreja de São Pedro, quieta,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As luzes funerais arquejam fracas...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O vento entoa cânticos de morte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Roma estremece! Além, num rumor forte,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Recomeça o barulho das matracas.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A desagregação da minha idéia&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aumenta. Como as chagas da morféa&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O medo, o desalento e o desconforto&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Paralisam-se os círculos motores.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na Eternidade, os ventos gemedores&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Estão dizendo que Jesus é morto!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não! Jesus não morreu! Vive na serra&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Da Borborema, no ar de minha terra,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na molécula e no átomo... Resume&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A espiritualidade da matéria&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E ele é que embala o corpo da miséria&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E faz da cloaca uma urna de perfume.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na agonia de tantos pesadelos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma dor bruta puxa-me os cabelos,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Desperto. É tão vazia a minha vida!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No pensamento desconexo e falho&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Trago as cartas confusas de um baralho&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E um pedaço de cera derretida!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dorme a casa. O céu dorme. A árvore dorme.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu, somente eu, com a minha dor enorme&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os olhos ensangüento na vigília!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E observo, enquanto o horror me corta a fala,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O aspecto sepulcral da austera sala&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E a impassibilidade da mobília.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Meu coração, como um cristal, se quebre&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O termômetro negue minha febre,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Torne-se gelo o sangue que me abrasa,&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E eu me converta na cegonha triste&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que das ruínas duma casa assiste&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao desmoronamento de outra casa!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ao terminar este sentido poema&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Onde vazei a minha dor suprema&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tenho os olhos em lágrimas imersos...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Rola-me na cabeça o cérebro oco.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Por ventura, meu Deus, estarei louco?!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Daqui por diante não farei mais versos.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Este poema é todo feito com base em imagens que nos dá impressão de que vários quadros foram moldados a cada estrofe. Nele há a presença da busca, que nos remete ao labirinto, pois se trata de uma busca por si mesmo, uma busca da origem. O andamento do poema é em declive (alto depois baixo). Na segunda estrofe temos a referência sobre a modernidade (“cavalo de eletricidade”) mostrando a vida como algo fugaz. As três estrofes seguidas montam o quadro da morte, no sentido de transformação, que assim como em Uma Carniça de Baudelaire, mostra que esse é o destino reservado para todo e qualquer ser humano.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A partir da 6ª estrofe o poema apresenta uma narrativa que representa uma viagem. Da 8ª e nas três seguintes o poeta reconhece a natureza como uma entidade a ser desafiada e mostra certa rebeldia, visto que a natureza só subtraiu, subvertendo a ideia da criação (“Em que pregas os filhos que produzes/Durante os desgraçados nove meses!”). Na 12ª estrofe são encontradas referências gráficas definidas e encenações que se prolongam até a 14ª estrofe. Na 16ª estrofe o poeta se transporta da visão européia para a sua natureza terrena, demonstra que a vida e a morte estão presentes nas menores partículas (“Na molécula e no átomo... Resume”), e cria uma ambiguidade ao desafiar/praguejar a natureza e a referência a Deus. No último verso da 17ª estrofe há um retrocesso à imagem da cena descrita nas primeiras estrofes (“E um pedaço de cera derretida”), cera esta advinda da procissão em que ele estava no início do poema. Na última estrofe o poeta revela o cansaço gerado pelo grande esforço utilizado na elaboração deste poema (“Rola-me na cabeça o cérebro oco”) e mostra que tal processo fora enlouquecedora ao ponto de ele afirmar que não irá mais escrever. (“Daqui por diante não farei mais versos”).&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Após a análise e reflexão dos dois longos poemas, é possível caracterizar a temática do gótico na poesia como um recurso estético do excesso, liberdade e transgressão que se volta para o interior da natureza humana, se utilizando do caos como um artifício para a criação. A estranheza provocada pela linguagem escolhida resulta na singularidade da obra literária, com o objetivo de “chamar a atenção” do leitor em toda a sua concepção de vida e transformação, demonstrando que a morte se trata de uma passagem inevitável.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Autora: Giselle Campos&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/o-gotico-na-poesia-de-baudelaire-e-na.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://2.bp.blogspot.com/-EUiTuegycZA/UsC-IRJmIBI/AAAAAAAAIEs/mrRl06jMBbs/s72-c/o+tema+da+morte+no+g%C3%B3tico.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-5126979290054857529</guid><pubDate>Thu, 12 Dec 2013 12:39:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-12T09:43:02.363-03:00</atom:updated><title>O gótico e a conjugação da força com a delicadeza em Londres</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;table align=&quot;center&quot; cellpadding=&quot;0&quot; cellspacing=&quot;0&quot; class=&quot;tr-caption-container&quot; style=&quot;margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;&quot;&gt;&lt;tbody&gt;&lt;tr&gt;&lt;td style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-Ow5y-SZgK0U/UqmsOLCckTI/AAAAAAAAIAg/ggAA-AZnwdY/s1600/Catedral+Lincon.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: auto; margin-right: auto;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;276&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-Ow5y-SZgK0U/UqmsOLCckTI/AAAAAAAAIAg/ggAA-AZnwdY/s320/Catedral+Lincon.jpg&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/td&gt;&lt;/tr&gt;&lt;tr&gt;&lt;td class=&quot;tr-caption&quot; style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;Catedral de Lincon.&lt;/td&gt;&lt;/tr&gt;&lt;/tbody&gt;&lt;/table&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Augustus Welby Pugin foi filho de um arquiteto francês de origem nobre, emigrado durante a Revolução de 1789. Nasceu em Londres, a 1º de Março de 1812. Porém, foi educado pela mãe num rígido calvinismo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Em 1834, aos 19 anos de idade, ele descobriu a arte medieval e se tornou católico.“Fiquei perfeitamente convencido de que a Igreja Católica, Apostólica, Romana é a única verdadeira. Aprendi as verdades da Igreja Católica nas criptas das velhas igrejas e catedrais européias.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;“Procurei verdades na moderna igreja da Inglaterra (protestante anglicana) e vim a descobrir que ela, desde que se separou do centro da unidade católica, tinha pouca verdade e nenhuma vida. Dessa maneira, e sem que tivesse conhecido um só sacerdote, ajudado apenas pela graça e misericórdia de Deus, resolvi entrar na sua Igreja”. Pugin exerceu um apostolado especial: ele reanimou a alma inglesa, ressequida pelo protestantismo. Para isso ele criou obras em estilo gótico medieval renovado. Hoje elas atraem e empolgam milhões de turistas. Por exemplo, o Parlamento de Londres e a celebérrima torre do Big-Ben.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-cDyBVpTQ4SA/UqmsyFl3rpI/AAAAAAAAIAo/Jrtird04t98/s1600/Parlamento.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;222&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-cDyBVpTQ4SA/UqmsyFl3rpI/AAAAAAAAIAo/Jrtird04t98/s320/Parlamento.jpg&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nas igrejas que que construía, ele fez questão que as cerimônias sagradas fossem cheias de pompa e que só usassem a música gregoriana.Uma testemunha que assistiu a missa inaugural da capela do seminário de Oscott afirmou se sentir num ambiente de sonho quando a luz do sol começou a jorrar através dos vitrais, fazendo as paredes resplandecerem em ouro e púrpura.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-1XSBi9H9-Tg/UqmtKQMCOkI/AAAAAAAAIA4/mQrB5xZ6Ejc/s1600/Santa+Eulalia+280.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-1XSBi9H9-Tg/UqmtKQMCOkI/AAAAAAAAIA4/mQrB5xZ6Ejc/s200/Santa+Eulalia+280.jpg&quot; width=&quot;150&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na primeira missa de uma igreja em Derby, o lorde que construiu o templo, por conselho de Pugin, negou-se a permitir que usassem magníficos paramentos de ouro que ele doara, a não ser que se dispensasse um enorme coro polifônico, que incluía orquestra e mulheres, e só se cantasse o gregoriano.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-24YljCIyuA0/Uqms33p1sYI/AAAAAAAAIAw/5RFYUwdOU_0/s1600/big+ben+2.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;147&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-24YljCIyuA0/Uqms33p1sYI/AAAAAAAAIAw/5RFYUwdOU_0/s400/big+ben+2.jpg&quot; width=&quot;400&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A fachada do Parlamento inglês produz uma impressão parecida com a que dá a Sainte Chapelle de Paris.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tem-se a sensação de que a Igreja Católica deixou algumas das melhores marcas de sua própria alma. De tal maneira aquilo é acertadamente católico.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Retamente católico, acertadamente católico, por causa do que? O que tinha aquilo de especial?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não era, por exemplo, o que tem de especial a catedral de Colônia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A catedral de Colônia é uma explosão de pedra, de uma grandeza extraordinária.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Lá a razão não está tão presente quanto a imaginação germânica no que ela tem de categórico.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não é uma imaginação suave, poética, doce, mas é a imaginação de uma pessoa que quer uma epopéia grandiosa e marcar todos os séculos com uma nota de grandeza que fosse mais do céu do que da terra.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A nota saliente da catedral de Colônia é o fantástico que o espírito possante realiza.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na catedral de Notre Dame de Paris nós encontramos a conjugação da fantasia com a razão. A fantasia imaginou algo extraordinário.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Depois a razão colocou tudo em ordem, introduziu simetrias, bons sensos, harmonias quase clássicas, sem tirar nada do medieval extraordinário.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A fachada do Parlamento e o Big-Ben representam a conjugação da força e da delicadeza. Há muita delicadeza naquela fachada.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela é toda feita de linhas longas que se repetem e de um grande amplitude de horizonte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela não tem o élan de Colônia, nem a harmonia superlativa de Paris.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela uma grande dignidade, elevação, nobreza, com alguma coisa de sereno, de senhor de si e de afável, e ao mesmo tempo de sacral e de sério.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela reúne extremos opostos. E toda obra de arte quando reúne extremos opostos e até aparentemente contraditórios, realiza algo de supremo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A idéia de grandeza estável, da grandeza que se senta sobre seu próprio poder e se põe a meditar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-r_shopSwlB4/Uqmt3Rt5mRI/AAAAAAAAIBE/MGP2r5eZaGA/s1600/big+ben.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-r_shopSwlB4/Uqmt3Rt5mRI/AAAAAAAAIBE/MGP2r5eZaGA/s200/big+ben.jpg&quot; width=&quot;87&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O Big-Ben é uma maravilha que merece ser justaposta a esse edifício.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A ter uma torre, deveria ser daquele jeito: tão coerente, tão lógica, tão bela, mas com essa doçura, essa suavidade dos ingleses que o gênio católico colocou ali pela mão de Pugin, que soube comunicar um sopro católico àquilo tudo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como isso é diferente da imagem da Inglaterra protestante! Essa Inglaterra não é a Inglaterra do Palácio nem do Big-Ben.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É uma Inglaterra que o protestantismo deformou com o senso monetário.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No espírito inglês de antes do protestantismo havia ausência desse espírito monetário.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É uma Inglaterra feita para conquistas de ordem cultural e muito menos uma Inglaterra feita para conquistas de ordem material.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Plinio Corrêa de Oliveira. Texto sem revisão do autor&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div class=&quot;MsoNormal&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/o-gotico-e-conjugacao-da-forca-com.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-Ow5y-SZgK0U/UqmsOLCckTI/AAAAAAAAIAg/ggAA-AZnwdY/s72-c/Catedral+Lincon.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>1</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-5346344243680265363</guid><pubDate>Wed, 11 Dec 2013 00:51:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-10T21:51:30.311-03:00</atom:updated><title>O Coração Delator, de Edgar Allan Poe</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAI/P3zN_La2j0Y/s1600/ffgh.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAI/P3zN_La2j0Y/s1600/ffgh.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É verdade! Nervoso, muito, muito nervoso mesmo eu estive e estou; mas por que você vai dizer que estou louco? A doença exacerbou meus sentidos, não os destruiu, não os embotou. Mais que os outros estava aguçado o sentido da audição. Ouvi todas as coisas no céu e na terra. Ouvi muitas coisas no inferno. Como então posso estar louco? Preste atenção! E observe com que sanidade, com que calma, posso lhe contar toda a história.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;É impossível saber como a idéia penetrou pela primeira vez no meu cérebro, mas, uma vez concebida, ela me atormentou dia e noite. Objetivo não havia. Paixão não havia. Eu gostava do velho. Ele nunca me fez mal. Ele nunca me insultou. Seu ouro eu não desejava. Acho que era seu olho! É, era isso! Um de seus olhos parecia o de um abutre - um olho azul claro coberto por um véu. Sempre que caía sobre mim o meu sangue gelava, e então pouco a pouco, bem devagar, tomei a decisão de tirar a vida do velho, e com isso me livrar do olho, para sempre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Agora esse é o ponto. O senhor acha que sou louco. Homens loucos de nada sabem. Mas deveria ter-me visto. Deveria ter visto com que sensatez eu agi — com que precaução —, com que prudência, com que dissimulação, pus mãos à obra! Nunca fui tão gentil com o velho como durante toda a semana antes de matá-lo. E todas as noites, por volta de meia-noite, eu girava o trinco da sua porta e a abria, ah, com tanta delicadeza! E então, quando tinha conseguido uma abertura suficiente para minha cabeça, punha lá dentro uma lanterna furta-fogo bem fechada, fechada para que nenhuma luz brilhasse, e então eu passava a cabeça. Ah! o senhor teria rido se visse com que habilidade eu a passava. Eu a movia devagar, muito, muito devagar, para não perturbar o sono do velho. Levava uma hora para passar a cabeça toda pela abertura, o mais à frente possível, para que pudesse vê-lo deitado em sua cama. Aha! Teria um louco sido assim tão esperto? E então, quando minha cabeça estava bem dentro do quarto, eu abria a lanterna com cuidado — ah!, com tanto cuidado! —, com cuidado (porque a dobradiça rangia), eu a abria só o suficiente para que um raiozinho fino de luz caísse sobre o olho do abutre. E fiz isso por sete longas noites, todas as noites à meia-noite em ponto, mas eu sempre encontrava o olho fechado, e então era impossível fazer o trabalho, porque não era o velho que me exasperava, e sim seu Olho Maligno. E todas as manhãs, quando o dia raiava, eu entrava corajosamente no quarto e falava Com ele cheio de coragem, chamando-o pelo nome em tom cordial e perguntando como tinha passado a noite. Então, o senhor vê que ele teria que ter sido, na verdade, um velho muito astuto, para suspeitar que todas as noites, à meia-noite em ponto, eu o observava enquanto dormia.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Na oitava noite, eu tomei um cuidado ainda maior ao abrir a porta. O ponteiro de minutos de um relógio se move mais depressa do que então a minha mão. Nunca antes daquela noite eu sentira a extensão de meus próprios poderes, de minha sagacidade. Eu mal conseguia conter meu sentimento de triunfo. Pensar que lá estava eu, abrindo pouco a pouco a porta, e ele sequer suspeitava de meus atos ou pensamentos secretos. Cheguei a rir com essa idéia, e ele talvez tenha ouvido, porque de repente se mexeu na cama como num sobressalto. Agora o senhor pode pensar que eu recuei — mas não. Seu quarto estava preto como breu com aquela escuridão espessa (porque as venezianas estavam bem fechadas, de medo de ladrões) e então eu soube que ele não poderia ver a porta sendo aberta e continuei a empurrá-la mais, e mais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Minha cabeça estava dentro e eu quase abrindo a lanterna quando meu polegar deslizou sobre a lingüeta de metal e o velho deu um pulo na cama, gritando:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;— Quem está aí?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fiquei imóvel e em silêncio. Por uma hora inteira não movi um músculo, e durante esse tempo não o ouvi se deitar. Ele continuava sentado na cama, ouvindo bem como eu havia feito noite após noite prestando atenção aos relógios fúnebres na parede.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo.&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nesse instante, ouvi um leve gemido, e eu soube que era o gemido do terror mortal. Não era um gemido de dor ou de tristeza — ah, não! era o som fraco e abafado que sobe do fundo da alma quando sobrecarregada de terror. Eu conhecia bem aquele som. Muitas noites, à meia-noite em ponto, ele brotara de meu próprio peito, aprofundando, com seu eco pavoroso, os terrores que me perturbavam. Digo que os conhecia bem. Eu sabia o que sentia o velho e me apiedava dele embora risse por dentro. Eu sabia que ele estivera desperto, desde o primeiro barulhinho, quando se virara na cama. Seus medos foram desde então crescendo dentro dele. Ele estivera tentando fazer de conta que eram infundados, mas não conseguira. Dissera consigo mesmo: &quot;Isto não passa do vento na chaminé; é apenas um camundongo andando pelo chão&quot;, ou &quot;É só um grilo cricrilando um pouco&quot;. É, ele estivera tentando confortar-se com tais suposições; mas descobrira ser tudo em vão. Tudo em vão, porque a Morte ao se aproximar o atacara de frente com sua sombra negra e com ela envolvera a vítima. E a fúnebre influência da despercebida sombra fizera com que sentisse, ainda que não visse ou ouvisse, sentisse a presença da minha cabeça dentro do quarto.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando já havia esperado por muito tempo e com muita paciência sem ouvi-lo se deitar, decidi abrir uma fenda — uma fenda muito, muito pequena na lanterna. Então eu a abri — o senhor não pode imaginar com que gestos furtivos, tão furtivos — até que afinal um único raio pálido como o fio da aranha brotou da fenda e caiu sobre o olho do abutre.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ele estava aberto, muito, muito aberto, e fui ficando furioso enquanto o fitava. Eu o vi com perfeita clareza - todo de um azul fosco e coberto por um véu medonho que enregelou até a medula dos meus ossos, mas era tudo o que eu podia ver do rosto ou do corpo do velho, pois dirigira o raio, como por instinto, exatamente para o ponto maldito.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E agora, eu não lhe disse que aquilo que o senhor tomou por loucura não passava de hiperagudeza dos sentidos? Agora, repito, chegou a meus ouvidos um ruído baixo, surdo e rápido, algo como faz um relógio quando envolto em algodão. Eu também conhecia bem aquele som. Eram as batidas do coração do velho. Aquilo aumentou a minha fúria, como o bater do tambor instiga a coragem do soldado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas mesmo então eu me contive e continuei imóvel. Quase não respirava. Segurava imóvel a lanterna. Tentei ao máximo possível manter o raio sobre o olho. Enquanto isso, aumentava o diabólico tamborilar do coração. Ficava a cada instante mais e mais rápido, mais e mais alto. O terror do velho deve ter sido extremo. Ficava mais alto, estou dizendo, mais alto a cada instante! — está me entendendo? Eu lhe disse que estou nervoso: estou mesmo. E agora, altas horas da noite, em meio ao silêncio pavoroso dessa casa velha, um ruído tão estranho quanto esse me levou ao terror incontrolável. Ainda assim por mais alguns minutos me contive e continuei imóvel. Mas as batidas ficaram mais altas, mais altas! Achei que o coração iria explodir. E agora uma nova ansiedade tomava conta de mim — o som seria ouvido por um vizinho! Chegara a hora do velho! Com um berro, abri por completo a lanterna e saltei para dentro do quarto. Ele deu um grito agudo — um só. Num instante, arrastei-o para o chão e derrubei sobre ele a cama pesada. Então sorri contente, ao ver meu ato tão adiantado. Mas por muitos minutos o coração bateu com um som amortecido. Aquilo, entretanto, não me exasperou; não seria ouvido através da parede. Por fim, cessou. O velho estava morto. Afastei a cama e examinei o cadáver. É, estava morto, bem morto. Pus a mão sobre seu coração e a mantive ali por muitos minutos. Não havia pulsação. Ele estava bem morto. Seu olho não me perturbaria mais.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Se ainda me acha louco, não mais pensará assim quando eu descrever as sensatas precauções que tomei para ocultar o corpo. A noite avançava, e trabalhei depressa, mas em silêncio. Antes de tudo desmembrei o cadáver. Separei a cabeça, os braços e as pernas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Arranquei três tábuas do assoalho do quarto e depositei tudo entre as vigas. Recoloquei então as pranchas com tanta habilidade e astúcia que nenhum olho humano — nem mesmo o dele — poderia detectar algo de errado. Nada havia a ser lavado — nenhuma mancha de qualquer tipo — nenhuma marca de sangue. Eu fora muito cauteloso. Uma tina absorvera tudo - ha! ha!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando terminei todo aquele trabalho, eram quatro horas — ainda tão escuro quanto à meia-noite.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando o sino deu as horas, houve uma batida à porta da rua. Desci para abrir com o coração leve — pois o que tinha agora a temer? Entraram três homens, que se apresentaram, com perfeita suavidade, como oficiais de polícia. Um grito fora ouvido por um vizinho durante a noite; suspeitas de traição haviam sido levantadas; uma queixa fora apresentada à delegacia e eles (os policiais) haviam sido encarregados de examinar o local.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sorri — pois o que tinha a temer? Dei as boas-vindas aos senhores. O grito, disse, fora meu, num sonho. O velho, mencionei, estava fora, no campo. Acompanhei minhas visitas por toda a casa. Incentivei-os a procurar — procurar bem. Levei-os, por fim, ao quarto dele. Mostrei-lhes seus tesouros, seguro, imperturbável. No entusiasmo de minha confiança, levei cadeiras para o quarto e convidei-os para ali descansarem de seus afazeres, enquanto eu mesmo, na louca audácia de um triunfo perfeito, instalei minha própria cadeira exatamente no ponto sob o qual repousava o cadáver da vítima.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os oficiais estavam satisfeitos. Meus modos os haviam convencido. Eu estava bastante à vontade. Sentaram-se e, enquanto eu respondia animado, falaram de coisas familiares. Mas, pouco depois, senti que empalidecia e desejei que se fossem. Minha cabeça doía e me parecia sentir um zumbido nos ouvidos; mas eles continuavam sentados e continuavam a falar. O zumbido ficou mais claro — continuava e ficava mais claro: falei com mais vivacidade para me livrar da sensação: mas ela continuou e se instalou — até que, afinal, descobri que o barulho não estava dentro de meus ouvidos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sem dúvida agora fiquei muito pálido; mas falei com mais fluência, e em voz mais alta. Mas o som crescia - e o que eu podia fazer? Era um som baixo,surdo, rápido — muito parecido com o som que faz um relógio quando envolto em algodão. Arfei em busca de ar, e os policiais ainda não o ouviam. Falei mais depressa, com mais intensidade, mas o barulho continuava a crescer. Levantei-me e discuti sobre ninharias, num tom alto e gesticulando com ênfase; mas o barulho continuava a crescer. Por que eles não podiam ir embora? Andei de um lado para outro a passos largos e pesados, como se me enfurecessem as observações dos homens, mas o barulho continuava a crescer. Ai meu Deus! O que eu poderia fazer? Espumei — vociferei — xinguei! Sacudi a cadeira na qual estivera sentado e arrastei-a pelas tábuas, mas o barulho abafava tudo e continuava a crescer. Ficou mais alto — mais alto — mais alto! E os homens ainda conversavam animadamente, e sorriam. Seria possível que não ouvissem? Deus Todo-Poderoso! — não, não? Eles ouviam! — eles suspeitavam! — eles sabiam! - Eles estavam zombando do meu horror! — Assim pensei e assim penso. Mas qualquer coisa seria melhor do que essa agonia! Qualquer coisa seria mais tolerável do que esse escárnio. Eu não poderia suportar por mais tempo aqueles sorrisos hipócritas! Senti que precisava gritar ou morrer! — e agora — de novo — ouça! mais alto! mais alto! mais alto! mais alto!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;— Miseráveis! — berrei — Não disfarcem mais! Admito o que fiz! levantem as pranchas! — aqui, aqui! — são as batidas do horrendo coração!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;________________________________________&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Edgar Allan Poe, poeta, escritor, crítico e contista norte-americano,  nasceu em janeiro de 1809 em Boston, Massachusetts -1849) e é considerado o pai e mestre da literatura de horror.&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/o-coracao-delator-de-edgar-allan-poe.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-dSwtmYUUFzA/Uqe1pIB67sI/AAAAAAAAIAI/P3zN_La2j0Y/s72-c/ffgh.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-7373447127230234967</guid><pubDate>Mon, 09 Dec 2013 12:15:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-12T09:41:54.868-03:00</atom:updated><title>A Alma Mortal e Imortal...</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_4/fI5vgEbPMe4/s1600/129.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;320&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_4/fI5vgEbPMe4/s320/129.jpg&quot; width=&quot;204&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dezesseis de julho de 1833. Este é um aniversario especial para mim, cumpro trezentos e vinte três anos!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O judeu errante? Decerto que não, por ele já passaram mais de oito séculos. Em comparação com ele sou um imortal muito jovem.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Serei imortal? Isso é o que me tenho perguntado dia e noite durante os últimos trezentos anos, e ainda não fui capaz de responder. Precisamente hoje descobri um cabelo branco entre meus fartos morenos, e isso certamente significa que começo a envelhecer. Ainda que também poderia já estar ali escondido durante trezentos anos, pois algumas pessoas têm o cabelo completamente branco antes de cumprir os vinte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vou contar a minha historia; e logo, deixarei que os leitores julguem por mim. Assim, enquanto a conto, irão passando umas tantas horas desta longa eternidade que me está sendo tão insuportável. Para sempre! É isso possível? Viver para sempre!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Tenho escutado sobre encantamentos em que as vítimas foram entregues a um profundo sono e despertaram cem anos depois, frescas coma uma rosa. Ouvi falar, por exemplo, dos Santos dormentes e do feliz que foi o lendário Nourjahad. Ser imortal dessa maneira não seria cansativo porém, ai, que insuportável se faz o peso do tempo eterno, o lento passo das horas sucedendo-se sem fim! Mas sigo com meu relato.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Todo o mundo ouviu falar de Cornelius Agrippa. A sua memória é tão imortal como sou eu, por causa da sua sabedoria. Todo o mundo ouviu também falar daquele discípulo seu que, sem querer, invocou o Inimigo na ausência do mestre e foi destruído por ele. O relato deste acidente, verdadeiro ou falso, pôs em apuros o célebre filósofo. Abandonaram-no todos alunos seus, e os seus serventes desapareceram. Não tinha quem mantivesse o lume aceso enquanto dormia ou quem prestasse atenção às mudanças de cor das suas poções enquanto estudava. Um após outro, estragavam-se todos seus experimentos, já que duas mãos não bastavam para ter conta deles. Os espíritos das trevas riam-se dele por não conseguir reter um só mortal a seu serviço.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu era naquela época mais novo, muito pobre e estava muito apaixonado namorado. Fora discípulo de Cornelius durante um ano mais ou menos, porém estava ausente quando ocorreu o acidente. Quando regressei, os meus amigos pediram-me que não voltasse àquela casa. Tremia quando me contaram aquela arrepiante historia e não esperei por um segundo aviso; assim que, quando Cornelius me veio oferecer uma bolsa de ouro para ficar sob seu teto, senti como se o próprio Satanás me estivesse a tentar. Estava arrepiado, batiam-me os dentes e sai correndo tão rápido quanto me permitiam as minhas debilitadas pernas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Desfalecido, deixei que os meus passos me levassem ao lugar onde me dirigira cada serão dos dois últimos anos: a uma fonte da qual brotava suavemente uma água pura e limpa, perto da qual aguardava uma moça de cabelos mouros com olhos fixos no caminho pelo qual eu acabava de chegar. Não recordo o tempo em que não amava Bertha: fomos vizinhos e companheiros de jogos desde crianças; os seus pais, coma os meus, eram de condição humilde porém honrados, e nosso amor era fonte de alegria para eles. Mas um funesto dia, uma febre maligna levou seu pai e sua mãe, e Bertha ficou órfã. O meu pai a acolheria de bom grado sob nosso teto, porém, desgraçadamente, a dona do castelo vizinho, rica, solitária e sem filhos, declarou a sua intenção de apadrinhá-la. Daí em diante, Bertha vestiria roupas de seda, moraria num palácio de mármore e todos a veriam como aquela a quem sorria a fortuna. Realmente, apesar da sua nova situação e os seus novos amigos, Bertha seguia fiel a seu amigo de tempos mais humildes. Visitava amiúde a casa do meu pai, e quando lhe proibiram ir ali, desviava-se para um caminho próximo para encontrar-se comigo na sombria a fonte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dizia amiúde que com a sua nova protetora não tinha um compromisso tão sagrado como o que a unia comigo. E como eu não era bastante rico para poder casar, ela começava a estar farta de viver atormentada por causa minha. Era orgulhosa porém também impaciente, e exasperava-se pelos obstáculos que impediam a nossa união. Ela estivera muito aflita enquanto eu estava fora, e agora lastimava-se com amargura e me reprovava por ser pobre. Respondi-lhe sem pensar: &quot;Sou pobre porém honrado! Não te preocupes, quem sabe logo serei rico!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Esta afirmação deixou-a cheia de perguntas. Tinha medo de assustá-la se lhe confessasse a verdade. Porém conseguiu que eu contasse; e então, com um olhar de desprezo, disse: &quot;Diz que me ama, não obstante tem medo de enfrentar o diabo por mim!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Assegurei-lhe que só temia ofendê-la, porém ela teimava que receberia uma magnífica recompensa. Assim, alentado e envergonhado por ela, cego pelo amor e pela esperança e rindo-me dos meus temores, voltei com passo rápido e coração ligeiro para aceitar a oferta do alquimista, quem me devolveu imediatamente o meu antigo posto.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Passou um ano e ganhei uma soma considerável de dinheiro. O costume espantou os meus temores. Ainda que estava à espreita em todo momento, nunca achei nenhuma pegada de bode na nossa casa, nem se viu nunca a tranqüilidade do nosso estudo perturbada por gritos demoníacos. Segui vendo Bertha às escondidas e a esperança renasceu em mim; esperança sim, mas não felicidade completa, pois que Bertha cuidava que a segurança era inimiga do amor e se comprazia-se fazendo-me elixir entre eles. Ainda que fiel, era bastante coquete e fazia-me adoecer de ciúmes. Desprezava-me de mil maneiras e nunca se desculpava, fazia-me gemer de raiva e logo obrigava-me a suplicar-lhe perdão. Às vezes, quando cuidava que não era submisso o bastante, inventava alguma historia dum rival que era o preferido da sua protetora. Vivia rodeada de moços vestidos de seda, ricos e galantes, que oportunidade poderia ter o esfarrapento discípulo de Cornelius comparado com eles?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Numa ocasião, o filósofo tinha-me tão ocupado que não pude encontrar-me com ela tal como combináramos. Cornelius andava enredado em trabalho muito importante, e tive que ficar alimentando o forno e vigiando os preparados químicos dia e noite, enquanto Bertha esperava em vão na fonte. Era orgulhosa, e zangou-se muito por isso. Quando por fim pude escapar durante os escassos minutos que tinha para dormir, esperava que ela me confortasse; contudo, recebeu-me com indiferença e desprezo, e assegurou-me que não havia concedido sua mão a um homem que não fosse capaz de estar em dois lugares ao mesmo tempo por ela. Jurou que se vingaria, e decerto que o fez. Enquanto eu sofria em silêncio minha derrota, escutei dizer que ela estivera caçando acompanhada de Albert Hoffer. Hoffer era o preferido da sua protetora, e um dia passaram os três cavalgando diante de minha casa. Pareceu-me que mencionavam o meu nome, seguido duma risada burlesca, enquanto Bertha cravava os seus olhos escuros, cheios de desprezo, na minha velha casa.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Todo o veneno e o desassossego dos céus assolou meu coração. Primeiro derramei um rio de lágrimas pensando que nunca chegaria a ser minha, e logo reneguei da sua veleidade. Porém ainda assim tinha que seguir atiçando o lume e vigiando as mudanças das ininteligíveis mezinhas do alquimista.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Cornelius levava três dias e três noites de vigília sem sequer cerrar olhos. As poções dos seus alambiques progrediam a um ritmo mais lento do que ele esperava. Apesar de sua preocupação, já não podia manter os olhos abertos; custava-lhe um tanto sacudir o sono que lhe cegava uma e outra vez os sentidos. Por fim, olhou melancólico os crisóis e murmurou: &quot;Ainda não está pronto, terá que passar ainda outra noite antes de que a obra esteja pronta. Winzy, filho, tu que és arguto e leal e dormiste pela noite, vigia este vaso. Contém um líquido duma cor ligeiramente rosada; quando começar a mudar de tom, acorde-me, até então deixa-me fechar um pouco os olhos. Primeiro põe-se branco, e depois despende faiscas douradas; porém não esperes até que passe disso, quando a cor rosa começar a sumir, acorda-me&quot;. Estas últimas palavras, murmuradas enquanto adormecia, já quase não as escutei. Mas, nem sequer então se deixou dobrar pelas leis da natureza e seguiu dizendo: &quot;Winzy, filho, não toques o vaso, não se te ocorra levá-lo aos lábios. É um filtro que cura o amor, e tu não queres deixar de amar a tua Bertha, não é? Pois muito cuidado com ele!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Repousou a venerável testa no peito e caiu no sono, apenas se escutava a sua respiração. Observei o vaso durante uns minutos, porém o tom rosa do liquido não mudou. Então, a minha mente começou a vagar, vi-me na fonte, em lembrando cenas encantadoras que nunca haviam de voltar, nunca! Quando a palavra &quot;nunca&quot; começou a tomar forma nos meus lábios encheu-me o coração de veneno. Traidora!, traidora e cruel! Nunca tornaria a olhar como olhava Albert. Mulher detestável e odiosa! A coisa não podia ficar assim, como vingança havia de dar morte a Albert a seus pés... mataria a ela com minhas próprias mãos... Sorria triunfante e altiva, consciente da minha aflição e o seu poder. Mas, que poder tinha ela sobre mim? O poder de provocar minha ira, o meu desprezo mais absoluto, a minha... qualquer coisa menos indiferença! Se pudesse conseguir isso! Se pudesse olhá-la com olhos indiferentes e entregar-lhe esse amor não correspondido a outra mais pura e sincera, isso seria, sem dúvida, uma vitória!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De repente, um luz intensa cintilou ante meus olhos. Já me esquecera da poção do mestre. Contemplei-a com assombro: a superfície do liquido refulgia com beleza admirável, despendia umas faíscas mais brilhantes que as produzidas pelos raios de sol ao passar através de um diamante. Uma fragrância deliciosa embebeu meus sentidos, o vaso parecia uma bola luminosa e brilhante, fascinante para a vista e cativante para o olfato. A minha primeira reação, inspirada instintivamente pelos sentidos, foi: &quot;quero beber! tenho que beber!&quot; Levei o vaso aos lábios e murmurei: &quot;Curara-me deste amor, desta tortura!&quot; Quando o filósofo acordou, já eu engolira a metade do licor mais delicioso que provou o paladar humano. Assustei-me e deixei cair o vaso, o liquido derramou cintilando pelo chão e começou a arder. Entretanto, senti como Cornelius me apertava a garganta berrando: &quot;Desgraçado, destruíste o trabalho de toda a minha vida!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não se deu conta de que eu bebera parte da poção. Cria que pegara o vaso por curiosidade e que o deixara cair, assustado pelo resplendor e a intensa luz que desprendia; versão que eu admiti implicitamente. Nunca lhe contei a verdade. Apagamos o lume e o resto da poção foi-se esvaecendo, Cornelius recuperou a serenidade, como deve fazer todo filósofo ante as maiores adversidades, e deu-me permissão para descansar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Seria inútil tentar descrever o sono celestial que elevou a minha alma ao paraíso do gozo durante as restantes horas daquela noite inesquecível. As palavras seriam simples representações banais da satisfação e da alegria que assolavam o meu coração quando despertei. Flutuava no ar, o meu pensamento vagava pelas nuvens. A terra parecia o céu, e o meu legado desse paraíso era viver num êxtase de gozo. &quot;Isto é estar curado do amor&quot;, pensei. &quot;Hoje irei visitar a Bertha e mostrar-me-ei frio e distante, demasiado feliz como para tratá-la com desprezo, porém completamente indiferente ante ela!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As horas voavam e Cornelius, certo de que se o conseguira a primeira vez também o havia lograr uma segunda, começou de novo a elaborar a sua poção. Fechou-se com os livros e as ervas, e deu-me uns dias de descanso. Vesti-me cuidadosamente e olhei-me num escudo velho porém brilhante que me serviu de espelho; parecia que o meu aspecto melhorara extraordinariamente. com bom ânimo e rodeado de toda a beleza do céu e da terra, sai para fora dos limites da cidade. Fui ao castelo, chegando lá, dei-me conta conta de que era capaz de ver suas grandiosas torres com espírito leve, porque já estava curado do amor. Bertha viu-me ao longe quando subia pelo caminho, e não sei que repentina força despertou no seu peito que, ó verme, desceu a escada de mármore brincando com uma corça e começou a correr para mim. Mas também me viu a velha bruxa fidalga que se fazia chamar sua protetora e, na realidade, era a sua tirana; subia abafada e coxeando para o pórtico, enquanto um pagem, tão feio coma ela, lhe sustentava o vestido. Foi ele que deteve minha linda amiga dizendo: &quot;Onde vais com tanta pressa, desvergonhada? Volta à tua gaiola, que fora revoam os falcões&quot;.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Podem apreciar como Bertha apertava as mãos, com olhos ainda voltados para mim. Como aborrecia a velha harpia que teimava em reprimir os nobres impulsos da minha amada quando por fim começava a comover-se! Até então, eu sempre evitara defrontar-me com a senhora do castelo por respeito, porém naquele momento não reparei em considerações tão triviais. Já curara do amor e estava por cima de qualquer temor humano, assim apurei o passo e cheguei em seguida ao pórtico. Bertha estava preciosa! Brilhavam-lhe os olhos e ardiam de impaciência e raiva, estava mais garrida e encantadora que nunca, porém eu já não a amava Oh, não! Adorava!, Venerava! Idolatrava!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aquele dia pressionara-a com mais insistência que nunca para que consentisse em casar de imediato com meu rival. Reprovava-lhe que lhe tivesse dado azos, e ameaçava-a com expulsá-la da casa envergonhada e desonrada. Ela, orgulhosa, rebelou-se contra a tal ameaça; mais, ao lembrar todos os desprezos que me fizera, e que, quiçá por isso, perdera o que agora considerava o seu único amigo, rompeu a chorar com raiva e remorsos. Nesse momento apareci. &quot;Oh, Winzy!&quot;, exclamou. &quot;Leva-me em seguida a cabana da teu pai. Renego todos os luxos desta suntuosa casa que não me trouxe mais que desgraças, leva-me de volta à pobreza e à felicidade!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Colhi-a nos braços, extasiado. A velha ficou muda de raiva, e quando começou a proferir impropérios já estávamos longe, caminho da casa dos meus pais. A minha mãe recebeu com ternura e alegria a coitadinha refugiada, que acabava de escapar duma gaiola de ouro buscando a liberdade na singeleza; e o meu pai, que lhe queria coma a uma filha, deu-lhe as boas-vindas de todo coração. Foi um dia de júbilo, o meu coração pulava de alegria sem necessidade de nenhuma poção mágica.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pouco depois daquele dia tão agitado casei com Bertha. Deixei de ser discípulo de Cornelius, porém segui sendo seu amigo. Sempre lhe estive agradecido por permitir, sem saber, tomar um gole daquele elixir divino que, em vez de curar-me do amor ?triste cura!, um remédio cheio de saudade e dor contra uma coisa que hoje se assemelha a uma bênção? infundiu em mim a coragem e resolução necessárias para conquistar o inestimável tesouro que resultaria ser Bertha.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Com freqüência, recordo aquela época de embriaguez quase hipnótica. A beberagem de Cornelius não cumprira o cometido para o que ele afirmava que fora preparada, mas não há palavras que possam expressar os efeitos tão maravilhosos que produziu em mim. Ainda que o efeito se ia esvaecendo, durou muito tempo e encheu-me a vida de delícia. Às vezes, Bertha abraçava-se ao me ver tão alegre e entusiasmado, algo inusitado em mim já que antes era mais bem sério, mesmo tristonho. Agora, com meu novo caráter, ainda me queria mais, e nas nossas vidas não havia lugar para a tristeza.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uns cinco anos depois, Cornelius mandou-me chamar a seu leito de morte requerendo a minha presença imediata. Achei-o deitado no leito cunha febre altíssima; a faísca de vida que lhe restava brilhava-lhe no penetrante olhar, fixo num vaso de vidro que continha um líquido rosado.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;?Notaste do insignificante que é a vontade humana? ?disse com voz entrecortada e como para si. Pela segunda vez estão a ponto de ver-se cumpridas as minhas esperanças, e uma segunda vez me escapam. Vês essa poção? Lembra que há uns cinco anos preparei a mesma beberagem com mesmo resultado: daquela, como agora, esperava poder saciar a minha sede com elixir da imortalidade então, entregá-lo a ti e agora, já é tarde demais!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Falava com dificuldade e tinha que recostar-se contra a almofada. Mas não pude evitar dizer-lhe:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;?Porém, venerado mestre, como pode um remédio contra o amor devolver-lhe a vida?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;?Um remédio para o amor e para tudo: o Elixir da Imortalidade!Ai, se pudesse bebê-lo agora viveria para sempre! ?disse, de maneira case ininteligível, enquanto que um vago sorriso lhe iluminava a cara.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E, dizendo isto, do vaso surgiu um resplendor dourado, e uma fragrância bem conhecida por mim espalhou-se no ar. Apesar de débil que estava, ergueu-se e estendeu o braço, a força parecia retornar a seu corpo como por arte de magia. A mim assustou um forte estalo, o elixir despendeu fagulhas e o vaso quebrou em mil cacos. Olhei para o filósofo: caíra de costas e tinha os olhos vidrados e as feições rígidas, estava morto!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Porém eu estava vivo e ia viver para sempre! Isso disse o desafortunado alquimista, e durante uns dias acreditei nas suas palavras. Recordava a felicidade embriagadora que me inundou depois de tomar aquele trago às escondidas. Passei a observar as mudanças que se produziram no meu corpo e na minha alma: a exultante elasticidade do primeiro e o eufórico entusiasmo da última. Examinei o meu rosto detalhadamente no espelho, e não notei que se tivesse produzido nenhuma mudança nas minhas feições durante os últimos cinco anos. Recordava a luminosa cor e o aroma daquela deliciosa bebida, dignos do poder que possuía. Portanto, eu era Imortal!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uns dias mais tarde, eu mesmo ria da minha credulidade. O velho provérbio que diz que &quot;ninguém é profeta na sua terra&quot; resultou ser verdade tocante a mim e meu defunto mestre. Eu apreciava-o como pessoa e respeitava-o como mestre, porém a idéia de que pudesse ter algum poder sobre as forças das trevas parecia-me ridícula e ria- me do medo supersticioso com que o olhavam. Era um filósofo sábio, mas não conhecia outros espíritos que não fossem os recobertos de carne e osso. Os seus conhecimentos eram puramente humanos; e o saber humano, conseguiu convencer-me, nunca chegaria a dominar as leis da natureza até o ponto de poder encerrar a alma para sempre na sua morada carnal. Cornelius elaborara uma bebida que restabelecia o espirito, uma bebida mais embriagadora que vinho e mais doce e olorosa que nenhuma fruta, e que provavelmente tinha poderes medicinais: proporcionava alegria ao coração e vigor aos membros. Porém os seus efeitos acabariam desaparecendo, no meu corpo já começavam a minguar. Considerava-me um tipo afortunado porque o meu mestre me obsequiara com boa saúde e alegria e quiçá uma longa vida. Porém a minha boa fortuna acabava ai, a longevidade era bem diferente da imortalidade.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Segui abrigando esta crença durante muitos anos, ainda que às vezes me passava uma idéia pela cabeça: estava realmente equivocado o alquimista? Mas, em geral, seguia a crer que chegaria a minha hora como a qualquer cristão, talvez um pouco tarde porém, a uma idade normal. Mas não havia dúvida que tinha uma aparência extraordinariamente juvenil. As pessoas riam de minha vaidade por olhar-me no espelho com tanta freqüência. Porém era tudo debalde, já que na minha fronte não se via uma ruga; as madeixas, os olhos, tudo eu seguia tão jovem como aos vinte anos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Estava desconcertado, olhava a mirrada beleza de Bertha, e parecia mais a minha mãe. Pouco a pouco, os vizinhos começaram a fazer comentários deste tipo e finalmente, descobri que me chamavam &quot;o rapaz amigado&quot;. Mesmo Bertha começou a inquietar-se, tornou-se zelosa e irritável e, com o tempo, começou a fazer perguntas. Não tínhamos filhos, estávamos completamente sós; porém, assim como tudo, ao ir envelhecendo, o seu caráter leve e esperto acabou por aquietar-se, e a sua beleza começou a murchar. Contudo, eu apreciava-a como a amante que adorara na juventude e a esposa que conquistara com tanta dedicação.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A final, a situação tornou-se insuportável. Bertha tinha cinqüenta anos e eu vinte. Envergonhado, adotei costumes de velho: nos bailes já não me juntava com moços, ainda que o meu coração brincava com eles e tinha que conter os pés para não dançar; fazia uma figura ridícula entre os homens maduros da vila. Porém as coisas já começaram a mudar antes de tudo isso. Rejeitavam-nos todos porque acreditavam que fizéramos, pelo menos eu, um pacto diabólico com algum dos supostos aliados do meu antigo mestre. De mim tinham medo e aborreciam, e a pobre Bertha, ainda que lhe tinham mágoa, abandonaram-na à sua sorte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Que podíamos fazer? Ficar sentados a frente do lume vendo como a pobreza entrava na nossa casa, já que ninguém queria comprar os produtos da minha granja. Amiúde tinha que fazer vinte milhas de viagem para poder vendê-los em local onde não me conhecessem. Menos mal que tínhamos algo guardado por virem maus tempos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ficávamos sós, o moço avelhentado e a sua antiquada mulher sentados diante do fogo. Bertha seguia insistindo em saber a verdade, juntava tudo o que escutara sobre mim e tirava as suas próprias conclusões. Chegou a suplicar-me que desfizesse aquela magia. Tentou convencer-me de quanto mais formosas eram as cãs que meus cabelos castanhos, elogiava o respeito e a veneração que inspira a velhice, comparados com a escassa consideração que se tem com os jovens. Como podem imaginar que o desprezável dom da juventude e a beleza seria mais forte que ódio, o desprezo e a vergonha? Acabariam queimando-me por praticar magia negra, e a Bertha ?a que não fora capaz de transmitir nem sequer uma pequena parte da minha boa fortuna? poderiam dilapidá-la por ser a minha cúmplice. Por último, chegou a insinuar que devia compartilhar meu segredo com ela para que pudesse gozar dos mesmos benefícios, se não queria que me denunciasse, e depois começou a chorar.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vi-me tão encurralado que pensei que o melhor era dizer-lhe a verdade. Contei com todo o tato que pude, e não lhe falei de imortalidade, senão duma longa vida, que era também o que melhor encaixava com a idéia que eu tinha do assunto. Quando rematei o relato, pus-me de pé e disse-lhe:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;?E agora, Bertha, ainda queres denunciar o teu amante de juventude? Sei que não o farás, porém seria injusto que ui, a minha querida esposa, sofresse as conseqüências da minha má sorte e das artes malditas de Cornelius. Devo-me ir. A ti fica o bastante para viver; e, quando eu partir, voltarão os velhos amigos para dar-te uma mão. Ainda pareço novo e sou forte, posso trabalhar e ganhar o pão onde ninguém me conheça nem suspeite de mim. Amei-te de moço e ponho a Deus por testemunha de que não te abandonaria na velhice, se não fosse pela tua própria segurança e felicidade.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Vesti o casaco e dirigi-me à porta; porém em seguida senti que os braços de Bertha rodeavam o meu pescoço e os seus lábios bicavam os meus. &quot;Não, meu queridinho, meu Winzy&quot;, disse,&quot;não te irás só, leva-me contigo; deixaremos este lugar e, como ti disseste, entre desconhecidos estaremos seguros e livres de qualquer suspeita. Ainda não sou tão velha para envergonhar-te. Seguramente há de desaparecer logo o feitiço e, por Deus, envelhecerás como deves. Por favor, não te vás sem mim!&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Abracei-a forte contra o meu peito e disse-lhe: &quot;Não temas, não te deixarei, não o pensara nem por um momento. Seguirei sendo o teu maridinho fiel e cuidarei de ti até que Deus te chame a seu lado&quot;.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;No dia seguinte preparamo-nos em segredo para a partida. Teríamos que renunciar a muitas coisas, era inevitável. Reunimos a soma de dinheiro necessária para manter-nos pelo menos enquanto Bertha vivesse e, sem dizer adeus a ninguém, deixamos nossa terra natal para refugiar-nos num lugar remoto do oeste de França.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Foi cruel afastar a pobre Bertha da sua vila natal e os seus amigos de juventude e levá-la a um país com outra língua e outros costumes. Para mim, a partida era algo sem demasiada importância devido ao segredo do meu insólito destino. Compadecia-me profundamente dela e alegrava-me comprovar que encontrava consolo para as suas desgraças em pequenas casualidades ridículas. Longe de todos os conhecidos, ela tentava ocultar a evidente diferença de idade que nos separava mediante milhares de truques femininos: punha carmim nos lábios, usava roupa juvenil e comportava-se coma uma mocinha. Não podia aborrecer-me com ela, não levava eu também uma máscara? Por que havia de discutir com ela se os seus truques não funcionavam tão bem como os meus? Uma tristeza infinita assolava o meu coração quando lembrava que essa era a minha Bertha, a que eu amara tão apaixonadamente, a que tanto me custara conquistar. Aquela garota de cabelos mouros e olhos escuros, com sorriso pícaro e cativador, que saltitava como uma corça, convertera-se nessa velha mexeriqueira e zelosa. Deveria venerar as suas cãs e rugas! Sabia que era o meu dever.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Porém esse tipo de decadência não era o que me aborrecia nela. A sua desconfiança não tinha limite. A sua principal ocupação era descobrir que, apesar da aparência externa, eu também estava a envelhecer. Creio que, no fundo, a pobre amava-me de verdade; mas nunca conheci uma mulher com forma tão opressiva de mostrar o seu carinho. Descobria rugas no meu rosto e debilidade no meu andar, enquanto eu brincava com vitalidade juvenil e parecia o mais novo dos moços do lugar. Nunca se me ocorreria falar a outra mulher; porém, numa ocasião, ela, crendo que a beleza da vila me via com bons olhos, comprou-me uma peruca cinza. O tema habitual de conversação com suas amizades era que, ainda que parecesse tão novo, o meu corpo estava a deteriorar-se e o pior sintoma, afirmava, era essa aparente saúde. Dizia que a minha juventude era uma enfermidade e que devia estar preparado, se não para uma morte repentina e horrível, quando menos para espertar uma manhã com o cabelo todo branco, cuvado e com todos os achaques da velhice. Deixava-a falar e amiúde mesmo corroborava as suas conjecturas, que concordavam com minhas eternas especulações sobre o meu estado. Até cheguei a tomar um sério ainda que doloroso interesse por escutar tudo o que o seu rápido engenho e a sua imaginação exaltada podiam discorrer sobre o tema.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Para que estender em mais detalhes? Ainda vivemos juntos muitos anos. Bertha ficou paralítica e prostrada numa cama. Cuidei dela como uma mãe cuidaria um filho. Com o tempo, tornou-se ainda mais raivosa e obsessiva, sempre cismando sobre quanto tempo eu ia sobreviver. Consola-me saber que cumpri escrupulosamente o meu dever para com ela. Foi a minha companhia na juventude e foi também na velhice e, afinal, quando enterrei o seu corpo, chorei desconsolado pela perda do único elo que realmente me unia a este mundo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Desde então, quantas foram as minhas preocupações e pesares e que poucas e vãs as alegrias! Vou deixar a minha historia neste ponto, não paga a pena seguir. Um marinheiro sem temor nem compaixão, sacudido por um mar tormentoso; um viajante perdido num monte imenso, sem luzes nem estrelas que o guiem: isso é o que eu sou e estou mais perdido e desesperado que nenhum deles. Um barco próximo ou a luz d?alguma casa ao longe poderiam salvá-los, porém para mim não há outro farol que a esperança da morte.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Morte! misteriosa dama de escuro rosto que alentas os pobres mortais! Por que, entre todos eles, tivestes que me privar a mim do teu abraço protetor? Oh, a paz, o profundo silêncio da tumba! Se o meu cérebro se detivesse e o meu coração deixasse de sentir emoções que só variam em novas formas de tristeza!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Então, sou imortal? Volto com a primeira pergunta. Em primeiro lugar, nao é mais provável que a poção não concedesse a vida eterna, senao uma longa vida? Isso é o que eu espero. Ademais, só tomei a metade da poção, não teria que bebê-la toda para completar o feitiço? Portanto, tomar a metade do Elixir da Imortalidade só suporia ser semi-imortal e assim, a minha eternidade ficaria truncada e invalidada.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ora, de todo o modo, quem poderia saber quantos anos são a metade da eternidade? Amiúde, trato de adivinhar segundo que regra se pode dividir o infinito. Às vezes imagino que me acho velho. já encontrei uma cã. Porém sou um tolo!! ainda me lamento? Sim, invade-me com freqüência o medo da velhice e morte; e, ainda que aborreço a vida, quanto mais vivo mais me aterra a morte. Ai, o ser humano é um mistério! Nascemos para perecer e teimamos em lutar, como faço eu, contra as leis que regem a nossa natureza.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Maldita contradição, estou certo de que algum dia hei morrer. A poção do alquimista não poderá mais que o fogo, uma espada ou as profundas águas dum rio. Já me tenho visto mais duma vez nas azuis profundidades de um plácido lago ou nos tumultos rápidos dum imenso rio, pensando que a paz reside nas suas águas. Porém, assim mesmo, sempre dei volta para seguir vivendo outro dia mais. Pergunto eu se o suicídio será um pecado para alguém que não tem outra forma de cruzar as portas do outro mundo. Fiz de tudo, exceto apresentar-me voluntário para o exército ou um duelo, porque desta maneira não só destruiria a mim mesmo, não, senão também outros mortais, por isso dei para trás. Os mortais não são os meus iguais. A inesgotável força vital que habita o meu corpo e a sua existência efêmera nos faz tão opostos como os pólos. Por isso, eu não seria quem ergueria uma mão nem contra o mais débil nem o mais forte deles.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Assim vivi durante todos estes anos, só e aborrecido de mim mesmo, desejando morrer porém ainda vivo: um mortal imortal. não tenho ambições nem sou cobiçoso, e esse ardente amor que me rói o coração ?esse que não voltará nunca, porque nunca encontrei um igual a quem possa entregá-lo? perdura só para atormentar-me.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Precisamente hoje, ideei um projeto com o qual poderei acabar com tudo sem ter que suicidar-me nem fazer doutro homem um Caim: uma expedição a que nenhum mortal, nem sequer alguém novo e forte como eu, havia sobreviver. Desta maneira, porei à prova a minha imortalidade e descansarei para sempre ou voltarei para converter-me num prodígio da natureza e um benfeitor da humanidade.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mais antes de partir, a vaidade levou-me a escrever estas páginas. Não quero morrer sem deixar pegada. Já passaram três séculos desde o funesto dia em que bebi aquela poção e não há de passar outro ano antes de que, enfrentando enormes perigos, lutando contra as forças do céu no seu próprio terreno, açoitado pelo temporal, a fome e a fatiga, abandone a ação da chuva e o vento este corpo que se converteu numa gaiola demasiado resistente para uma alma tão sedenta de liberdade. Porém se sobrevivo, o meu nome será lembrado como um dos mais célebres entre os mortais. E, daquela, hei empregar métodos mais contundentes para dispersar e aniquilar todos os átomos que compõem o meu corpo e liberar a vida encadeada dentro, a que tão cruelmente se lhe impediu ascender deste mundo de trevas a uma esfera mais adequada á sua essência imortal.&quot;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;por &lt;a href=&quot;http://contosassombrosos.blogspot.com/2008/10/mary-shelley_24.html&quot;&gt;Mary Shelley&lt;/a&gt; - tradução : Jô Andrada&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/a-alma-mortal-e-imortal.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-x5-PN_AO19I/UqW0GwrFcaI/AAAAAAAAH_4/fI5vgEbPMe4/s72-c/129.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-9021403710616837932</guid><pubDate>Sun, 08 Dec 2013 22:24:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-12T09:44:42.300-03:00</atom:updated><title>A Arquitetura Gótica e os Templários</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-c9MHhutI3Dk/UqTvUiPA-SI/AAAAAAAAH_U/Huvk-KlBIKc/s1600/arquitetura_gotica01.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-c9MHhutI3Dk/UqTvUiPA-SI/AAAAAAAAH_U/Huvk-KlBIKc/s1600/arquitetura_gotica01.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um núcleo, provavelmente ultra secreto, dos Templários, formado à liderança da Ordem (seria esse o pequeno grupo dos cavaleiros do Graal), dispunha, por meio das tábuas completas da lei, de um conhecimento ainda hoje fora do alcance da humanidade. Por exemplo, podemos provar que os Templários não só racionalizaram como também revolucionaram a agricultura. No tempo do florescimento da Ordem do Templo, surgiu a arquitetura gótica.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Curiosamente, esse &quot;aparecer&quot; foi repentino, e não resultado de um crescimento orgânico e lento. O goticismo não cresceu da arquitetura romana que a precedeu. Era algo completamente novo. Subitamente estava lá. A arquitetura romana baseia-se numa força que age de cima para baixo; a cúpula redonda pressiona com seu peso os muros e estabiliza dessa maneira a construção. Os arcos pontudos da catedral gótica baseiam-se exatamente no princípio contrário: a pressão age de baixo para cima. Enquanto uma cúpula romana pode eventualmente cair, se mal construída, um arco gótico pode explodir. Trata-se de um caso de tensão dinâmica.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-7RPlxKdgyXo/ToMfH5enP-I/AAAAAAAAChE/GPnrVddYJ8g/s1600/arquitetura_gotica01.jpg&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;file:///C:/Users/Cliente/AppData/Local/Temp/msohtmlclip1/01/clip_image003.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-19m1XUMkwiA/UqTve9vVo9I/AAAAAAAAH_c/JS_8xxngqQE/s1600/images+(26).jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-19m1XUMkwiA/UqTve9vVo9I/AAAAAAAAH_c/JS_8xxngqQE/s1600/images+(26).jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Resumindo. Podemos dizer que os arquitetos romanos, com toda sua inteligência, aplicaram nas suas construções uma técnica pouco diferente daquela usada pelos construtores megalíticos, quando amontoavam pedras pesadas umas sobre as outras. Já a catedral gótica exige um conhecimento muito maior, assim como dados científicos, tradicionalmente recebidos ou geometricamente calculados e recalculados constantemente. Isso superava amplamente os conhecimentos daquela época. Além da arquitetura e agricultura, outro fato é válido também para o campo financeiro. Os monarcas estavam constantemente sem dinheiro. As cidades eram pequenas e o núcleo de habitantes também; a igreja protegia cuidadosamente seu tesouro. Os funcionários públicos eram, salvo raras exceções, bastante pobres. Logicamente podemos perguntar o que estaria atrás dessa mania de construir que consumia somas astronômicas. É muito provável que essas construções, surgindo de uma hora para outra, dentro de um curto espaço de tempo, dezenas ao mesmo tempo, faziam parte de um gigantesco projeto ainda não esclarecido para a humanidade.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-XZAIVaruB_8/UBsjz7vZd1I/AAAAAAAAE-g/_TqnxKr-v94/s1600/images+%252817%2529.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;139&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-XZAIVaruB_8/UBsjz7vZd1I/AAAAAAAAE-g/_TqnxKr-v94/s200/images+%252817%2529.jpg&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De onde vieram esses operários especializados, do arquiteto ao escultor ou o chaveiro, num mundo de relativamente poucos habitantes?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Seja como for, nasceu uma classe de operários de construção, treinados numa técnica exemplar e fisicamente livres para, em caso de necessidade, se locomover de uma oficina para outra, sem problemas. Não é sem razão que se considera essas oficinas de construtores livres (chamadas loges, em francês) como precursores das lojas franco-maçônicas. Entre as invenções dos Templários, podemos acrescentar a idéia original da criação dos bancos, com seus cheques e outros métodos de créditos, projetados para ajudar as finanças e suas atividades na Terra Santa..&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-oQG_XNtmsP4/UBzOd_1a7dI/AAAAAAAAFDc/wnG4uXGwVio/s1600/Templarios.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-oQG_XNtmsP4/UBzOd_1a7dI/AAAAAAAAFDc/wnG4uXGwVio/s200/Templarios.jpg&quot; width=&quot;171&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Postado por &lt;a href=&quot;http://www.blogger.com/profile/09348305202401045603&quot;&gt;Paulo Moraes &lt;/a&gt; em seu blog  Panacéia das Curiosidades&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/a-arquitetura-gotica-e-os-templarios.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://1.bp.blogspot.com/-c9MHhutI3Dk/UqTvUiPA-SI/AAAAAAAAH_U/Huvk-KlBIKc/s72-c/arquitetura_gotica01.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-3356859497837245914</guid><pubDate>Sun, 08 Dec 2013 20:45:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-08T17:46:40.270-03:00</atom:updated><title>Do Além... Conto de H. P. Lovecraft</title><description>&lt;h3 style=&quot;background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; margin: 0cm 0cm 0.0001pt;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-y4APtxysvfw/UqTaHnyhUNI/AAAAAAAAH-w/wWUAAKbtyDk/s1600/images+(22).jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-y4APtxysvfw/UqTaHnyhUNI/AAAAAAAAH-w/wWUAAKbtyDk/s1600/images+(22).jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Horrível, para além de qualquer concepção, foi a mudança por que passou meu melhor amigo, Crawford Tillinghast. Eu não o vira desde aquele dia, dois meses e meio antes, quando ele me falou da meta em direção à qual suas pesquisas físicas e metafísicas se encaminhavam e quando respondeu à minha demonstração de espanto e medo expulsando-me de seu laboratório e de sua casa num estouro de raiva fanática.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Eu sabia que ele agora passava a maior parte do tempo fechado em seu laboratório no sótão com aquela maldita máquina elétrica, comendo pouco e afastado até dos próprios criados, mas não pensara que um período tão breve de dez semanas pusesse alterar e desfigurar de tal maneira uma criatura humana. Não há prazer em ver um homem garboso tornar-se magro de repente, e é pior ainda quando a pele flácida começa a amarelar ou a acinzentar, os olhos fundos, esgazeados, brilhando de modo sobrenatural, a testa enrugada e coberta de veias, e as mãos trêmulas e contorcidas. E se, adicionado a isso, houver um desalinho repulsivo, uma desordem louca do vestir, moitas de cabelos escuros esbranquiçados na raiz, e uma sombra de barba não aparada sobre um queixo que sempre fora cuidadosamente barbeado, o efeito cumulativo será chocante.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Mas esse era o aspecto de Crawford Tillinghast na noite em que sua mensagem pouco coerente me trouxe até sua porta depois de semanas de exílio. Tal era o espectro que tremia enquanto me fazia entrar, uma vela na mão, a olhar furtivamente por sobre o ombro, como se receoso de coisas invisíveis na casa antiga e solitária, situada ao fundo da Benevolent Street.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Para Crawford Tillinghast, ter um dia estudado ciência ou filosofia fora um erro. São coisas que deveriam ser deixadas para o investigador impessoal e frio, pois oferecem duas alternativas igualmente trágicas ao homem de sentimento e ação: desespero, se fracassa em sua busca, e terrores indizíveis e inimagináveis, se obtém sucesso. Tillinghast fora presa uma vez do fracasso, da reclusão e da melancolia; mas agora eu sabia, entre receios repelentes de minha parte, que ele era presa do sucesso. De fato, eu o tinha alertado, duas semanas antes, quando aventou, num ímpeto, a história do que estava prestes a descobrir. Tornara-se vermelho e excitado, falando num tom de voz muito alto e antinatural, embora sempre pedante.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;O que sabemos&quot;, ele dissera, &quot;sobre o mundo e o universo ao nosso redor? Nossos meios de receber impressões são absurdamente escassos, e nossas noções dos objetos que nos cercam são infinitamente estreitas. Vemos as coisas somente na medida em que somos construídos para vê-las e não podemos fazer idéia alguma de sua natureza absoluta. Com cinco débeis sentidos, queremos compreender o cosmos ilimitadamente complexo, enquanto outros seres, com uma gama de sentidos diferente, mais ampla ou mais possante, não apenas poderiam ver de modo diferente as coisas que vemos, como também ver e estudar mundos inteiros de matéria, energia e vida que jazem próximos de nós, mas que não podem ser detectados com os sentidos que temos.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;br /&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;/span&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Sempre acreditei que tais mundos estranhos e inacessíveis existem colados aos nossos cotovelos, e agora creio que encontrei um modo de romper as barreiras. Não estou blefando. Dentro de vinte e quatro horas aquela máquina sobre a mesa gerará ondas que agirão sobre órgãos ignorados de sentidos que existem em nós como vestígios atrofiados ou rudimentares. Essas ondas abrirão para nós inúmeros panoramas desconhecidos do homem e muitos desconhecidos de qualquer coisa que consideramos como vida orgânica. Haveremos de ver aquilo para o qual os cachorros uivam na escuridão, aquilo para o qual os gatos levantam suas orelhas após a meia-noite. Veremos essas coisas e outras coisas que nenhuma criatura que respira jamais viu. Vamos saltar sobre o tempo, o espaço e as dimensões e, sem mover nossos corpos, espiar o fundo da criação.&quot;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Quando Tillinghast disse essas coisas, não disfarcei, pois conhecia-o bem o suficiente para ter muito mais receio do que admiração; mas ele era um fanático e expulsou-me da casa. Agora ele não era menos fanático, mas seu desejo de falar sobrepujara o ressentimento, e ele me escrevera num tom imperativo, com uma caligrafia quase ilegível. Quando penetrei na casa desse amigo tão subitamente metamorfoseado numa gárgula vacilante, infectou-me o terror que parecia espreitar em meio a todas as sombras. Era como se as palavras e crenças expressas dez semanas antes se encarnassem na escuridão que cercava o pequeno círculo de luz da vela, e senti-me mal diante da voz oca e alterada de meu anfitrião.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Desejei que os criados estivessem por perto e não gostei quando ele disse que todos tinham deixado a casa havia três dias. Pareceu estranho que o velho Gregory, ao menos, pudesse desertar de seu senhor sem dizer isso a um amigo tão próximo como eu. Era ele que me dava toda a informação que tive sobre Tillinghast depois que, furioso, este me expulsou.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;No entanto, logo obriguei meus medos a se subordinarem à minha curiosidade e fascinação. O que é que Crawford Tillinghast queria de mim agora eu podia até conjeturar, mas de que ele tinha algum segredo ou descoberta estupenda para revelar, disso eu não duvidava. Antes eu protestara contra sua perquirição indiscreta do impensável, e agora que ele evidentemente tivera algum tipo de sucesso eu quase compartilhava seu espírito, por mais terrível que pudesse ser o custo da vitória. Seguindo a luz vacilante da vela que a mão daquela paródia trêmula de homem segurava, subi em direção à escuridão vazia da casa.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;A eletricidade parecia ter sido desligada, e quando perguntei ao meu guia ele disse que era por um motivo definido.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;Seria demais… Eu não ousaria&quot;, ele continuava a murmurar. Notei em especial esse seu novo hábito de murmurar, pois não era do seu feitio falar sozinho. Entramos no laboratório no sótão, e observei aquela detestável máquina elétrica a cintilar com uma luminosidade doentia, sinistra, violeta. Estava conectada a uma potente bateria química, mas não parecia receber corrente, pois eu me lembrava de que em seu estágio experimental ela tinha roncado e ciciado quando posta em ação. Em resposta à minha pergunta, Tillinghast sussurrou que esse brilho permanente não era elétrico em nenhum sentido que eu pudesse entender.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Ele me fez sentar próximo à máquina, de modo que ela ficou à minha direita, e acionou um comutador que ficava por baixo de uma profusão de bulbos de vidro. Os estralejos usuais começaram, tornaram-se um gemido, e terminaram num rumor monótono e tão suave que dava impressão de retornarem ao silêncio. Entrementes a luminosidade aumentou, diminuiu, até assumir uma tonalidade pálida e inusitada ou uma mistura de cores que eu não poderia situar ou descrever. Tillinghast tinha estado a me observar, notando minha expressão de perplexidade.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;Sabe o que é isso?&quot;, murmurou, &quot;Isso é ultravioleta&quot;. E gargalhou ao ver a minha surpresa. &quot;Pensou que o ultravioleta era invisível, e é – mas você pode vê-lo e a muitas outras coisas agora. Ouça-me! As ondas dessa coisa estão despertando em você mil sentidos adormecidos – sentidos que você herdou de éons de evolução, desde o estado dos elétrons errantes até o estado da humanidade orgânica. Eu vi a verdade, e pretendo mostrá-la a você. Faz idéia de como ela se parece? Vou dizê-lo a você.&quot; Aqui, Tillinghast se sentou também, de frente para mim, segurando sua vela e olhando-me perversamente nos olhos. &quot;Seus órgãos sensórios existentes – ouvidos primeiro, suponho – captarão muitas das impressões, pois estão intimamente conectados com os órgãos adormecidos. Então haverá outros. Já ouviu falar da glândula pineal? Rio-me dos ingênuos endocrinologistas, pretensiosos e comparsas iludidos dos freudianos. Essa glândula é o órgão sensório por excelência – eu o descobri. É como uma visão, afinal, e transmite imagens visuais ao cérebro. Se você é normal, esse será o modo como você obterá a maior parte... Refiro-me à maior parte da evidência do além.&quot;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Olhei em volta o imenso sótão com a parede alta ao sul, obscuramente iluminada por raios que os olhos cotidianos não poderiam ver. Os cantos mais distantes eram pura sombra, e o lugar inteiro mergulhava numa irrealidade nevoenta que obscurecia sua natureza e convidava a imaginação ao simbolismo e à fantasmagoria. Durante o longo intervalo em que Tillingthast permaneceu em silêncio, tive um devaneio de estar num incrível e vasto templo de deuses há muito desaparecidos, num edifício vago de inúmeras colunas de pedra negra que se elevavam de um piso de lajes úmidas até alturas de nuvens que ficavam para além da minha visão.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;A imagem me pareceu bastante vívida por algum tempo, mas gradualmente deu lugar a uma concepção mais horrível – aquela da solidão extrema e absoluta do espaço infinito, inescrutável e silencioso. Parecia haver um vazio e nada mais, e senti um medo infantil que me fez sacar do bolso junto ao peito um revólver que passei a carregar desde que fora assaltado em East Providence. Então, das mais distantes regiões do remoto, o som deslizou suavemente para dentro da existência. Era infinitamente débil, sutilmente vibrante, e inequivocamente musical, mas continha um não sei quê de indizivelmente selvagem que fazia com que o seu impacto parecesse uma tortura delicada de todo o meu corpo.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Vieram-me sensações que eram como se alguém pisasse vidro moído no chão. Simultaneamente, desenvolveu-se alguma coisa como um sopro frio, que aparentemente passava por mim vindo do som distante. Enquanto, sem fôlego, aguardava, percebi que tanto o som quanto o vento estavam aumentando, o efeito assemelhando-se ao de ter sido atado a um par de trilhos no caminho de uma gigantesca locomotiva que se aproximasse. Comecei a falar a Tillinghast e, quando o fiz, todas as impressões incomuns se desvaneceram abruptamente. Vi apenas o homem, as máquinas cintilantes e o cômodo penumbroso.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Tillinghast ria de um jeito repulsivo para o revólver que eu sacara quase inconscientemente, mas pela sua impressão compreendi que ele tinha visto e ouvido tanto quanto eu, se não muito mais. Murmurei o que eu tinha experimentado, e ele me instruiu para que permanecesse o mais quieto e receptivo possível.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;Não se mova&quot;, advertiu, &quot;pois nesses raios tanto podemos ver quanto ser vistos. Eu lhe disse que os servos foram embora, mas não lhe disse como. Foi aquela governanta de cabeça dura; ela acendeu as luzes no térreo depois que eu avisei para não fazer isso, e os arames captaram vibrações empáticas. Deve ter sido amedrontador – pude ouvir os gritos daqui de cima, a despeito de tudo o que via e ouvia vindo de outra direção, e mais tarde foi pavoroso encontrar aqueles montes vazios de roupas por toda a casa. As roupas da senhora Updike estavam próximas do comutador de luz da sala – eis como eu soube que ela o fizera. Pegou-os a todos. Mas, desde que não nos movamos, estamos razoavelmente seguros. Lembre-se de que estamos lidando com um mundo medonho no qual somos praticamente indefesos... Fique quieto!&quot;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;O choque combinado da revelação e da intimação abrupta deu-me um tipo de paralisia, e no terror minha mente se abriu de novo para as impressões que vinham do que Tillinghast chamou de &quot;além&quot;. Um vórtice de som e movimento me envolvia agora, imagens confusas surgindo diante de meus olhos. Eu via os contornos imprecisos do cômodo, mas de algum ponto do espaço parecia jorrar uma coluna fervilhante de formas irreconhecíveis ou de nuvens, penetrando no teto sólido num ponto adiante, à minha direita.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Então vislumbrei o templo – como efeito novamente, mas desta vez os pilares subiam em direção a um oceano aéreo de luz, o qual despejava um raio de luz ofuscante por todo o caminho da coluna de nuvens que eu vira antes. Depois disso, a cena tornou-se quase inteiramente caleidoscópica, e na profusão de visões, sons e impressões sensoriais não identificadas, senti que estava prestes a me dissolver ou, de algum modo, a perder a forma sólida. De um determinado lance eu hei de me lembrar para sempre.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Pareceu-me ter visto, por um instante, uma nesga de estranho céu noturno repleto de esferas cintilantes e rodopiantes, e quando desapareceu vi que os sóis brilhantes formavam uma constelação ou galáxia de forma definida, sendo essa forma o rosto distorcido de Crawford Tillinghast. Noutra ocasião, senti que as coisas imensas e animadas se arrastavam para além de mim e às vezes caminhavam ou vogavam através do meu corpo supostamente sólido, e pensei ter visto Tillinghast olhar para elas como se seus sentidos mais bem treinados pudessem captá-las visualmente. Lembrei-me do que ele dissera acerca da glândula pineal e me perguntei o que ele via com esse olho sobrenatural.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;De súbito, senti-me também possuído por uma espécie de visão aumentada. Por cima e ao longo do caos luminoso e sombrio se elevava uma imagem que, embora vaga, continha elementos de consistência e permanência. Era de fato algo familiar, pois a parte incomum estava superposta à cena comum e terrestre, tal como uma imagem de cinema se pode projetar sobre a cortina pintada de um teatro. Vi o laboratório do sótão, a máquina elétrica e a forma indistinta de Tillinghast em frente a mim, mas de todo o espaço não ocupado por objetos familiares sequer a menor porção estava vaga. Formas indescritíveis, vivas ou não, se misturavam numa desordem repulsiva, e perto de cada coisa conhecida havia mundos inteiros de entidades alienígenas e ignotas.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Igualmente, parecia que todas as coisas conhecidas entravam na composição de outras coisas desconhecidas e vice-versa. Mais à frente, entre os objetos vivos, havia monstruosidades pretas, semelhantes a medusas, que estremeciam languidamente com as vibrações da máquina. Manifestavam-se numa profusão nauseante, e eu vi, para o meu horror, que se imbricavam, que eram semifluidas e capazes de passar através umas das outras e daquilo que conhecemos como sólidos. Essas coisas jamais paravam; antes: pareciam flutuar sempre com algum propósito maligno.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Às vezes, davam mostras de devorar-se umas às outras, o atacante lançando-se sobre sua vítima e instantaneamente fazendo-a desaparecer de vista. Trêmulo, entendi o que tinha feito desaparecer os infelizes criados, e não podia expulsar a coisa de minha mente enquanto lutava para observar outras propriedades do mundo, há pouco tornado visível, que existe incógnito à nossa volta. Mas Tillinghast tinha estado a me observar e agora falava.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;Você as vê? Você as vê? Vê as coisas que flutuam e se precipitam à sua volta a cada momento de sua vida? Vê as criaturas que formam o que os homens chamam de ar puro e de céu azul? Não tive sucesso em romper a barreira, não mostrei a você mundos que os outros homens jamais chegaram a ver?&quot; Ouvi seu grito através do horrível caos e olhei para a face selvagem que tão ofensivamente se colava à minha. Seus olhos eram poços de chamas e me fitavam com aquilo que – logo entendi – era apenas o mais profundo ódio. A máquina ronronava de maneira horrorosa.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;&quot;Pensa que essas coisas rastejantes arrebataram os criados? Tolo, são inofensivas! Mas os criados desapareceram, não é? Você tentou me impedir, você me desencorajou quando precisei de cada gota de incentivo que pudesse obter. Você teve medo da verdade cósmica, seu maldito covarde, mas agora eu o peguei! O que foi que levou os criados? O que os fez berrar tão alto?... Não sabe, hein? Logo, logo saberá. Olhe para mim – ouça o que eu digo. Supõe você que existem mesmo tais coisas como tempo e magnitude? Acredita mesmo que existem tais coisas como forma e matéria? Eu lhe digo, você atingiu profundidades que o seu pequeno cérebro não pode conceber. Vi para além das fronteiras do infinito e arrastei demônios das estrelas... Conduzi as sombras que perambulam de mundo para mundo para semear a morte e a loucura... O espaço me pertence, está me ouvindo? As coisas estão à minha caça agora – as coisas que devoram e dissolvem –, mas eu sei como ludibriá-las.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;É a você que elas pegarão, como fizeram com os criados... Está tremendo, caro senhor? Eu lhe disse que era perigoso mover-se, coloquei-o a salvo dizendo que se mantivesse quieto – salvei-o para ter mais visões e para me ouvir. Se você tivesse se movido, eles já teriam se atirado sobre você há muito tempo. Não se preocupe, não vão machucá-lo. Não machucaram os criados – foi apenas ver que os fez berrar daquele jeito. Meus bichinhos não são bonitos, pois vêm de lugares onde os padrões estéticos são... muito diferentes. Eu quase os vi, mas soube como parar. Você é curioso? Sempre soube que você não era um cientista. Tremendo, hein? Tremendo de ansiedade para ver as últimas coisas que descobri. Por que não se move, então? Cansado? Bem, não se preocupe, amigo, pois elas estão vindo… Olhe, olhe, amaldiçoado, olhe… Está bem em cima do seu ombro esquerdo.&quot;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;O que falta contar é bem pouco, e vocês talvez já tenham sabido por meio dos jornais. A polícia ouviu um tiro na velha casa de Tillinghast e nos encontrou lá – Tillinghast morto, e eu, inconsciente. Prenderam-me, porque o revólver estava em minha mão, mas soltaram-me dentro de três horas, pois descobriram que foi a apoplexia que acabou com Tillinghast e viram que meu tiro tinha sido disparado contra a máquina perversa que agora jaz irremediavelmente destroçada no chão do laboratório. Não contei muito do que vi, pois temi que o coronel ficasse cético, mas, pela descrição evasiva que dei, o médico me disse que, sem dúvida, eu tinha sido hipnotizado pelo louco vingativo e homicida.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;Quem dera eu pudesse acreditar no médico. Seria bom para os meus nervos se eu pudesse pôr de lado o que agora tenho de pensar sobre o ar e o céu que me envolvem e que estão acima de mim. Nunca me sinto sozinho e confortável, e um senso horrível e arrepiante de perseguição às vezes me invade quando esmoreço. O que me impede de acreditar no médico é apenas este fato: que a polícia nunca encontrou os corpos dos criados que, segundo dizem, Crawford Tillinghast assassinou.&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;____________________&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: small;&quot;&gt;por &lt;a href=&quot;http://contosassombrosos.blogspot.com/2008/10/h-p-lovecraft.html&quot;&gt;H. P. Lovecraft&lt;/a&gt;&lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;/h3&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/do-alem-conto-de-h-p-lovecraft.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-y4APtxysvfw/UqTaHnyhUNI/AAAAAAAAH-w/wWUAAKbtyDk/s72-c/images+(22).jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-4192545184302154856</guid><pubDate>Sun, 08 Dec 2013 00:48:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-07T21:48:25.250-03:00</atom:updated><title>A Dança do Pesadelo</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-OmTsJ-TJLdA/UB8dS5Ai9xI/AAAAAAAAFJ0/Guaa28-QsXs/s1600/GOTICA+E+O+ANJO+CAIDO+ANDRIJ.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-OmTsJ-TJLdA/UB8dS5Ai9xI/AAAAAAAAFJ0/Guaa28-QsXs/s200/GOTICA+E+O+ANJO+CAIDO+ANDRIJ.jpg&quot; width=&quot;162&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um marido e três filhos, uma casa, umas festinhas de vez em quando, muita simpatia e energia de sobra. A princípio, Thina parece ser uma mulher normal com uma vida realizada, mas se não fosse um gosto estranho por certos escritos e músicas sombrias, ela não teria pela frente um acontecimento tão terrível em sua vida.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Thina Curtis era uma grande fã de um fanzine chamado Sombrias Escrituras, e admirava a música de Getúlio Silenzio, cujo projeto musical ele mesmo denominou como sendo “Gargula Valzer”.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O marido de Thina a avisava sobre seus estranhos gostos para música e literatura: “Não fique lendo muito esse fanzine, e essa música então! Você vai acabar tendo pesadelos...”&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;De fato, o fanzine Sombrias Escrituras só trazia em suas páginas versos desesperados de melancolia, suicídio, soturnismo, horror, terror e depressão. Eram poemas sombrios, às vezes acompanhados por ilustrações inquietantes. Os artigos só traziam como tema a literatura de autores atormentados pelo lado mórbido da vida, muitos eram suicidas. E a música do Gargula Valzer, algumas vezes, trazia um tempero parecido, e ainda era acrescido de temas vampíricos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O responsável pelo fanzine Sombrias Escrituras era conhecido pelo pseudônimo Sr. Arcano, e dizem as más línguas que Arcano e Getúlio Silenzio conspiravam nas sombras um meio de fazer prevalecer as forças das trevas, influenciando seus fãs para o caminho do mal...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas Thina Curtis não se importava com nada disso. Ela adorava ler todas as edições do fanzine Sombrias Escrituras, e delirava com os CDs do Gargula Valzer! Em seu quarto ela guardava numa estante os fanzines e CDs, e tinha pôsteres de Getúlio Silenzio e Arcano colados nas paredes. Sem dúvida, ela era uma criaturinha das trevas!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;E mesmo com três filhos para criar, ela ainda tinha tempo de sair para as festas góticas de São Paulo. Com muita bebida e música fazendo sua cabeça girar, ela viajava no mundo de Getúlio e Arcano. Thina sonhava acordada com castelos assombrados habitados por vampiros, e Getúlio Silenzio sentado num trono oferecendo a ela uma taça de sangue; Cemitérios em que os poetas suicidas das Sombrias Escrituras saíam de seus túmulos para um Sabat regado a vinho e poesia. E alguns personagens surgiam para atormentar sua mente ainda mais atormentada: Alessandro Reiffer, o poeta maldito que queria, a qualquer custo, um apocalipse para acabar de vez com essa humanidade asquerosa, vinha num enorme cavalo negro que exalava fogo das narinas, e logo atrás vinha Marcos T. R. Almeida, o insano!, carregando em correntes várias mulheres para suas orgias demoníacas. Mas esse mundo maldito não era constituído só de homens, pois logo atrás vinham as vampiras Ânira Noctum, um cadáver, que em vida chamava-se Dejanira; e Kleide Keite, com lágrimas negras caindo de seus olhos sombrios. E logo depois vinha a terrível bruxa Rosana Raven, invocando uma tempestade terrível para essa reunião de seres malditos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Thina pensava no que seu marido lhe dizia: “Não fique lendo muito esse fanzine, e essa música então! Você vai acabar tendo pesadelos...”. E ela ficava pensando: “Ah! Como seria legal se eu sonhasse com isso tudo!”. Mas Thina só podia mesmo imaginar, porque nunca em seus sonhos ela viu sequer um personagem desses.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Até que certo dia uma notícia lhe deixa muito triste: Numa reunião organizada por Arcano para comemorar os cinco anos de Sombrias Escrituras, Getúlio Silenzio, Alessandro Reiffer, Marcos T. R. Almeida, Ânira Noctum, Kleide Keite, Rosana Raven, e o próprio Arcano, morreram num acidente de avião, enquanto viajavam para São Paulo. A notícia deixa Thina tão abalada que ela não consegue sair da cama.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Os dias passam tristes, lutuosos. Seus amigos sombrios foram embora e levaram com eles seus sonhos encantadoramente sombrios.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas no mundo das trevas, quem é morto sempre volta, e Thina soube muito bem disso ao chegar seu último dia de luto, em que ela põe seus filhos para dormir e deixa seu marido na cama, para depois fazer uma homenagem a todos os seus mortos amigos malditos.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela leva todos os exemplares do fanzine Sombrias Escrituras e os CDs do Gargula Valzer para um quarto especial, com estante e janela, onde resolve deixar tudo organizado para na semana seguinte realizar uma exposição.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era tanto material a ser organizado, com fanzines, CDs, pôsteres, poemas ilustrados, que Thina abre a janela para descansar enquanto a brisa noturna acaricia seu rosto e a enorme lua cheia ilumina partes de seu quarto. As lembranças de seus amigos mortos vêm à mente, e Thina volta ao trabalho para não chorar. E entre vários fanzines, CDs e papeladas ao seu redor, Thina adormece cansada e triste...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela ouve então um barulho estranho, algo se arrastando em sua direção. E quando se levanta para ver o que é, vê o corpo de Getúlio Silenzio, que se arrastava com os braços porque não havia nada de sua cintura para baixo, a não ser a cauda de sua espinha dorsal. Ele a chamava com sua voz gutural, deixando à mostra seus dentes de vampiro: “Thina, seja bem-vinda ao seu pesadelo”.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Ela grita apavorada e sai correndo do quarto, mas no fim do corredor de acesso para todos os quartos ela vê Rosana Raven, segurando um crânio nas mãos ensangüentadas, enquanto sopra ao seu redor um bafo funesto, espalhando-se numa grande fumaça que deixa as paredes, o teto e o chão podres e cheios de vermes.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Thina, nesse momento, só consegue pensar em seus filhos, e corre direto para o quarto das crianças. Mas quando abre a porta, depara-se com uma cena terrível: a vampira Kleide Keite devorava os restos de seus filhos banhada em sangue. Thina solta um grito estridente e corre em direção ao seu quarto, onde tinha deixado seu marido dormindo. E encontra Ânira Noctum sobre o corpo morto de seu marido, comendo o coração dele numa orgia em que Marcos T. R. Almeida participava.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As visões são terríveis, e Thina quase desmaia. O medo é tanto que ela corre, quase sem conseguir de tanto tremer, e sai cambaleando em direção à porta de saída de sua casa. Mas quando lá chega, eis que Alessandro Reiffer surge montado em seu cavalo negro que solta fogo pelas narinas, arrombando a porta e entrando na casa. Alessandro desce de seu cavalo e vai ao encontro de Thina, que corre para os fundos, onde encontra Arcano, com um chapéu grande que escondia com sua sombra as órbitas cujos olhos foram arrancados. Um grande manto cobria seu corpo, e ele disse:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;— Seja bem vinda ao seu pesadelo, esse sonho maldito que você sempre desejou ter. Viemos buscá-la para viver conosco esse sonho sombrio. Sabemos que você adora isso! E então? Você vem?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Arcano abre seu manto no peito, deixando à mostra as costelas de seu esqueleto. Ele quebra duas de suas costelas e parte para cima de Thina. Ela corre apavorada, e Arcano vai atrás dela cravando as costelas quebradas nas paredes do corredor, como ganchos, que quebram o concreto causando um grande estrondo.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aos poucos, todos vão cercando Thina. Ela corre, tropeça, grita. Até se ver cercada por todos, num canto, sem saída. Ela sente cada vez mais perto de seu rosto o bafo fétido de Rosana Raven. As vampiras Kleide e Ânira já estão quase a abraçando, Getúlio se arrasta pelo chão e já quase toca seus pés. Alessandro solta uma gargalhada infernal enquanto se aproxima cada vez mais. Marcos T. R. Almeida já a observa bem de perto, lambendo suas pernas. E quando Arcano ergue suas costelas a ponto de cravá-las no peito de Thina, ela solta um grito alucinante: “NÃÃÃÃOO”...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Então Thina acorda. Sua cama cheia de CDs do Gargula Valzer, fanzines Sombrias Escrituras, desenhos e poemas de Ânira Noctum, desenhos de Rosana Raven, contos obscenos e bizarros de Marcos T. R. Almeida, contos apocalípticos de Alessandro Reiffer, poemas soturnos de Kleide Keite. Todo esse material sombrio cobria sua cama, e Thina via-se rodeada de todo esse pesadelo. Ela resolve então pegar todo esse material e jogar tudo fora. Nem se dá conta de que seu marido não está ali. Pega tudo e joga pela janela, sem reparar direito no visual de fora. E continua pegando, e jogando tudo fora. Uma, duas, três vezes. Até se dar conta de que algo estava muito errado. Ela tinha se virado depois de jogar o último montante fora, e agora, pasmada, temia virar-se novamente para a janela, com medo de confirmar o absurdo que tinha visto de relance. Mas ela vira, e olha apavorada para fora, percebendo que sua casa estava flutuando!&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Do lado de fora, no centro de um ciclone, Alessandro Reiffer voava em seu cavalo que deixava um rastro de fogo em seu vôo. Getúlio Silenzio não precisava se arrastar, pois no ciclone ele podia flutuar enquanto tocava seu teclado, numa visão mórbida de tocar com sua longa espinha dorsal à mostra. Rosana Raven voava desferindo raios ao seu redor, coberta por um manto que quase não se via o fim. E as vampiras Kleide e Ânira tinhas grandes asas de morcego, elas levavam Marcos T. R. Almeida, que loucamente dava gargalhadas estridentes, completamente fora de controle, enquanto abraçava Dejanira.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sem perceber que Arcano se aproximava da janela, Thina é puxada por ele abruptamente para fora de casa. Ele a puxa dizendo: “Venha dançar com o pesadelo”. E ao som da música de Getúlio, Arcano dança com Thina Curtis no ciclone, apertando-a em seu corpo, tão forte que suas costelas quebradas perfuram o corpo de Thina. E ela vê que irá mesmo morrer...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Thina foi levada. Agora ela pertence ao mundo que ela sempre admirou. E o ciclone engole a casa e também Thina, com todos os seres malditos que ali estavam. Todos vão para um abismo escuro, todos vão para o mundo das trevas...&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Enquanto isso, Thina acorda. Mas acorda morta, seus olhos se abrem já sem cor. E ela dá seu último suspiro, com a cama cheia de sangue dos ferimentos em seu corpo, ferimentos causados pelas costelas quebradas de Arcano.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Autor:&amp;nbsp;&lt;a href=&quot;http://contos-sombrios.blogspot.com.br/search/label/Sr.%20Arcano&quot;&gt;Sr. Arcano&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/12/a-danca-do-pesadelo.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://1.bp.blogspot.com/-OmTsJ-TJLdA/UB8dS5Ai9xI/AAAAAAAAFJ0/Guaa28-QsXs/s72-c/GOTICA+E+O+ANJO+CAIDO+ANDRIJ.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-148878654074900627</guid><pubDate>Thu, 24 Oct 2013 18:49:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-07T21:37:30.232-03:00</atom:updated><title>Aspectos do gótico nos contos de Alvaro de Azevedo</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;!--[if gte mso 9]&gt;&lt;xml&gt; &lt;o:OfficeDocumentSettings&gt;  &lt;o:TargetScreenSize&gt;800x600&lt;/o:TargetScreenSize&gt; &lt;/o:OfficeDocumentSettings&gt;&lt;/xml&gt;&lt;![endif]--&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-CiV3eCT0jFY/UGZa71XTyOI/AAAAAAAAF2c/9_Qkmq3eh18/s1600/dama+branca.png&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;200&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-CiV3eCT0jFY/UGZa71XTyOI/AAAAAAAAF2c/9_Qkmq3eh18/s200/dama+branca.png&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;span style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Alguns escritores do Romantismo se posicionaram contra os valores racionalistas e materialistas da sociedade burguesa, se identificaram com um ambiente satânico, misterioso, de morte, sonho e loucura, criaram então uma literatura fantasiosa. Trata-se da literatura de tradição gótica.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Álvares de Azevedo introduziu na literatura brasileira elementos da tradição gótica, como a morte, o ambiente noturno, o amor, o vampirismo. Essa produção rompe com os valores da sociedade, pois apresenta um caráter marginal.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Há outros escritores que tiveram ligações com essa tendência, na Europa, Charles Baudelaire e Mallarmé, nos Estados Unidos, Edgar Allan Poe e no Brasil, Cruz e Sousa, Alphonsus de Guimaraens e Augusto dos Anjos.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As obras Noite na Taverna (contos) e Macário (peça teatral) representam a produção gótico-romântica em prosa; ambas de Álvares de Azevedo.&amp;nbsp;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Influenciado pelas obras de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/byron.htm&quot;&gt;Lord Byron&lt;/a&gt;, Álvares de Azevedo foi o maior representante da Segunda Geração Romântica- Os Ultra-româticos. Sua prosa apresenta o noturno, o aventuresco, o macabro, o satânico, o incestuoso, os elementos do romantismo maldito que segue a linha gótica . Abrangem o amor e a morte sob uma perspectiva exacerbadamente egocêntrica. &lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mais do que em outras gerações do romantismo, o ultra-romantismo se destacou através do sentimentalismo excessivo e sombrio. Além disso, vários de seus autores tiveram a existência marcada pelo sofrimento, e um reconhecimento literário póstumo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Assim também foi a trajetória do mais famoso ultra-romântico brasileiro: &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/alvares.htm&quot;&gt;Álvares de Azevedo&lt;/a&gt;   viveu e escreveu sob a tétrica fluência Byroniana, falecendo precocemente no dia 25 de Abril de 1852, antes de completar 21 anos. Enquanto seu corpo era sepultado, o amigo Joaquim Manuel de Macedo recitava &quot;Se Eu Morresse Amanhã&quot;; obra escrita por Álvares de Azevedo poucos dias antes. Mas o poeta teria pressentido sua morte? A obra do poeta apresenta elementos próprios da literatura gótica: &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;SOLFIERI &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sabeis-lo. Roma e a cidade do fanatismo e da perdição: na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o Crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mescla o sacrilégio a convulsão do amor, o beijo lascivo a embriaguez da crença! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pela ponte de as luzes se apagaram uma por uma nos palácios, as ruas se faziam ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma branca.—A face daquela mulher era como a de uma estátua pálida a lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu me encostei a aresta de um palácio. A visão desapareceu no escuro da janela e daí um canto se &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;derramava. Não era só uma voz melodiosa: havia naquele cantar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aquela voz era sombria como a do vento à noite nos cemitérios cantando a nênia das flores murchas da morte. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Depois o canto calou-se. A mulher apareceu na porta. Parecia espreitar se havia alguém nas ruas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não viu a ninguém—saiu. Eu segui-a. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite ia cada vez mais alta: a lua sumira-se no céu, e a chuva caía as gotas pesadas: apenas eu &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;sentia nas faces caírem-me grossas lágrimas de água, como sobre um túmulo prantos de órfão.. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Andamos longo tempo pelo labirinto das ruas: enfim ela parou: estávamos num campo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aqui, ali, além eram cruzes que se erguiam de entre o ervaçal. Ela ajoelhou-se. Parecia soluçar: em &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;torno dela passavam as aves da noite. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não sei se adormeci: sei apenas que quando amanheceu achei-me a sós no cemitério. Contudo a &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;criatura pálida não fora uma ilusão—as urzes, as cicutas do campo santo estavam quebradas junto a uma cruz. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O frio da noite, aquele sono dormido a chuva, causaram-me uma febre. No meu delírio passava e &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;repassava aquela brancura de mulher, gemiam aqueles soluços e todo aquele devaneio se perdia num canto suavíssimo... &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um ano depois voltei a Roma. Nos beijos das mulheres nada me saciava: no sono da saciedade me &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;vinha aquela visão.&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;LEIA MAIS, clicando na frase abaixo.&lt;br /&gt;&lt;a name=&#39;more&#39;&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Barbara. Dei um último olhar áquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia voluptuosa do amor. —Saí.. —Não sei se a noite era límpida ou negra—sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: nos lábios daquela criatura eu bebera ate a última gota o vinho do deleite. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados... Era uma defunta! ... E aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida.  —Era o anjo do cemitério? Cerrei as portas da igreja, que, ignoro por que, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sabeis a historia de Maria Stuart degolada e o algoz, &quot;do cadáver sem cabeça e o homem sem &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;coração&quot; como a conta Brantôme? Foi uma idéia singular a que eu tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. Ela era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela como o noivo as despe a noiva. Era uma forma puríssima.. Meus sonhos nunca me tinham evocado uma estatua tão perfeita. Era mesmo uma estátua: tão branca era ela. A luz dos tocheiros dava-lhe aquela palidez de âmbar que lustra os mármores antigos. O gozo foi fervoroso—cevei em perdição aquela vigília. A madrugada passava já frouxa nas janelas. Àquele calor de meu peito, a febre de meus lábios, a convulsão de meu amor, a donzela pálida parecia reanimar-se. Súbito abriu os olhos empanados. —Luz sombria alumiou-os como a de uma estrela entre névoa—, apertou-me em seus braços, um suspiro ondeou-lhe nos beiços azulados. Não era já a um desmaio. No aperto daquele abraço havia contudo alguma coisa de horrível. O leito de lájea onde eu passara uma hora de embriaguez me resfriava. Pude a custo soltar-me daquele aperto do peito dela. Nesse instante ela acordou… &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nunca ouvistes falar da catalepsia? E um pesadelo horrível aquele que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho gelado em que se sentem os membros tolhidos, e as faces banhadas de lágrimas alheias sem poder revelar a vida! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A moça revivia a pouco e pouco. Ao acordar desmaiara. Embucei-me na capa e tomei-a nos braços &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;coberta com seu sudário como uma criança. Ao aproximar-me da porta topei num corpo; abaixei-me—olhei:  era algum coveiro do cemitério da igreja que aí dormira de ébrio, esquecido de fechar a porta . &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Saí.—Ao passar a praça encontrei uma patrulha — Que levas aí? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite era muito alta—talvez me cressem um ladrão. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E minha mulher que vai desmaiada &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Uma mulher! Mas essa roupa branca e longa? Serás acaso roubador de cadáveres? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte—era fria. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E uma defunta &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno.— Era a vida ainda. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Vede, disse eu. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O guarda chegou-lhe os lábios: os beiços ásperos roçaram pelos da moça. Se eu sentisse o estalar &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;de um beijo... o punhal já estava nu em minhas mãos frias &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Boa noite, moço: podes seguir, disse ele. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Caminhei.—Estava cansado. Custava a carregar o meu fardo: e eu sentia que a moça ia despertar. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Temeroso de que ouvissem-na gritar e acudissem, corri com mais esforço.  &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando eu passei a porta ela acordou. O primeiro som que lhe saiu da boca foi um grito de medo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mal eu fechara a porta, bateram nela. Era um bando de libertinos meus companheiros que voltavam &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;da orgia. Reclamaram que abrisse. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fechei a moça no meu quarto—e abri.  Meia hora depois eu os deixava na sala bebendo ainda.  A turvação da embriaguez fez que não notassem minha. ausência.  &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando entrei no quarto da moça vi-a erguida. Ria de um rir convulso como a insânia, e frio como &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;a folha de uma espada. Trespassava de dor o ouvi-la. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dois dias e duas noites levou ela de febre assim Não houve como sanar-lhe aquele delírio, nem o &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;rir do frenesi. Morreu depois de duas noites e dois dias de delírio. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite sai—fui ter com um estatuário que trabalhava perfeitamente em cera—e paguei-lhe uma &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;estátua dessa virgem. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando o escultor saiu, levantei os tijolos de mármore do meu quarto, e com as mãos cavei aí um &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;túmulo.—Tomei-a então pela última vez nos braços, apertei-a a meu peito muda e fria, beijei-a e cobri-a adormecida do sono eterno com o lençol de seu leito.—Fechei-a no seu túmulo e estendi meu leito sobre ele. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um ano—noite a noite—dormi sobre as lajes que a cobriam Um dia o estatuário me trouxe a sua &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;obra. —Paguei-lha e paguei o segredo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não te lembras, Bertram, de uma forma branca de mulher que entreviste pelo véu do meu cortinado? Não te lembras que eu te respondi que era uma virgem que dormia? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E quem era essa mulher, Solfieri? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Quem era? Seu nome? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Quem se importa com uma palavra quando sente que o vinho lhe queima assaz os lábios? Quem &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;pergunta o nome da prostituta com quem dormia e que sentiu morrer a seus beijos, quando nem há dele mister por escrever-lho na lousa? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Solfieri encheu uma taça—Bebeu-a.—Ia erguer-se da mesa quando um dos convivas tomou-o pelo &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;braço. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Solfieri, não e um conto isso tudo? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Pelo inferno que não! Por meu pai que era conde e bandido, por minha mãe que era a bela &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Messalina das ruas—pela perdição que não! Desde que eu próprio calquei aquela mulher com meus pés na sua cova de terra —eu vô-lo juro—guardei-lhe como amuleto a capela de defunta.— Ei-la! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço uma grinalda de flores mirradas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Vede-la murcha e seca como o crânio dela. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Álvaro de Azevedo. In: Noites na Taverna. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Influenciado pelas obras de &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/byron.htm&quot;&gt;Lord Byron&lt;/a&gt;, Álvares de Azevedo foi o maior representante da Segunda Geração Romântica- Os Ultra-româticos. Sua prosa apresenta o noturno, o aventuresco, o macabro, o satânico, o incestuoso, os elementos do romantismo maldito que segue a linha gótica . Abrangem o amor e a morte sob uma perspectiva exacerbadamente egocêntrica. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mais do que em outras gerações do romantismo, o ultra-romantismo se destacou através do sentimentalismo excessivo e sombrio. Além disso, vários de seus autores tiveram a existência marcada pelo sofrimento, e um reconhecimento literário póstumo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Assim também foi a trajetória do mais famoso ultra-romântico brasileiro: &lt;a href=&quot;http://www.spectrumgothic.com.br/literatura/autores/alvares.htm&quot;&gt;Álvares de Azevedo&lt;/a&gt;   viveu e escreveu sob a tétrica fluência Byroniana, falecendo precocemente no dia 25 de Abril de 1852, antes de completar 21 anos. Enquanto seu corpo era sepultado, o amigo Joaquim Manuel de Macedo recitava &quot;Se Eu Morresse Amanhã&quot;; obra escrita por Álvares de Azevedo poucos dias antes. Mas o poeta teria pressentido sua morte? A obra do poeta apresenta elementos próprios da literatura gótica: &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;SOLFIERI &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sabeis-lo. Roma e a cidade do fanatismo e da perdição: na alcova do sacerdote dorme a gosto a amásia, no leito da vendida se pendura o Crucifixo lívido. É um requintar de gozo blasfemo que mescla o sacrilégio a convulsão do amor, o beijo lascivo a embriaguez da crença! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Era em Roma. Uma noite a lua ia bela como vai ela no verão pôr aquele céu morno, o fresco das águas se exalava como um suspiro do leito do Tibre. A noite ia bela. Eu passeava a sós pela ponte de as luzes se apagaram uma por uma nos palácios, as ruas se faziam ermas, e a lua de sonolenta se escondia no leito de nuvens. Uma sombra de mulher apareceu numa janela solitária e escura. Era uma forma branca.—A face daquela mulher era como a de uma estátua pálida a lua. Pelas faces dela, como gotas de uma taça caída, rolavam fios de lágrimas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Eu me encostei a aresta de um palácio. A visão desapareceu no escuro da janela e daí um canto se &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;derramava. Não era só uma voz melodiosa: havia naquele cantar um como choro de frenesi, um como gemer de insânia: aquela voz era sombria como a do vento à noite nos cemitérios cantando a nênia das flores murchas da morte. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Depois o canto calou-se. A mulher apareceu na porta. Parecia espreitar se havia alguém nas ruas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não viu a ninguém—saiu. Eu segui-a. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite ia cada vez mais alta: a lua sumira-se no céu, e a chuva caía as gotas pesadas: apenas eu &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;sentia nas faces caírem-me grossas lágrimas de água, como sobre um túmulo prantos de órfão.. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Andamos longo tempo pelo labirinto das ruas: enfim ela parou: estávamos num campo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Aqui, ali, além eram cruzes que se erguiam de entre o ervaçal. Ela ajoelhou-se. Parecia soluçar: em &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;torno dela passavam as aves da noite. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não sei se adormeci: sei apenas que quando amanheceu achei-me a sós no cemitério. Contudo a &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;criatura pálida não fora uma ilusão—as urzes, as cicutas do campo santo estavam quebradas junto a uma cruz. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O frio da noite, aquele sono dormido a chuva, causaram-me uma febre. No meu delírio passava e &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;repassava aquela brancura de mulher, gemiam aqueles soluços e todo aquele devaneio se perdia num canto suavíssimo... &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um ano depois voltei a Roma. Nos beijos das mulheres nada me saciava: no sono da saciedade me &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;vinha aquela visão.  &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Uma noite, e após uma orgia, eu deixara dormida no leito dela a condessa Barbara. Dei um último olhar áquela forma nua e adormecida com a febre nas faces e a lascívia nos lábios úmidos, gemendo ainda nos sonhos como na agonia volutuosa do amor. —Saí.. —Não sei se a noite era límpida ou negra—sei apenas que a cabeça me escaldava de embriaguez. As taças tinham ficado vazias na mesa: nos lábios daquela criatura eu bebera ate a última gota o vinho do deleite. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando dei acordo de mim estava num lugar escuro: as estrelas passavam seus raios brancos entre &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;as vidraças de um templo. As luzes de quatro círios batiam num caixão entreaberto. Abri-o: era o de uma moça. Aquele branco da mortalha, as grinaldas da morte na fronte dela, naquela tez lívida e embaçada, o vidrento dos olhos mal apertados... Era uma defunta! ... E aqueles traços todos me lembraram uma idéia perdida.  —Era o anjo do cemitério? Cerrei as portas da igreja, que, ignoro por que, eu achara abertas. Tomei o cadáver nos meus braços para fora do caixão. Pesava como chumbo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sabeis a historia de Maria Stuart degolada e o algoz, &quot;do cadáver sem cabeça e o homem sem &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;coração&quot; como a conta Brantôme? Foi uma idéia singular a que eu tive. Tomei-a no colo. Preguei-lhe mil beijos nos lábios. Ela era bela assim: rasguei-lhe o sudário, despi-lhe o véu e a capela como o noivo as despe a noiva. Era uma forma puríssima.. Meus sonhos nunca me tinham evocado uma estatua tão perfeita. Era mesmo uma estátua: tão branca era ela. A luz dos tocheiros dava-lhe aquela palidez de âmbar que lustra os mármores antigos. O gozo foi fervoroso—cevei em perdição aquela vigília. A madrugada passava já frouxa nas janelas. Àquele calor de meu peito, a febre de meus lábios, a convulsão de meu amor, a donzela pálida parecia reanimar-se. Súbito abriu os olhos empanados. —Luz sombria alumiou-os como a de uma estrela entre névoa—, apertou-me em seus braços, um suspiro ondeou-lhe nos beiços azulados. Não era já a um desmaio. No aperto daquele abraço havia contudo alguma coisa de horrível. O leito de lájea onde eu passara uma hora de embriaguez me resfriava. Pude a custo soltar-me daquele aperto do peito dela. Nesse instante ela acordou… &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Nunca ouvistes falar da catalepsia? E um pesadelo horrível aquele que gira ao acordado que emparedam num sepulcro; sonho gelado em que se sentem os membros tolhidos, e as faces banhadas de lágrimas alheias sem poder revelar a vida! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A moça revivia a pouco e pouco. Ao acordar desmaiara. Embucei-me na capa e tomei-a nos braços &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;coberta com seu sudário como uma criança. Ao aproximar-me da porta topei num corpo; abaixei-me—olhei:  era algum coveiro do cemitério da igreja que aí dormira de ébrio, esquecido de fechar a porta . &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Saí.—Ao passar a praça encontrei uma patrulha — Que levas aí? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite era muito alta—talvez me cressem um ladrão. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E minha mulher que vai desmaiada &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Uma mulher! Mas essa roupa branca e longa? Serás acaso roubador de cadáveres? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um guarda aproximou-se. Tocou-lhe a fronte—era fria. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E uma defunta &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Cheguei meus lábios aos dela. Senti um bafejo morno.— Era a vida ainda. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Vede, disse eu. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O guarda chegou-lhe os lábios: os beiços ásperos roçaram pelos da moça. Se eu sentisse o estalar &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;de um beijo... o punhal já estava nu em minhas mãos frias &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Boa noite, moço: podes seguir, disse ele. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Caminhei.—Estava cansado. Custava a carregar o meu fardo: e eu sentia que a moça ia despertar. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Temeroso de que ouvissem-na gritar e acudissem, corri com mais esforço.  &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando eu passei a porta ela acordou. O primeiro som que lhe saiu da boca foi um grito de medo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mal eu fechara a porta, bateram nela. Era um bando de libertinos meus companheiros que voltavam &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;da orgia. Reclamaram que abrisse. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Fechei a moça no meu quarto—e abri.  Meia hora depois eu os deixava na sala bebendo ainda.  A turvação da embriaguez fez que não notassem minha. ausência.  &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando entrei no quarto da moça vi-a erguida. Ria de um rir convulso como a insânia, e frio como &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;a folha de uma espada. Trespassava de dor o ouvi-la. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Dois dias e duas noites levou ela de febre assim Não houve como sanar-lhe aquele delírio, nem o &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;rir do frenesi. Morreu depois de duas noites e dois dias de delírio. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A noite sai—fui ter com um estatuário que trabalhava perfeitamente em cera—e paguei-lhe uma &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;estátua dessa virgem. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando o escultor saiu, levantei os tijolos de mármore do meu quarto, e com as mãos cavei aí um &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;túmulo.—Tomei-a então pela última vez nos braços, apertei-a a meu peito muda e fria, beijei-a e cobri-a adormecida do sono eterno com o lençol de seu leito.—Fechei-a no seu túmulo e estendi meu leito sobre ele. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Um ano—noite a noite—dormi sobre as lajes que a cobriam Um dia o estatuário me trouxe a sua &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;obra. —Paguei-lha e paguei o segredo. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não te lembras, Bertram, de uma forma branca de mulher que entreviste pelo véu do meu cortinado? Não te lembras que eu te respondi que era uma virgem que dormia? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—E quem era essa mulher, Solfieri? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Quem era? Seu nome? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Quem se importa com uma palavra quando sente que o vinho lhe queima assaz os lábios? Quem &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;pergunta o nome da prostituta com quem dormia e que sentiu morrer a seus beijos, quando nem há dele mister por escrever-lho na lousa? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Solfieri encheu uma taça—Bebeu-a.—Ia erguer-se da mesa quando um dos convivas tomou-o pelo &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;braço. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Solfieri, não e um conto isso tudo? &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Pelo inferno que não! Por meu pai que era conde e bandido, por minha mãe que era a bela &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Messalina das ruas—pela perdição que não! Desde que eu próprio calquei aquela mulher com meus pés na sua cova de terra —eu vô-lo juro—guardei-lhe como amuleto a capela de defunta.— Ei-la! &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Abriu a camisa, e viram-lhe ao pescoço uma grinalda de flores mirradas. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;—Vede-la murcha e seca como o crânio dela. &lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Álvaro de Azevedo. In: Noites na Taverna. &lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;br /&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/10/aspectos-do-gotico-nos-contos-de-alvaro.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://4.bp.blogspot.com/-CiV3eCT0jFY/UGZa71XTyOI/AAAAAAAAF2c/9_Qkmq3eh18/s72-c/dama+branca.png" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-4702253658247124686</guid><pubDate>Sat, 19 Oct 2013 01:47:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-08T18:45:45.516-03:00</atom:updated><title>O mistério do navio Ourang Medan </title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-7SdTWywQbmg/UW2-kP_k6LI/AAAAAAAAGmE/fF35qt34bLQ/s1600/navio_fantasma-300x185.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; lua=&quot;true&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-7SdTWywQbmg/UW2-kP_k6LI/AAAAAAAAGmE/fF35qt34bLQ/s1600/navio_fantasma-300x185.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://www.blogger.com/&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: right; cssfloat: right; float: right; height: 19px; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;&quot;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://www.blogger.com/&quot;&gt;O que iremos aqui relatar, é baseada nos fatos que foram contadas em jornais da das décadas de 40 e 50 e publicações extras em sites do mundo todo. O enredo da historia se passa em um navio Holandês, pelo qual acontece fatos misteriosos e muitos acontecimentos que nunca foram revelados. Na década de 40,foi construído um navio holandês, no qual recebeu o nome de Ourang Medanm pelo qual em tradução livre, isso significaria algo como o “Homem de Medan”. Medan é considerada a maior cidade de Sumatra, uma das ilhas da Indonésia, embora o navio tenha tido origem na Holanda, ele passou pelos estreitos de Malaca, perto da Sumatra, que ficou mundialmente famoso por darem passagens para embarcações sem nenhum problemas e contribuírem para a comercialização de marfim, tecidos, &lt;/a&gt;&lt;a href=&quot;http://www.segredos.org/o-misterio-do-navio-ourang-medan/&quot;&gt;perfumes&lt;/a&gt; e pedras preciosas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O dia estava acontecendo normalmente, como todos os outros, até que foi feito um pedido de SOS, no qual o choque foi grande quando a mensagem foi decifrada, e o que se entendeu era “Todos os oficiais, incluindo o capitão, estão mortos, caidos na sala dos mapas e na ponte. Possivelmente toda a tripulação está morta”. Conseguindo a atenção de muitas pessoas que estavam na frente de terminais de rádio a mensagem continuou, desta vez uma sequência de código morse sem sentido que finalmente foi seguida por um “eu morro”&quot;. E então silêncio.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Após receber as mensagens, rapidamente a equipe de salvamento, estavabuscando &lt;a href=&quot;http://www.segredos.org/o-misterio-do-navio-ourang-medan/&quot;&gt;encontrar&lt;/a&gt; a localização do navio mais perto a este, para poder assim verificar o que tinha ocorrido. Após alguns minutos, o navio Silva Star, era o que estava mais próximo dele, então a pedido das autoridades, ele foi verificar o que acontecia de errado. A tripulação inglesa quando chegou ao local, se deparou com um mar calmo, sem ondas e sem qualquer sinal de vida por perto, sendo assim fizeram sinais, tentaram contato por rádio, tocaram a buzina, mas ninguém respondeu.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A equipe de resgate da Silva Star, se prepara para entrar no navio, para verificar os fatos, e após fazer isso, eles encontram toda a tripulação do navio mortos, de uma forma misteriosa, nenhum deles apresentava ferimentos, ou lesões, apenas um rosto assustador, com uma face demonstrando medo. A tripulação do resgate então, decidiu rebocar o navio para terra para assim ser feitos os estudos, e descobrirem o que tinha acontecido, porém no meio do caminho, o navio explode misteriosamente e afunda muito rápido, levando ao fundo todos os corpos, e mantendo segredo do que ali tinha acontecido.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Até hoje, nada foi encontrado, e nenhuma informação concreta sobre este caso foi descoberto, sendo que existem grandes teorias em voltas disso, algumas delas seriam que algum gás possa ter escapado no navio e matando a todos, outras seriam através de ataques de piratas, que teriam matado toda a tripulação com lacrimogênio e depois sabotado o navio para explodir, outros falam sobre deuses que desceram do céu em naves espaciais e mataram toda população, e existe outras milhares de teorias, embora ninguém saiba o que realmente aconteceu, é um grande mistério que permanece no ar desde junho de 1947.&lt;/div&gt;&lt;a href=&quot;http://www.blogger.com/&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; height: 19px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;/a&gt;&lt;br /&gt;&lt;div style=&quot;border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;style14&quot; style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-QsK5eebUpS0/T-sf2HVXx8I/AAAAAAAAEUU/V2dFy59-TxU/s1600/55+%25281%2529.gif&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-QsK5eebUpS0/T-sf2HVXx8I/AAAAAAAAEUU/V2dFy59-TxU/s1600/55+%25281%2529.gif&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/10/o-misterio-do-navio-ourang-medan.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://2.bp.blogspot.com/-7SdTWywQbmg/UW2-kP_k6LI/AAAAAAAAGmE/fF35qt34bLQ/s72-c/navio_fantasma-300x185.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-3237257352292517655</guid><pubDate>Fri, 18 Oct 2013 21:25:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-12-06T19:16:26.327-03:00</atom:updated><title>Os Enigmas de Agarta e Shamballah</title><description>&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;u&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/u&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-86tb69x76bQ/UqJMFiTtcFI/AAAAAAAAH7g/5nY8F2BEHCc/s1600/images+(91).jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-86tb69x76bQ/UqJMFiTtcFI/AAAAAAAAH7g/5nY8F2BEHCc/s1600/images+(91).jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &#39;Helvetica Neue&#39;, Arial, Helvetica, sans-serif;&quot;&gt;O cientista, pesquisador e arqueólogo - além de tudo detentor do Prêmio Nobel - Dr. Walter Alvarez (direita) tem percorrido todo o planeta em busca de explicações para coisas misteriosas. Foi, contudo, na Grande Pirâmide de Gizé, no Egito, que ele encontrou a maior e mais misteriosa de todas elas. Em 1969, juntamente com um grupo de cientistas, colocou ao redor dela detectores de raios cósmicos e sofisticados instrumentos de medição acoplados a um potente computador IBM-1130. O computador, contudo, simplesmente enlouquecia, divulgando relatórios erráticos e dados aleatórios - como que profundamente alterado pela interferências das poderosas e além de tudo desconhecidas forças que comprovadamente ali atuam! Um daqueles cientistas, o Dr. Gohed, encarregado da operação do tal computador, completamente perplexo, assim declarou no seu relatório: &quot;As pedras parecem desafiar as leis da Ciência e da Eletrônica. Sendo assim, só nos resta supor que, ou bem a geometria da pirâmide contém um erro substancial que afeta as nossas leituras, ou existe um mistério que está além de qualquer explicação possível e ao qual se pode chamar, segundo o gosto de cada um, feitiçaria, magia ou maldição dos faraós, mas que sem dúvida alguma constitui um desafio às leis da Ciência!&quot;&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &#39;Helvetica Neue&#39;, Arial, Helvetica, sans-serif;&quot;&gt;A Grande Pirâmide (ao centro) apresenta outros estonteantes mistérios. Um deles é a enorme quantidade - mais de 2.600.000 - blocos rochosos perfeitamente cortados e simetricamente ajustados, unidos sem qualquer tipo de argamasssa, que se elevam a 146 metros de altura. Outro cientista, o Dr. Joseph Davidovits, em uma conferência realizada pela Associação Internacional de Egiptologia em 1983, fez uma espantosa revelação: através das suas extensas análises efetuadas nesses blocos rochosos detectou bolhas de ar e fragmentos de tecido humano NO INTERIOR de um deles! Davidovits revelou que essas bolhas de ar são as MESMAS que encontramos nos nossos tradicionais cimento ou cerâmica....O que em outras palavras equivale a dizer que tais blocos de pedras foram artificialmente fabricados e moldados, através de processos desconhecidos!!! E o tecido humano encontrado bem no interior daquele bloco era justamente o resto de um braço humano, talvez do operário que há milênios sem conta estave presente na sua fabricação e sofrera uma acidente! E não é só isso: para provar aquilo que dizia e também tapar a sempre ferina boca dos céticos que o ridicularizaram, o Dr. Davidovits fabricou pedra sintética no seu laboratório em Saint Quentin (França), usando materiais mais ou menos semelhantes aos empregados pelos remotos construtores, obtendo assim as mesmas características daquelas empregadas na Grande Pirâmide!&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &#39;Helvetica Neue&#39;, Arial, Helvetica, sans-serif;&quot;&gt;E não é somente isso! O Egito guarda outros profundos mistérios que se situam para muito além da nossa imaginação. É sabido (porém nunca divulgado) que todo o seu território é percorrido de norte a sul por uma vasta rede de túneis e câmaras subterrâneas, obviamente elaborados por uma antiqüíssima e desconhecida civilização - onde certamente se escondem os seus verdadeiros segredos - e que por sinal dizem respeito à desconhecida História do nosso planeta! O nosso ponto de partida, pois, será exatamente a Esfinge, repleta de túneis no subsolo, guardiã suprema desses segredos, que nos remeterá a um outro mais denso e não menos profundo mistério:&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-family: &#39;Helvetica Neue&#39;, Arial, Helvetica, sans-serif;&quot;&gt;_________________________________&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;h1&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small;&quot;&gt;Leia Mais no &lt;a href=&quot;http://www.sitedecuriosidades.com/&quot;&gt;SitedeCuriosidades.com&lt;/a&gt;: &lt;a href=&quot;http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/os-enigmas-de-agarta-e-shamballah.html&quot;&gt;http://www.sitedecuriosidades.com/curiosidade/os-enigmas-de-agarta-e-shamballah.html&lt;/a&gt; &lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;span style=&quot;font-family: Times, &#39;Times New Roman&#39;, serif; margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;Autor: SÉRGIO O. RUSSO &lt;/span&gt;&lt;/span&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-WlPrY-qj8OU/UmHkVsUZeGI/AAAAAAAAAJ4/SSbRBxs_5tU/s1600/013+(1).gif&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;font-family: &#39;Helvetica Neue&#39;, Arial, Helvetica, sans-serif; font-weight: normal; margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;46&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-WlPrY-qj8OU/UmHkVsUZeGI/AAAAAAAAAJ4/SSbRBxs_5tU/s320/013+(1).gif&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;/div&gt;&lt;/h1&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/10/os-enigmas-de-agarta-e-shamballah.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://2.bp.blogspot.com/-86tb69x76bQ/UqJMFiTtcFI/AAAAAAAAH7g/5nY8F2BEHCc/s72-c/images+(91).jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-8067126929331430973</guid><pubDate>Fri, 18 Oct 2013 21:24:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-10-24T15:47:18.420-03:00</atom:updated><title>Uma realidade assombrosa!</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-aDfa2UHOa5E/T_JIcrxpEbI/AAAAAAAAEbU/U-2qVYxxTxY/s1600/download+%25282%2529.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://3.bp.blogspot.com/-aDfa2UHOa5E/T_JIcrxpEbI/AAAAAAAAEbU/U-2qVYxxTxY/s1600/download+%25282%2529.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Não sei se no momento eu contemplava as águas da enchente ou se pensava em outras épocas, quando uma boca com dentes de outro me interrompeu:&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Tenho ordem de prendê-lo como envolvido no crime da mala.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Que mala? - indaguei ainda surpreso, como alguém que acabasse de descer de Marte ou de outra região qualquer.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Siga-me que na delegacia tudo será esclarecido.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Diante do tom autoritário com que a boca com dentes de outro me falava, resolvi seguir o investigador. Atravessamos uma rua deserta, cruzamos uma praça cheia de crianças brincando, desembocamos num largo e por fim entramos num prédio baixo com aspecto de casa de comércio.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Quando menos esperava, fui empurrado para dentro de uma sala escura onde o delegado de plantão me recebeu com ar teatral:&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;- Então! Custou mas caiu nas mãos da justiça! Ninguém escapa da lei! Confesse, que é a&amp;nbsp;única cousa inteligente que tem a fazer!&lt;/div&gt;&lt;br /&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;A princípio achei graça em tudo aquilo. Pensei mesmo que estava sendo vítima de uma brincadeira de mau gosto. Depois, diante da insistência do delegado, comecei a suar frio. Que sabia eu do crime da mala? É bem possível que alguém, parecido comigo, tivesse cometido o crime pelo qual me acusavam. Há tanta gente parecida no mundo. Ainda há tempos encontrei no bonde um cidadão tão parecido com Henry Fonda que fiquei abismado. Tinha até o jeito de sorrir do simpático artista. Por um pouco não chamei a atenção do cavalheiro para o fato. O próprio delegado, que me interrogava, tinha qualquer cousa de semelhante com o investigador que me havia dado voz de prisão. O verdadeiro culpado talvez se parecesse comigo. Não encontrava outra explicação para tudo aquilo. De súbito fui despertado pela boca com dentes de ouro, que me disse:&lt;br /&gt;- Acompanhe-me.&lt;br /&gt;Segui como um autômato o investigador que me fechou numa sala tão baixa que tive que me curvar para não bater com a cabeça no teto. Justamente no momento em que me curvei, dei com um morto estendido dentro de uma mala meio aberta. Recuei e fiz um grande esforço para não gritar. O morto parece que me acusava com os seus olhos parados, com os seus olhos que vinham de um outro mundo. Tive a impressão de que estava sendo vítima de uma alucinação. Os olhos do morto parece que se dilatavam cada vez mais.&lt;br /&gt;Dominei-me a custo de debrucei-me sobre o morto para examinar melhor a sua fisionomia e não pude conter um grito: o morto era eu. Era eu que estava dentro da mala meio aberta...&lt;br /&gt;&quot;&lt;br /&gt;Paulo Corrêa Lopes&lt;br /&gt;(1898 - 1957 | Brasil)&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-LRTyzdSPI4U/T_dQoLCkaLI/AAAAAAAAG_I/mZ26w84QP-E/s1600/liniFblume.gif&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;60&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/-LRTyzdSPI4U/T_dQoLCkaLI/AAAAAAAAG_I/mZ26w84QP-E/s320/liniFblume.gif&quot; width=&quot;320&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/10/uma-realidade-assombrosa.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://3.bp.blogspot.com/-aDfa2UHOa5E/T_JIcrxpEbI/AAAAAAAAEbU/U-2qVYxxTxY/s72-c/download+%25282%2529.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-6833170546349880233</guid><pubDate>Fri, 20 Sep 2013 09:40:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-10-24T15:47:18.425-03:00</atom:updated><title>As vozes do além...</title><description>&lt;h3&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://1.bp.blogspot.com/--ZJ0uGOhogo/UB2ZfEELllI/AAAAAAAAFGQ/YgFIZTFX90I/s1600/BXK15424_olhar_sob_as_ondas800.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;150&quot; src=&quot;http://1.bp.blogspot.com/--ZJ0uGOhogo/UB2ZfEELllI/AAAAAAAAFGQ/YgFIZTFX90I/s200/BXK15424_olhar_sob_as_ondas800.jpg&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;O termo, transcomunicação foi criado nos anos 1980, na Alemanha, pelo físico e estudioso Ernst Senkowski e significa comunicação com o mundo extra-físico. Segundo os dicionários modernos, quer dizer: comunicação com a verdade eterna ou comunicação transcendental.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Várias celebridades do mundo científico tentaram a TCI, dentre eles figuram Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada e do fonógrafo, Gugliemo Marconi, precursor do rádio, Nikola Tesla, precursor do transformador e criador do motor de corrente contínua, e, no Brasil, o escritor Monteiro Lobato.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Oficialmente, o Brasil é pioneiro nestas pesquisas com o português naturalizado brasileiro Augusto de Oliveira Cambraia, inventor das fibras do tecido cambraia. Dentre as suas 16 patentes requeridas, está a do Telégrafo Vocativo, que deu entrada em 1909, com a finalidade de comunicação com os espíritos. E ainda, o Brasil é considerado o país mais avançado sobre os estudos referentes à TCI.&amp;nbsp;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;A TCI (Transcomunicação Instrumental) é um processo em que trechos de voz ou vozes são embutidos na gravação em fita magnética através de um processo que ainda não é bem compreendido. A voz embutida do “fantasma” pode ser ouvida quando a fita é tocada num gravador de fita comum. Segundo os transcomunicadores, ela pode ser utilizada como prova científica de que realmente a morte não existe. As técnicas evoluíram muito desde o início dos experimentos.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Segundo Sonia Rinaldi, fundadora da Ação Nacional de Transcomunicadores – ANT - e uma das grandes pesquisadoras do assunto no Brasil, o país tem hoje os melhores resultados do mundo. Sonia passou a se interessar pelo assunto em 1988, quando freqüentava o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas - IBPP - dirigido pelo Dr. Hernani Guimarães Andrade. Foi ele quem sugeriu que iniciasse as gravações, e como naquela época não havia qualquer tipo de orientação, resolveram então seguir a intuição. Os resultados foram positivos, mas foram cerca de 16 anos para alcançar uma evolução notável, que começou com um simples gravador e evoluiu para os telefonemas para o &quot;outro lado&quot;, com sincronia de imagens.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Transcomunicação instrumental: vozes dos mortos?&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Com Friedrich Jürgenson (1903-1987) que o estudo da TCI realmente se inicia. Jürgenson era em alguns aspectos um homem da Renascença – arqueólogo, filósofo, lingüista, um pintor que foi comissionado pelo Papa Pio XII, cantor de ópera, e produtor de documentários cinematográficos. O interesse de Jürgenson em Transcomunicação Instrumental aparentemente começou quando, após ter gravado gorjeios de pássaros num gravador de fita, ele podia ouvir vozes humanas nas fitas, mesmo que não houvesse ninguém nas proximidades.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Este evento surpreendente naturalmente despertou seu interesse, e ele voltou sua atenção para realizar gravações do nada – ou seja, gravações feitas num lugar tranqüilo sem ninguém por perto. Ele continuou a detectar vozes nessas fitas, e seus estudos levaram à publicação em 1964 do livro Rosterna fran Rymden (“Vozes do espaço”), traduzido para o português com o título de “Telefone para o Além”.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Subseqüentemente ele reconheceu algumas das vozes apanhadas no seu gravador de fita, incluindo a da sua mãe, que o chamava pelo seu apelido carinhoso. Contudo, sua mãe já era falecida e lhe parecia natural presumir que ela estava se comunicando do além-túmulo. Assim, ele chegou à conclusão de que todas as vozes que ele havia gravado eram vozes de pessoas mortas. Em 1967 publicou Sprechfunk mit Verstorbenen (“Rádio-link com os mortos”).&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;O Dr. Konstantin Raudive (1906-1974), um estudioso de Carl Jung, era um psicólogo da Letônia que lecionava na Universidade de Uppsala na Suécia. Ele esteve absorvido em interesses parapsicológicos durante toda a sua vida, e especialmente com a possibilidade de vida após a morte, e se manteve em contato íntimo com os maiores pesquisadores psíquicos Britânicos.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Em 1964 Raudive leu o livro de Jürgenson, &quot;Telefone para o Além&quot;, e ficou tão impressionado que arranjou um encontro com Jürgenson em 1965. Ele então trabalhou com Jürgenson para realizar algumas gravações de TCI, mas seus primeiros esforços deram pouco resultado, se bem que eles acreditavam poder ouvir vozes muito fracas e abafadas.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Contudo, certa noite, quando ouvia uma gravação, ele escutou claramente muitas vozes e quando reproduzia a fita repetidas vezes começou a entendê-las todas – algumas em alemão, outras em letão, outras em francês. A última voz na fita – uma voz femininina – dizia “Va dormir, Margarete” (“Vá dormir, Margarete”).&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Raudive escreveu posteriormente (em seu livro Breakthrough): “Estas palavras me causaram uma impressão profunda, pois Margarete Petrautzki tinha morrido recentemente, e a sua doença e morte tinham me afetado muito.” Atônito com tudo isso, ele começou então a pesquisar tais vozes por conta própria, e passou a maior parte dos seus últimos dez anos de vida explorando fenômenos de voz eletrônica. Com a ajuda de diversos especialistas em eletrônica, ele gravou mais de 100.000 fitas de áudio, a maioria das quais foram realizadas sob o que ele descreveu como “condições estritas de laboratório”. Às vezes ele colaborava com Hans Bender, um parapsicólogo alemão muito conhecido.&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Mais de 400 pessoas foram envolvidas em sua pesquisa, e todas aparentemente ouviram as vozes. Isto culminou com a publicação em 1971 do seu livro Breakthrough, anteriormente mencionado. Seu impacto foi tal que estes fenômenos são agora comumente conhecidos simplesmente como “vozes Raudive.”&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;Fontes: http://www.espiritualismo.hostmach.com.br; Arcanum (Paulo Néry) - http://grandarcanum.blogspot.com&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;span style=&quot;font-size: small; font-weight: normal;&quot;&gt;(Por: James E. Alcock)&lt;/span&gt;&lt;/div&gt;&lt;/h3&gt;&lt;h3&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;/div&gt;&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-cablppTRbGY/T_dQwPEVWzI/AAAAAAAAEfw/VWME3luTMJg/s1600/images+%252839%2529.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; src=&quot;http://2.bp.blogspot.com/-cablppTRbGY/T_dQwPEVWzI/AAAAAAAAEfw/VWME3luTMJg/s1600/images+%252839%2529.jpg&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;/h3&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/09/as-vozes-do-alem.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://1.bp.blogspot.com/--ZJ0uGOhogo/UB2ZfEELllI/AAAAAAAAFGQ/YgFIZTFX90I/s72-c/BXK15424_olhar_sob_as_ondas800.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item><item><guid isPermaLink="false">tag:blogger.com,1999:blog-5560477171640847281.post-2120086653188627608</guid><pubDate>Wed, 21 Aug 2013 19:38:00 +0000</pubDate><atom:updated>2013-10-24T15:47:18.433-03:00</atom:updated><title>Mistérios insondáveis...</title><description>&lt;div class=&quot;separator&quot; style=&quot;clear: both; text-align: center;&quot;&gt;&lt;a href=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-wAdYjc0gLF0/UhUXG5hd2zI/AAAAAAAAHPE/nqPh6Mihf3s/s1600/cabugi-arthur-pipolo.jpg&quot; imageanchor=&quot;1&quot; style=&quot;margin-left: 1em; margin-right: 1em;&quot;&gt;&lt;img border=&quot;0&quot; height=&quot;150&quot; src=&quot;http://4.bp.blogspot.com/-wAdYjc0gLF0/UhUXG5hd2zI/AAAAAAAAHPE/nqPh6Mihf3s/s200/cabugi-arthur-pipolo.jpg&quot; width=&quot;200&quot; /&gt;&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Linhas de Nazca&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Elas podem ser definidas como desenhos imensos no chão de planícies desérticas, com proporções muito bem feitas – o que seria difícil sem uma observação aérea. Para compor as obras, que datam entre 400 e 650 d.C., a civilização de Nazca apenas retirava pedras vermelhas do solo para que as cores mais claras da parte inferior fossem exibidas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;O que impressiona é a forma dos desenhos. Alguns dos mais impressionantes mostram macacos, aranhas, colibris e outras aves em enormes dimensões. A teoria mais aceita até os dias de hoje afirma que as formas teriam sido criadas como uma maneira de expressar agradecimentos da população aos deuses.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Sendo a região de Nazca um deserto, os povos de lá precisavam de água em várias épocas do ano, por isso pediam por chuvas em rituais religiosos. Assim teriam surgido as linhas de Nazca, em explicações muito mais lógicas do que as que envolvem o auxílio de alienígenas.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Pirâmides do Egito&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;As certezas relacionadas às &lt;a href=&quot;http://www.tecmundo.com.br/10314-satelite-descobre-17-novas-piramides.htm&quot;&gt;pirâmides&lt;/a&gt; são todas referentes aos propósitos delas: cultuar os faraós e cultivar seus corpos mumificados após as mortes. A grande maioria delas são obras gigantescas, pois deviam ser construídas de acordo com a grandeza e divindade dos reis – acreditava-se que os faraós eram os deuses na Terra.&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Mas a formação das pirâmides egípcias passa por uma questão similar à do Stonehenge. São sabidos quais os materiais utilizados para a construção, mas até hoje não se sabe como é que eles chegaram até lá. Sem a presença de mecanismos de transporte, qual seria o método utilizado para o carregamento?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;.....&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Como você viu, a ciência ainda não consegue explicar uma série de fatos ocorridos no mundo, no decorrer da história. E admita: entender a ilha de Lost fica fácil depois de tentar decifrar os mistérios dos lugares mais misteriosos do planeta, não é mesmo?&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;Leia mais em: &lt;a href=&quot;http://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18409-os-5-lugares-mais-misteriosos-do-planeta.htm#ixzz2QeSNsFAS&quot;&gt;http://www.tecmundo.com.br/curiosidade/18409-os-5-lugares-mais-misteriosos-do-planeta.htm#ixzz2QeSNsFAS&lt;/a&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;&lt;div style=&quot;text-align: justify;&quot;&gt;&lt;br /&gt;&lt;/div&gt;</description><link>http://lendasarteseliteraturagoticas.blogspot.com/2013/08/misterios-insondaveis.html</link><author>noreply@blogger.com (zenobia collares Moreira cunha)</author><media:thumbnail xmlns:media="http://search.yahoo.com/mrss/" url="http://4.bp.blogspot.com/-wAdYjc0gLF0/UhUXG5hd2zI/AAAAAAAAHPE/nqPh6Mihf3s/s72-c/cabugi-arthur-pipolo.jpg" height="72" width="72"/><thr:total>0</thr:total></item></channel></rss>

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